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A economia de baixo carbono, destinada a conter as emissões de gases de efeito estufa, tem ganhado cada vez mais espaço pelo mundo. Para precificar o mercado, países têm criado o chamado mercado de carbono, um mecanismo que permite a venda de créditos por nações que limitam as emissões desses gases para nações com maiores dificuldades de cumprir as metas de redução.

A precificação do mercado de carbono tem potencial de direcionar a demanda dos consumidores e investidores para produtos que emitem menos gases de efeito estufa e estimular investimentos em projetos e tecnologias mais limpas.

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O instrumento que viabiliza esse mercado é a compra e venda de créditos excedentes de redução de emissões.  Assim, países que limitaram as emissões além da meta podem vender esse excesso para outras nações que estão emitindo acima do esperado. 

Legislativo

O tema tem sido discutido na Câmara dos Deputados com o PL 528/2021, que institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). A proposta quer assegurar a diminuição da emissão de gases do efeito estufa, freando o aquecimento global. 

Segundo o relator deputado Bosco Saraiva (Solidariedade-AM), essa regulamentação deverá evitar burocracias desnecessárias para um mercado em expansão. A medida deve ainda evitar custos de transação excessiva:

“A lógica é permitir que as emissões de gases de efeito estufa tenham sua precificação em nossa economia a partir de processos mercadológicos tendo de um lado os setores da economia que tenham a obrigação de compensar suas emissões e de outro setores da economia que tenham a capacidade de fornecer ativos de carbono para a compensação necessária”.

Na avaliação de Bosco Saraiva, a proposta de precificação “tem potencial de direcionar a demanda dos consumidores e investidores para produtos menos intensivos em emissões e estimular investimentos em projetos e tecnologias mais limpas”.

Acordo de Paris

A proposta do mercado de carbono começou a ser delineada com o Protocolo de Quioto, assinado em 1997. Mas apenas com a aprovação do Acordo de Paris, em 2015, foi estabelecido um mecanismo para assegurar que o crescimento da temperatura global média seja abaixo de 2 graus Celsius (⁰C), na comparação com níveis pré-industriais, cabendo a cada país signatário estabelecer e determinar quais serão suas Contribuições Nacionais Determinadas (NDC). 

Atualmente, o Brasil já dispõe de normas legais que preveem a existência dos ativos de carbono. Entre eles estão a Convenção Quadro Sobre Mudança Climática das Nações Unidas; o Protocolo de Quioto; a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e o Código Florestal.

Entretanto, apesar da existência de normas legais que determinam a existência dos ativos de carbono na legislação brasileira, ainda não há legislação específica para tratar sobre as transações com os ativos de carbono.  

Segundo o autor do PL 528/2021, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), os governos arrecadaram mais de US$ 45 bilhões em precificação de carbono em 2019. Dados do Banco Mundial mostram que as iniciativas de precificação de carbono cobrem cerca de 21,5% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, com 64 iniciativas implementadas ou em estudo.

Os preços de comercialização variam entre US$ 1 e US$ 137 por tonelada de gás carbônico (CO²) equivalente, sendo que mais de 51% das emissões cobertas por sistemas de precificação de carbono têm preço médio de US$ 10 por tonelada de CO² equivalente.

“O Brasil é um país com ampla capacidade natural de gerar ativos ambientais, principalmente créditos de carbono, passíveis de transações nacionais e internacionais. O não aproveitamento das oportunidades e capacidades de nosso país é um desatendimento ao comando de nossa Constituição Federal, naquilo em que trata expressamente do desenvolvimento econômico, social e ambiental, além dos tratados internacionais e da legislação pátria”, justificou o parlamentar ao propor a matéria.

