Quem pensa que a resistência e bravura das mulheres pernambucanas é uma realidade apenas atual se engana. Há pouco mais de 370 anos, as representantes de Pernambuco já entravam para a história do Brasil como o primeiro registro da participação de mulheres em batalhas.
O episódio ficou conhecido como a "A Batalha das Heroínas de Tejucupapo" e apesar da história dificilmente estampar os livros, o movimento tem força regionalmente e é encenado há mais de vinte anos.
##RECOMENDA##No domingo (28), a partir das 14h30, 160 atores amadores se reúnem para a apresentação do episódio em um teatro ao ar livre. A encenação será realizada na Fazenda Megaó, em Tejucupapo, e o acesso é gratuito. A direção da peça fica por conta de Luzia Maria da Silva. “Tive um problema de saúde e disse a Deus que contaria a história da minha cidade se saísse do hospital”, relata.
Além do elenco, a apresentação conta com 20 pessoas no apoio e 20 seguranças. A “Batalha das Heroínas de Tejucupapo” já teve desdobramentos como livro, curta metragem e vários trabalhos acadêmicos. As personagens são vividas pela pedagoga Dayse Alves, pelas domésticas Claudemir Dias e Laurenice Laurentino, e pela aposentada Aurenita Bezerra, respectivamente.
Em 24 de abril de 1646, o então povoado de São Lourenço de Tejucupapo, hoje um distrito de Goiana, Pernambuco, marcou a História através da ação corajosa de mulheres que defenderam sua terra, suas famílias e rechaçaram um ataque holandês. Desde 1993, a peça “Batalha das Heroínas de Tejucupapo” é encenada em memória do ato feminino de bravura dessas mulheres. Neste ano, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) oferece apoio cultural à montagem.
“A FCA vê a encenação da ‘Batalha das Heroínas de Tejucupapo’ como uma forma de enaltecer e resgatar a atuação das mulheres como fortes protagonistas da história do Brasil. Nosso apoio demonstra nosso respeito por esse papel feminino e nosso interesse em nos aproximar, sempre mais, da comunidade em que estamos inseridos”, afirma Fernão Silveira, diretor de Comunicação e Sustentabilidade da FCA para a América Latina. Toda produção é realizada pela boa vontade da comunidade e já foi vista por mais de 180 mil pessoas desde que começou a ser encenada.
Entenda a história:
A coragem e a determinação das tejucupapenses são um dos motivos ao encenar um espetáculo teatral em comemoração ao feito de seus antepassados. Os relatos históricos falam de três ataques à comunidade de Tejucupapo, executados pelos holandeses em busca de comida e outros bens. Eles já tinham perdido muitos territórios e estavam encurralados. Decidiram invadir uma vila em um domingo já que a maioria dos homens estavam fora, no Recife.
Além de criar trincheiras para o combate, as mulheres usaram paus, pedras, água fervente e pimenta como armas. E saíram vencedoras, lideradas pelas heroínas Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Maria Joaquina.