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A atriz e produtora Rita Wilson, esposa do ator Tom Hanks, anunciou nesta terça-feira (14) ter feito uma dupla mastectomia e reconstrução da mama após ser diagnosticada com câncer de mama. A artista, de 58 anos, passou por uma cirurgia na semana passada após duas biópsias confirmarem a presença de um carcinoma lobular invasivo.

"Percebi a tempo", declarou Wilson em comunicado enviado exclusivamente à revista People. "O diagnóstico precoce é fundamental", defendeu.

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Um primeiro médico garantiu à atriz que ela não tinha câncer, mas incentivada por uma amiga que lutou contra o tumor, decidiu procurar uma segunda opinião.

Sua intuição foi decisiva porque o segundo especialista detectou um carcinoma lobular invasivo. "O diagnóstico foi confirmado por outro patologista", contou a atriz, casada há 27 anos com o astro de "Forrest Gump".

Wilson quis compartilhar sua experiência para incentivar que outras pessoas procurem outras opiniões médicas em caso de dúvida. "Você não tem nada a perder se os pontos de vista coincidem para o bem, mas muito a ganhar caso algo não encontrado anteriormente seja detectado", afirmou. "Essas coisas acontecem".

Wilson, mãe de dois filhos, está se recuperando bem da cirurgia e voltará aos palcos da Broadway em 5 de maio para atuar em "Fish in the Dark", trabalho que deixou temporariamente para se concentrar em sua saúde. "Me sinto abençoada por poder aproveitar os progressos feitos no campo do câncer de mama e reconstrução mamária", acrescentou.

Wilson se junta a outras atrizes que fizeram a mesma decisão de lutar radicalmente contra esta doença. Angelina Jolie chocou o mundo em maio de 2013 ao informar que tinha passado por uma dupla mastectomia para reduzir suas chances de ter câncer, dada sua história familiar. Ela tinha 37 anos. No mês passado, informou que seus ovários e trompas de Falópio foram removidos.

A dupla mastectomia à qual a atriz Angelina Jolie foi submetida é a forma mais radical de enfrentar o alto risco de câncer de mama, que atinge 0,2% das mulheres portadoras de um gene que indica uma predisposição maior à doença. O risco maior de sofrer de câncer de mama está vinculado ao fato de a mulher ser portadora de dois genes mutantes, o BRCA1, o presente no caso da atriz, e o BRCA2.

Caso possua o primeiro gene, a mulher tem 70% de risco de ter sofrido câncer ou de sofrer a doença aos 70 anos, enquanto as pessoas que carregam em seu DNA o segundo gene têm um risco de 50%. Na população geral, uma mulher em cada dez, sem acrescentar nenhum outro fator de risco, sofrerá câncer de mama antes de chegar aos 70 anos, de acordo com Dominique Stoppa-Lyonnet, chefe do serviço de genética oncológica do Instituto Curie de Paris.

As duas mutações também aumentam o risco de câncer de ovário, que atinge 40% das mulheres com a mutação BRCA1 e de 10% a 20% das portadoras da mutação BRCA2, explica Stoppa-Lyonnet.

Os dois tipos de câncer aparecem mais nas mulheres predispostas geneticamente, com uma idade média de diagnóstico de 45 anos para o câncer de mama, e de 60 anos entre a população geral. Seu desenvolvimento é geralmente mais rápido e as pessoas têm uma taxa maior de reincidência.

Para essas mulheres, os médicos não têm outra proposta até o momento a não ser fazer uma vigilância intensiva para detectar e tratar o câncer o quanto antes, ou a retirada dos seios ou ovários como medida preventiva.

"Optar por uma retirada preventiva das mamas é uma decisão dolorosa para mulheres como Angelina, mas sabemos que é uma forma fundamental de salvar vidas", aponta Delyth Morgan, diretora da campanha britânica contra o câncer de mama.

A dupla mastectomia consiste em extrair a totalidade das duas glândulas mamárias, ou seja, os seios, preservando a pele. Esta operação não é uma solução completa, já que não elimina totalmente o risco de câncer de mama, mas o reduz em grande medida, em "mais de 90%", segundo o Instituto Curie. "É uma cirurgia de grande porte que não está isenta de riscos. A decisão deve receber um acompanhamento adequado", explica Stoppa-Lyonnet.

Para detectar os genes defeituosos, um teste genético - com um custo de 2.000 euros - é proposto às mulheres em situação de risco, ou seja, àquelas com um histórico familiar ou pessoal de câncer de mama ou de ovário. "A mutação é transmitida em um de cada dois casos e os homens podem transmiti-la, ainda que não a manifestem", explica o médico Olivier Caron, chefe de consultas oncogenéticas no Hospital Gustave-Roussy de Villejuif, perto de Paris.

Mas ser portador do gene mutante também não condena necessariamente a pessoa a desenvolver o câncer. "Você pode ser portador do gene e não ter câncer", aponta. Quanto ao risco de desenvolver a doença, "também depende de outros fatores, especialmente ambientais".

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