Mercado voluntário

Além do mercado de carbono, também ocorrem negociações de ativos de carbono em mercado voluntário de redução de emissões, baseado na necessidade de as entidades privadas demonstrarem seus compromissos ambientais com a sociedade e com seus clientes, independentemente destas instituições estarem atreladas a uma obrigação legal de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Indústria

Com objetivo de apontar elementos para a reflexão sobre a governança de um mercado de carbono no Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou um estudo com análise de experiências internacionais do mercado de carbono. O documento apresenta iniciativas da União Europeia, do México, do Western Climate Initiative (WCI) no Canadá e Califórnia, do Japão e da Coreia do Sul.

Dentre os principais pilares apontados no estudo estão liderança no Executivo, descentralização, criação de novas estruturas, organização dos sistemas de compensação, interface com o setor privado e formas de interação com setores não regulados.

O estudo mostra que, nos países analisados, o sucesso na implementação de programas duradouros esteve associado a três elementos: governos com forte capacidade de articulação com o setor privado, vontade política para avançar na agenda climática como um tema de Estado e não de governo, além de um sistema de relato obrigatório de emissões.

 

Foi lançado, nesta segunda-feira (26), o Plano de Redução de Gases de Efeito Estufa (GEE). Por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade e apoio da Organização das Nações Unidas, um documento de 96 páginas foi elaborado com medidas a serem adotadas na cidade com o intuito de combater as mudanças climáticas. 

Alguns setores entrarão nesta ação e a escolha foi feita em observação a função e grau de importância. São eles: transporte e mobilidade urbana, resíduos e saneamento, energia e desenvolvimento urbano sustentável. 

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De acordo com a secretária de meio ambiente e sustentabilidade do Recife, Inamara Mélo, foram utilizados três inventários com dados que quantificam as emissões do Recife. Os números podem identificar quais setores mais contribuem para as alterações do clima na cidade. 

Inventários

Ainda não foi publicado, mas o documento 2016 - que traz dados dos dois anos anteriores - já está concluído. Em 2014, a conclusão foi de uma emissão de 3.175.075 tCO2e - significa toneladas de CO2 equivalente e inclui não apenas o dióxido de carbono, como também outros gases de efeito estufa convertidos em CO2. Já os dados de 2015 apontam 2.908, uma redução de 8%. 

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, a metodologia utilizada desta vez difere das anteriores. O novo método não inclui as emissões resultantes da utilização de biocombustíveis (etanol e biodiesel). A mudança se deu devido à revisão da metodologia adotada pelo Iclei - rede global de Governos Locais pela Sustentabilidade.

Copa do Mundo contribuiu negativamente

De acordo com os dados, fa Copa do Mundo FIFA 2014 promoveu um crescimento de 4,3% (128.828 tCO2e) nas emissões desses gases. Esse número foi comparado ao ano de 2013. O acréscimo se deu, principalmente, pelo aumento de números de voos, afinal o transporte aéreo emitiu 714.106 tCO2 (49% do setor) em 2014, enquanto no ano anterior a quantidade foi de 595.207 tCO2e (31% do total do setor). 

O setor de eletricidade contribuiu em 25,2% do total das emissões nos anos 2014 e 2015. Neste tipo de serviço houve uma redução de menos de 8% das emissões em uma relação entre os dois anos. Isso aconteceu pela queda no consumo dos recifenses.

Em relação às emissões em todo o Brasil, a capital pernambucana representou, nos anos de 2014 e 2015, aproximadamente 0,1% de todo o país e apresenta queda, de acordo com a Secretaria. 

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta quinta-feira (25), que é "indispensável estabelecer um preço para a emissão de carbono". Em palestra no Instituto Ethos, Coutinho afirmou que apenas pelo preço é possível criar uma "mobilização sistêmica de todo o setor privado produtivo na direção desejada". Coutinho, que compareceu à Cúpula do Clima em Nova York nesta semana, afirmou que os analistas estimam um preço de US$ 50 por megatonelada de carbono emitida para induzir esse processo.

