Tópicos | Djafran Ático Cabral

Pela abrangência de oportunidades no campo do freelancer e o enxugamento de profissionais nas empresas, cada vez mais os jovens estão traçando um novo conceito de qualidade de vida. Essas decisões têm influenciado diretamente no crescimento do mercado de trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), 76% dos jovens brasileiros sonham em ter seu próprio negócio. Dois em cada três brasileiros, entre 25 e 35 anos, têm como principal meta de vida deixar de ter um chefe. Mas, será que é possível ser dono do próprio negócio sem obter experiências?

A palavra "Freelancer" tem como significado informal pessoa que presta serviços profissionais autônomos. Os trabalhadores atuam em áreas como jornalismo, publicidade, serviços de pequenas entregas, pagamentos rápidos, entre outras ocupações. Os prazos de tempo e o valor do trabalho são definidos pelos chamados dos clientes. Com isso, os profissionais se alinham, criam uma identidade e comercializam com facilidade o seu serviço. "O talento é gerido como uma moeda internacional, em que os funcionários são capazes de escolher quando, onde e com quem colaborar independentemente de barreiras geográficas", consta em texto publicado pela empresa Freelancer.com. Dados da companhia mostram que o Brasil conta com mais de 600 mil pessoas cadastradas como freelancers. 

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Já um estudo desenvolvido sobre os países com empreendedores, pela empresa americana Expert Market, coloca o Brasil em quinto lugar no ranking dos países "mais determinados" em trabalhos freelas. O designer gráfico Djafran Ático Cabral, atualmente sócio e proprietário do empreendimento Moovfood - Food Truck, afirma que os serviços de freelancer sempre aparecem no mercado. "Quase sempre trabalhei em agências de design ou em agências de publicidade, mas, como é comum da área, sempre aparecem os "freelas" por fora", explica Djafran, destacando que consegue intercalar os freelas com trablho empresarial. 

Outra forma de trabalho como freelancer também pode surgir a partir de um hobby, como aconteceu com o estudante Jonathan Reis da Silva. "Descobri o trabalho freelancer há quatro anos, meio que sem querer. Queria trabalhar com a representação artística, eu tinha curiosidade em saber como funcionava este meio que eu era tão encantado e quando descobri que dava para ganhar dinheiro com isso, comecei a investir neste ramo", relata. Ele recomenda fazer um cálculo de custos antes de começar um projeto. 

O LeiaJá fez uma entrevista com o diretor internacional do Freelancer.com, Sebastián Siseles. Ele traz informações sobre o universo dos profissionais que atuam de forma autônoma:

LJ - Qual o perfil desses trabalhadores?

Geralmente, nossos usuários são profissionais altamente capacitados que buscam uma alternativa à modalidade clássica de trabalho. São jovens que querem ter seus próprios horários e decidir em quais projetos trabalhar, sem compromissos a longo prazo e para a empresa que os agrada. Os 74% dos nossos usuários têm entre 18 e 35 anos, então, grande parte da nossa base é millennials que, geralmente, se especializaram em áreas relacionadas ao desenvolvimento de software, design gráfico, marketing digital e capacidades de geração de conteúdo.

 

LJ - Quais são as qualidades de um bom freelancer, e as principais atividades que ele precisa desenvolver?

Dependendo do tipo de projeto, é necessário que o freelancer tenha certas habilidades, mas há qualidades que podem ser encontradas em qualquer profissional. Geralmente são pessoas curiosas, que buscam constantemente novas maneiras de resolver problemas e inovar. São pessoas metódicas e sistemáticas, com grande paixão para encontrar soluções para os desafios que lhe são apresentados. Eles também são pessoas organizadas e com grande capacidade de autogestão, que é essencial para ser um trabalhador bem sucedido. 

LJ - Como adquirir novos clientes?

