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O Ministério Público Federal no Pará cobra R$ 130 milhões do ex-prefeito de Belém Duciomar Costa (PTB), o "Dudu", e outros seis investigados na Operação Forte do Castelo. O montante se refere ao valor de três licitações, que segundo os procuradores, teriam sido fraudadas.

Em dezembro de 2017, a Procuradoria da República ajuizou três denúncias contra "Dudu". Também são acusados a mulher do ex-prefeito, Elaine Baía Pereira, a cunhada de "Dudu", Ilza Baía Pereira, e outros quatro investigados: Jesus Nunes, Célio Araújo de Souza, Paulo Fernando Colares de Oliveira Vieira e Fernando Bennati Salerno. "Dudu" também é alvo de seis ações por improbidade administrativa.

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Eles são acusados por crimes contra a administração pública e desvio de verbas, de formação de quadrilha, fraude a licitação e de crime de responsabilidade, que podem resultar em condenação à prisão, devolução do dinheiro desviado aos cofres públicos e indenização por danos morais à coletividade.

O Ministério Público Federal pede que eles sejam obrigados a ressarcir os cofres públicos em cerca de R$ 130 milhões, valor das três licitações e, ainda, a pagar indenizações por danos morais à coletividade. As ações penais são assinadas pelos procuradores da República Alan Mansur e Ubiratan Cazetta. O ex-prefeito de Belém chegou a ser preso em dezembro - e agora está em regime de prisão domiciliar.

As denúncias tratam de uma concorrência pública e duas tomadas de preço feitas em 2009 e 2010 para obras de macrodrenagem nas bacias da Estrada Nova e do Paracuri, na periferia de Belém. As obras eram financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. No total, as três licitações alcançavam R$ 130 milhões. Até hoje, nenhuma das obras foi concluída.

Em notas técnicas, a Controladoria-Geral da União (CGU) apresenta indícios de conluio para fraudar as licitações, com a participação de empresas que pertenciam ao esquema de Duciomar. O então prefeito comprava empresas por meio de prepostos, que depois eram vencedoras em licitações fraudulentas de obras no município de Belém.

O esquema, segundo o Ministério Público Federal, funcionou do começo do primeiro mandato e perdurou até o final do segundo mandato do prefeito. "Duciomar chegou a mandar fazer e aprovar as logomarcas das empresas compradas para participar do esquema. Tudo está registrado em e-mails que ele trocava com os membros da quadrilha", afirma a Procuradoria da República.

O advogado Sábato Rossetti, que defende Duciomar Costa e Elaine Baia Pereira, manifestou-se sobre as acusações. "O que mais impressiona neste caso, é que o Ministério Publico parte da tese de que tudo se originou no processo de compra por inexigibilidade de licitação do hospital Sírio-Libanês que tramita na 3ª Vara Federal do Pará, para justificar uma alegada prevenção que escolheu o d. juízo da 3ª vara como prevento, o que vai ser contestado porque tal alegação, pela narração dos fatos, se torna absolutamente inconsistente, na medida em que versam sobre um tipo de conduta supostamente ilícita", escreveu em nota.

"O Ministério Público claramente busca direcionar as investigações para outro tipo de conduta que nenhuma relação tem com os fatos. Se a parte se defende dos fatos, é claro que a tese ministerial está absolutamente equivocada, e isso será demonstrado durante os processos, que ainda não se sabe onde se encontram e quando se iniciaram. A gente espera que haja uma paridade ao se acusar e ao se fazer a defesa. Quando se pulveriza o mesmo fato e se distribui diversas ações está se criando um grande problema para a defesa", conclui o advogado.

A reportagem não conseguiu localizar Ilza Baía Pereira, Jesus Nunes, Célio Araújo de Souza, Paulo Fernando Colares de Oliveira Vieira e Fernando Bennati Salerno. O espaço está aberto para as manifestações.

O ex-prefeito de Belém Duciomar Costa (PTB), o "Dudu", afirmou à Polícia Federal que detém "apenas a posse" de uma área de mil hectares no município de Nova Timboteua, no Pará. "Dudu" prestou depoimento em 1º de dezembro, quando foi preso na Operação Forte do Castelo por suspeita de ligação com esquema de fraudes em licitações e desvios de R$ 400 milhões de recursos públicos durante sua gestão (2005/2012) - agora, o ex-prefeito está em regime domiciliar.