Para incentivar um ambiente mais sustentável, o presidente do BNDES sugeriu uma arquitetura que envolve taxar as emissões de carbono, mas Coutinho também lembrou de um mecanismo que vigorou até 2012 ao redor do mundo, o qual previa tetos setoriais em várias atividades para emissão de carbono. Quem ultrapassasse esse limite, obrigatoriamente deveria contribuir para um fundo. Também era possível comprar créditos de carbono ao incentivar projetos sustentáveis. Para ele, uma combinação desses dois mecanismos é a alternativa mais interessante para reduzir as emissões de carbono.

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Essa arquitetura deveria ser ampla e em escala global, afirmou. "Há mecanismos de precificação que não estão acompanhados dessa arquitetura de redistribuição. A taxação pode ser relevante, mas seria interessante que fosse combinada com subsídios", acrescentou.

O BNDES desembolsou R$ 24,5 bilhões no ano passado em projetos diretamente ligados à poupança, eficiência ou redução de emissão de carbono, disse Coutinho.

Energia solar

O presidente do BNDES afirmou também que "chegou a hora da energia solar" e ressaltou que há a expectativa de que se abra um caminho para o desenvolvimento desse tipo de energia, de modo semelhante ao que foi feito com a eólica. Coutinho disse que já há um tratamento tributário e regulatório para possibilitar esse desenvolvimento, restando apenas algumas questões estaduais, como definições sobre o ICMS.

Coutinho acrescentou que há condições para manter e ampliar a energia renovável dentro da matriz energética do Brasil. Ele lembrou que a geração de energia eólica saltou de um "número quase insignificante" há três anos para cerca de 4,7 gigawatts no fim deste ano. Coutinho ainda afirmou que há projetos para aumentar esse volume para 5,5 gigawatts e há a perspectiva de elevar esse número para algo entre 7 e 7,5 gigawatts.

Um convênio com a ONU-Habitat tornará Recife uma cidade-modelo em um projeto internacional de desenvolvimento sustentável. É que a Prefeitura do Recife assinará nesta terça-feira (23), às 19h, a implantação do Urban Leds – Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono em Países Emergentes. A ação visa garantir o desenvolvimento com o uso racional dos recursos naturais e menor emissão de gases de efeito estufa.

De acordo com a secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Cida Pedrosa, o projeto demonstrará à Prefeitura estratégias bem sucedidas de desenvolvimento urbano com baixa emissão de carbono, mas adaptadas ao contexto local. "O Urban Leds auxiliará na escolha, desenvolvimento e implementação de medidas sustentáveis para o desenvolvimento da cidade. O Iclei tem uma expertise de 20 anos nesta área e atuará como consultora na criação de metodologias, ferramentas e ações de mitigação aos efeitos causados pelas mudanças climáticas”.

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Entre as atividades previstas, está a realização do inventário de carbono da cidade e a capacitação de funcionários e gestores públicos. No Brasil, apenas duas cidades foram escolhidas para se tornar modelo da iniciativa: Recife e Fortaleza. Além do nosso país, o projeto abrangerá cidades na Índia, Indonésia e África do Sul.

Como integra uma iniciativa global, o Urban Leds ainda prevê a criação de um sistema de redes informação entre as cidades participantes para que sejam compartilhadas experiências, conhecimento técnico, tecnologias, inovação, pesquisa e financiamento. O intercâmbio envolverá não só os integrantes do projeto como as cidades parceiras europeias e de outros países emergentes, além do setor público e privado.

Seleção 

Em cada um dos países participantes, foram escolhidos até oito municípios para receber a iniciativa, sendo dois com status de cidade-modelo (Recife e Fortaleza) e o restante com o de cidade-satélite (Belo Horizonte-MG, Curitiba-PR, Porto Alegre-RS, Rio de Janeiro-RJ, Sorocaba-SP, Betim-MG). No processo de seleção, o comitê avaliador do Iclei levou em conta questões referente ao perfil da cidade, crescimento urbano, quadro legal e, com maior peso no caso das cidades modelos, o potencial de resultados do projeto.

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