Para quem pretende atuar como freelancer, é possível se cadastrar em plataformas online como o Freelancer.com, por exemplo. Uma vez ativada a conta, você pode construir um perfil, o que leva apenas alguns minutos, com informações sobre as atividades que realiza e expor seu portfólio. Sugerimos incluir todas as informações que sejam relevantes para chamar maior atenção dos empregadores e, assim poder ter acesso e visualizar as ofertas de projetos que são postadas diariamente no site.  Você pode se candidatar livremente para tudo o que quiser.

Algumas dicas que podem ajudar a ter sucesso:

1.    Escolha a sua área de competência corretamente, um nicho que é valor único e adicione ao seu perfil.

2.    Tente posicionar-se fortemente na sua área e não se expandir para todos os segmentos.

3.    Coloque seus próprios padrões pessoais de trabalho, esforçando-se para estar sempre à frente e superar seus concorrentes.

4.    Evite fazer parecer que a sua oferta é muito promissora ou boa demais para ser verdade. Não tenha medo de dizer "não" para projetos questionáveis.

5.    Não se candidate para tudo. Seja seletivo. Como um profissional independente, sinta-se livre para escolher os seus clientes.

6.    Conheça seu trabalho: familiarize-se com preços ou custos correntes para evitar que você seja enganado ou induzido a trabalhar por baixo custo.

7.    Mantenha-se atualizado, fazendo cursos dentro da área de sua competência.

LJ - Quais são as áreas que mais oferecem oportunidades?

Há três áreas ou especialidades que mais demandam no Brasil: desenvolvimento de software, desde a construção de um site até questões mais complexas; desenho gráfico, para projetos de logotipo, site ou infografia; e tradução. Os usuários brasileiros geralmente são contratados por compatriotas, seguidos por usuários de países como EUA, Índia, Reino Unido e Austrália. 

LJ - O senhor acredita que esse projeto de lei do Senado que inclui na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a possibilidade de o trabalhador exercer suas atividades em casa, substituindo o controle de jornada pela avaliação do cumprimento de metas, será bom?

Ser freelancer é algo completamente diferente do trabalho convencional, com relação de dependência, sentado em uma mesa ou à distância. São completamente diferentes, com diferença até no estilo de vida. Sendo um freela, é o trabalhador que presta serviços a diferentes empresas, sendo do Brasil ou de qualquer outro lugar do mundo, em uma relação de prestação de serviço e não em uma relação empregador-empregado. É como um médico, advogado ou eletricista. São pessoas trabalhadoras, independentes, que ofertam suas horas de serviço e conhecimento por um preço, sem estarem presos fixos a um único empregador. Portanto, entendo que esse projeto de lei  não afeta o trabalho freelance.

LJ - Qual o futuro do freelancer?

A realidade do mercado de trabalho que vivemos hoje é completamente diferente das que viveram nossos pais e avós. Quando nossos avós entraram no mercado de trabalho, eles ficavam na mesma empresa a vida toda até se aposentarem e ganharem o famoso relógio. Nossos pais, provavelmente, trabalharam para a mesma empresa durante 20 anos, até que decidiram abrir o seu próprio negócio ou mudarem para uma nova companhia.

Os trabalhadores da Geração X, provavelmente, trabalham na mesma empresa durante 10 anos até que decidam mudar; e os da Geração Y, de 3 a 5 anos em média. Hoje em dia, os millennials ficam em uma empresa por 6 meses a um ano, aproximadamente. 

Você pode ver um padrão claro: o tempo em que um empregado continua em um negócio cada vez é menor, não existem mais laços de fidelidade eterna a um mesmo empregador. Por que não pensar que o futuro do trabalho não será mais fixo e com carga horária definida, mas sim um contrato por serviços ou por objetivos pontuais e determinados? Quando contratado por projetos ou objetivos, o freelancer designa os seus próprios horários e também o lugar onde quer trabalhar. Ajusta o seu trabalho à sua vida e não a sua vida ao seu trabalho. O futuro do trabalho freelance é muito positivo e esta modalidade de trabalho está ganhando cada vez mais confiança e vem perdendo o preconceito que teve durante muito tempo.

 

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