Tópicos | Derrubando Muros

O economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou, durante participação no lançamento da "Agenda Inadiável", do grupo Derrubando Muros, que há muito espaço para o Brasil crescer economicamente, mas que um dos empecilhos está dentro do cenário político nacional. "Nós viramos conservadores, sem ter muito que conservar", disse.

Para o economista, o que existe hoje no sistema político do País é um sistema que, ao mesmo tempo que impede desastres maiores, também impede o progresso. "Cada deputado tem direito a veto, aí as coisas não andam. Mas quando as coisas pioram muito, se ativa um instinto de sobrevivência e nós vamos empurrando com a barriga esse modelo", criticou Fraga.

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Para o ex-presidente do BC, com um sistema político "bastante disfuncional", é preciso repensar a economia e a política ao mesmo tempo. "É trocar a turbina de avião voando, com isso nós temos", disse. Fraga disse esperar não ser necessário outra crise econômica no País para que se tente "movimentos heroicos. Eles tendem a não dar certo", afirmou.

O Derrubando Muros é um grupo apartidário formado por, entre outros, ativistas, cientistas, comunicadores, acadêmicos e empresários. O documento "Agenda Inadiável", elaborado pelo movimento, reúne propostas para 11 áreas temáticas, entre elas a economia verde, inovação, energia, saúde, educação, entre outras áreas.

No documento, o grupo chama atenção para o distanciamento do poder Executivo, nos últimos anos, da elaboração de políticas públicas que alinhem o Brasil com o crescimento e desenvolvimento do mundo, e sugerem soluções da sociedade civil para a economia nacional.

Segundo a "Agenda Inadiável", o País tinha a "ilusão" de que, devido a seu clima, território, diversidade cultural, entre outros pontos, se "alinharia quase que por gravidade", ou seja, teria um cenário econômicos próspero. No entanto, pondera, "o atual governo federal, distópico e antidemocrático" pôs um fim a essa esperança de que o País "pegaria no tranco".

"Fundado há 3 anos em reação a essa desesperança, o Derrubando Muros foi dando-se conta de que o País que almejamos há muito vem sendo gestado pela sociedade civil", pontua o documento.

Segundo os idealizadores, não fosse a atuação da sociedade civil e sua "pressão contínua para gerar atenção", o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), por exemplo "não teria saído do papel". Dessa forma, integrantes do grupo articularam ideias para 11 áreas temáticas, entre elas a economia verde, inovação, energia, saúde, educação, entre outras áreas.

Classificando a administração do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, como "distópica e antidemocrática", o grupo afirma que se acreditava que a economia do País cresceria, naturalmente, "quase que por gravidade" por causa de seus pontos fortes - o clima, o vasto território, a diversidade cultural, a Amazônia, a paz com os vizinhos.

No entanto, o Brasil viu a "ilusão" de crescimento ser derrubada "por líderes que insistimos em eleger e comportaram-se como atores diversionistas e populistas", criticou.

O grupo reúne especialistas como Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade; Fersen Lambranho, empreendedor; Horácio Lafer Piva, economista e empresário; Joana Monteiro, doutora em economia, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança da FGV; Luíz Barroso, engenheiro especializado em energia, diretor-presidente da PSR Consultoria; Pedro Hallal, epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, entre outros.

Em um evento virtual realizado nesta segunda-feira (13) pelo Derrubando Muros, grupo que reúne economistas, empresários, educadores, banqueiros e intelectuais de centro, o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) se apresentou como um pré-candidato com "viés liberal" na economia e disse "ter dúvidas" se o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vão aceitar participar de debates com ele na campanha presidencial do ano que vem.

"Tem que ver se vai ter debate. Eu me disponho a ir, mas tenho dúvidas se o ex e o atual presidente vão se dispor a ir nessa arena", disse.

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Em uma tentativa de se contrapor aos dois líderes das pesquisas de intenção de voto, o ex-juiz disse que Bolsonaro "flerta com o autoritarismo" e tem um "projeto pessoal e familiar de poder", enquanto Lula representa o governo que deixou "os dois maiores escândalos de corrupção da história".

Em outra passagem, Moro, que falou dos Estados Unidos, deu sua versão sobre sua decisão de entrar na política. "Se tivesse um candidato competitivo de centro contra os dois, eu provavelmente ficaria no setor privado", afirmou.

Apesar do tom duro, o pré-candidato do Podemos disse que não pretende adotar uma postura agressiva na campanha e admitiu que vai ser questionado sobre suas decisões na Lava Jato e no governo Bolsonaro, que integrou como ministro.

"Essa campanha vai ter um componente sobre o passado. Algumas pessoas são críticas em relação à algumas decisões que eu tomei, mas tenho tranquilidade, tanto no caso da Lava Jato como no Governo. Às vezes foram decisões difíceis, mas estou pronto para defendê-las."

Enquanto organizações e partidos de esquerda e direita disputam nas ruas o protagonismo na oposição ao presidente Jair Bolsonaro, um movimento formado por empresários, investidores, banqueiros, políticos e intelectuais atua nos bastidores para unificar a oposição ao governo federal. Batizado de "Derrubando Muros", o grupo se intitula uma "iniciativa cívica" e conta com 92 membros.

Parte deles esteve na Avenida Paulista no domingo, mas optou por não subir no palanque por onde passaram Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Simone Tebet (MDB). O foco principal da iniciativa é buscar uma terceira via nas eleições de 2022, mas o "Derrubando Muros" tem mantido conversas também com o PT e a maioria dos membros não descarta apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um eventual 2º turno se o adversário for Bolsonaro. "Estamos em um regime fascista e o inimigo está na sala. Nossa prioridade é criar uma alternativa no centro moderno e que haja o menor número de candidatos possível", disse o sociólogo e empresário José César Martins, coordenador do coletivo.

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A lista de empresários do grupo, segundo Martins, conta com nomes como Horácio Lafer Piva (da Klabin), José Olympio Pereira (do banco Credit Suisse), Antonio Moreira Salles (filho do presidente do conselho de administração do Itaú, Pedro Moreira Salles), Marcello Brito, da Associação Brasileira do Agronegócio, e os economistas Persio Arida, Armínio Fraga, André Lara Resende e Elena Landau. Os quatro últimos iniciam amanhã um ciclo de debates sobre a reforma do Estado com a participação de Fernando Haddad, ex-presidenciável petista em 2018. "Mas essa não é uma iniciativa empresarial, mas cívica", disse o coordenador.

O "Derrubando Muros" começou a se articular há um ano no Rio Grande do Sul. O grupo já se reuniu com todos os presidenciáveis, menos Lula, o que não está descartado.

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