"Possui apenas a posse de uma área rural em Nova Timboteua, há aproximadamente dois anos; esclarecendo que a referida propriedade possui área aproximada de 1.000 hectares", declarou o ex-prefeito em depoimento.

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Os investigadores da Operação Forte do Castelo suspeitam que o gari Célio Araújo de Souza tenha sido usado como "laranja" do ex-prefeito. Em nome de Célio estão registrados dois imóveis, a Fazenda Tangará I e a Fazenda Tangará II.

O ex-varredor de rua de Belém experimentou um estupendo aumento patrimonial. Em 2006 era dono de um carro popular. Em 2015, detinha R$ 1,6 milhão e "grande quantidade de gado’ - um salto de 6.567%. Ele é acusado por improbidade administrativa em três de seis ações que o Ministério Público Federal no Pará ajuizou contra o ex-prefeito.

"Tomando-se por base os dados do Cadastro Ambiental Rural é possível observar que Célio Araújo de Souza, também investigado na operação Forte do Castelo, teria sido utilizado como suposto proprietário da Fazenda Tangará I para registro na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas/PA)", afirma a Procuradoria em ação de improbidade administrativa contra o ex-prefeito.

Os investigadores identificaram que a Tangara I tem 713 hectares e é "muito mais extensa" que a Tangara II - 90 hectares.

"Embora o investigado Célio Araújo de Souza esteja registrado na Semas/PA como proprietário dessas duas fazendas, em consulta às suas Declarações de Imposto de Renda, verificou-se que este não declarou à Receita Federal possuir qualquer propriedade rural. Já Duciomar Costa declarou uma das fazendas à Receita Federal, muito embora não seja registrado como proprietário de qualquer fazenda junto a Semas/PA", afirma a Procuradoria da República.

No depoimento, "Dudu" foi questionado sobre a propriedade da fazenda. O ex-prefeito de Belém afirmou que "não é proprietário da Fazenda Tangara, esclarecendo que apenas detém a posse".

A PF quis saber de "Dudu" sobre a relação com o ex-varredor de rua e com a Fazenda Tangara. O ex-prefeito afirmou não saber. "Não sabe o porquê consta o nome de Célio no registro da Fazenda na Semas/PA. Neste particular esclarece não conhece pessoa de nome Célio Araújo de Souza", disse. "Parte das reses da fazenda Tangara é do declarante (Duciomar Costa), não sabendo de quem são as demais". O prefeito informou possuir "entre 300 e 400 cabeças de gado".

Segundo o Ministério Público Federal no Pará, Célio está ligado a quatro empresas. Entre 2007 e 2009, ele foi um dos controladores da Metrópole Construção e Serviços de Limpeza. No mesmo período, esteve à frente da SBC Sistema Brasileiro de Construção. Atualmente é responsável pela Prestibel Construções e pela ST - Sistema e Transporte. Todas as empresas estão na mira da Forte do Castelo.

A investigação aponta que no mesmo período em que esteve ligado às empresas, Souza tinha outras ocupações. De 2007 a 2011, atuou como varredor de rua, auxiliar de escritório, coletor de lixo domiciliar e ajustador ferramenteiro.

A Operação Forte do Castelo identificou que a empresa SBC, da qual Souza foi sócio, firmou contratos com a prefeitura da capital paraense no montante total de R$ 288 milhões, entre 2009 e 2011. A SBC também é controlada por Elaine Baia Pereira, mulher de "Dudu".

Duciomar foi senador entre 2002 e 2004 e prefeito de Belém entre 2005 e 2012. O Ministério Público Federal aponta que, em 2003, o patrimônio pessoal de "Dudu" alcançou R$ 1 milhão. Segundo a Procuradoria, no final do ano de 2015, esteve "próximo de R$ 3 milhões".

Defesa

A reportagem entrou em contato com a defesa de Duciomar Costa "Dudu". O espaço está aberto para manifestação.

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