Tópicos | Estado mental

A síndrome do impostor é quando alguém tem a sensação de não pertencimento a algum lugar, muito comum que seja na esfera profissional. Cerca de 70% dos brasileiros apresentam insegurança e sensação de insuficiência no trabalho, segundo levantamento da Febracis Escola de Negócios, de agosto de 2023. Desse percentual, a maioria é de mulheres. 

Pessoas que sofrem desse problema apresentam sentimentos de não merecimento, como acreditar que são uma farsa e podem ser descobertos a qualquer momento, ou que não têm habilidades para estarem naquela posição no trabalho. 

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O levantamento indica que do percentual de 70% pessoas com síndrome do impostor, 67,1% das pessoas acreditam ter o problema. Já 33,6% entendem ter indícios, por se sentirem inseguros e insuficientes no trabalho. 

O estudo ainda indicou que 19% dos entrevistados acham que a carreira não está alinhada com suas competências e 17,7% têm medo do julgamento dos outros em relação ao seu trabalho. Sobre liderança, 23% tendem a achar que não são bons gestores, pois não estariam qualificados para a tarefa. 

Comandar outras pessoas também é um problema para estas pessoas, de acordo com essa pesquisa. Dos entrevistados 13% não estão preparados para gerir as emoções de terceiros e 10% não sabem lidar com pessoas. Além disso,15,5% afirmam que as equipes que administram têm desempenho insatisfatório. 

Os dados foram coletados por uma enquete online feita na base nacional de alunos e ex-alunos da Febracis, com 519 respostas ao longo do mês de julho de 203.

Controvérsias 

O termo Síndrome do Impostor não é uma unanimidade dentro da psicologia, sendo denominado por vários psicólogos como o problema não sendo uma síndrome ou qualquer diagnóstico clínico, sendo assim, um estado. Segundo a psicóloga Anny Souza, "esse é não um fenômeno novo, mas que recebeu uma nova roupagem no atual contexto sociopolítico e que é caracterizado por sentimentos de incompetência, principalmente intelectual". 

"Ainda existe a dificuldade de internalizar e desfrutar dos próprios sucessos alcançados, enfatizando as próprias faltas e supervalorizando as habilidades dos demais em um permanente cenário de comparação com esses outros. Então, é marcado por uma forte sensação de não merecimento, de insuficiência, medo de ser avaliado, de falhar e isso traz fortes desdobramentos para a autoestima", complementa a psicóloga. 

Esse estado pode ser melhor observado em minorias sociais como mulheres, pessoas negras e LGBTQIAP+. Principalmente quando essas pessoas alcançam lugares de poder e sucesso, é algo que é tradicionalmente negado a esses grupos, sendo muito mais a exceção do que a regra. 

“A insegurança e o constante questionamento sobre o merecimento acaba produzindo uma internalização do lugar de inferioridade que lhes é historicamente atribuído e reforçado pelo sistema político econômico vigente, que é o capitalismo, fundamentado na máxima produtividade, na lógica do esforço, da competição e individualização do sofrimento”, analisa Anny Souza. 

Inseguranças, medos e desejos acabam sendo capturados e produzidos por essa lógica. Não é por acaso que boa parte das discussões sobre síndrome do impostor dizem respeito ao mundo do trabalho, corporativo e acadêmico.

"Os sentimentos que estão sendo recentemente nomeados e entendidos no conjunto do termo fenômeno do impostor, eles precisam ser entendidos dentro desse cenário mais amplo de uma sociedade desigual, evitando uma responsabilização direta dos sujeitos sobre seus próprios sofrimentos e dificuldades e implicando o nosso modelo de sociedade e as políticas públicas na promoção de equidade, de melhores condições de trabalho e de vida", reforça a psicóloga Anny Souza. 

 

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