Tópicos | Dia Nacional do Documentário Brasileiro

Nesta semana é celebrado o Dia Nacional do Documentário Brasileiro. O Leia Já conversou com o crítico de cinema e televisão Franthiesco Ballerini sobre o gênero e quais títulos marcaram a história do cinema nacional. Ele elenca os seis que considera os mais representativos da produção brasileira. Confira:

O Prisioneiro da Grade de Ferro (Autoretratos) - 2003, de Paulo Sacramento

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Um ano antes da desativação da Casa de Detenção do Carandiru, os detentos aprendem a utilizar câmeras em um curso de filmagem e passam a documentar seu cotidiano no maior presídio da América Latina. A direção é de Paulo Sacramento

A intenção é criar uma imagem fora do estereótipo que a mídia criava sobre os detentos, dar a eles a oportunidade de se autoretratarem, de contar a própria história. É uma oportunidade rara de entrarmos no mundo da psique de pessoas que são deixadas à parte da sociedade”, comenta Ballerini.

Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado

A partir do ciclo de vida de um tomate, o filme revela o drama dos moradores da “Ilha das Flores” que procuram alimento no lixo. Aborda um tema urgente da população mundial, que é o desperdício de comida. Usando uma linguagem meio bem-humorada, cínica, misturando também um discurso científico, quase quebrando a fronteira do que é documentário e do que é ficção. O crítico lembra que o documentário mostra como aquele alimento é desprezado pela classe média alta, não servindo nem para alimentar os porcos, que depois vão ser alimentos da humanidade. Assim, o tomate vai para o lixão onde as populações segregadas muitas vezes só têm aquilo como opção de alimento, todos os dias. 

Serras da Desordem (2006), de Andrea Topacci

O filme acompanha um indígena que escapa de um ataque à sua comunidade, e durante dez anos, anda sozinho pelas serras do Brasil. Ele se torna manchete nacional e centro de polêmica criada por antropólogos e linguistas quanto à sua origem e identidade.

"Moostra com profundidade como em busca do desenvolvimento, a civilização dilacera comunidades que vivem há séculos isolados em regiões protegendo aquele meio ambiente”, sintetiza Ballerini. 

Notícias de uma Guerra Particular (1999), de Kátia Lund e João Moreira Salles

"Você tem um raro acesso a múltiplas versões, visões e olhares sobre algo que é muito grave no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, que é o tráfico de drogas. A equipe do Salles ficou dois anos investigando na favela de Santa Marta para fazer um painel da visão do tráfico de drogas no ponto de vista dos moradores, dos traficantes, dos policiais e é simplesmente magnífico”, conta Ballerini.

Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho

Atendendo a um anúncio de jornal, 23 mulheres contam suas histórias de vida gravadas em um estúdio. “O filme é absolutamente ousado, ele mistura ficção com documentário ao entrevistar mulheres aparentemente anônimas, e mulheres famosas como Andrea Beltrão, Fernanda Montenegro e a Marília Pêra coletando depoimentos. Em determinado momento você começa a entender porque o filme chama jogo de cena, é literalmente isso, a proposta do Coutinho”, diz Ballerini.

O documentário provoca a dúvida sobre quais histórias contadas são reais ou encenações. “É um filme que te leva às lágrimas", finaliza o crítico. 

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