Para quem nasceu antes dos anos 2000, não é difícil lembrar dos tabuleiros e peças do futebol de botão. Popular no Brasil, o então joguinho caiu nas graças das crianças e também dos adultos. Porém, a tecnologia trouxe novidades, especialmente no mundo virtual, que tomaram esse espaço na vida dos mais jovens, tornando o botão cada vez mais raro ao passar das gerações. Entretanto, ainda há uma resistência ao tempo no Brasil inteiro, e muito se deve ao modo profissional de encarar um esporte que de amador só tem o nome. O futebol de mesa resgata a interação pessoal, aliada à seriedade de um esporte competitivo.
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"Quando se fala em futebol de mesa, as pessoas dizem ser coisa de criança. Até o momento em que me vêem disputando Campeonato Brasileiro, Pernambucano, então percebem que é coisa séria. A altura, peso, ângulo de bainha para cada peça, deixa claro que é uma ferramenta, de acordo com nosso estilo de jogo. Isso faz entender como a 'brincadeira' é realmente", conta o inspetor de pintura, Pablo Roberto Costa Damascena.
O LeiaJa.com visitou o departamento de futebol de mesa do Santa Cruz, atual tricampeão pernambucano na categoria, para entender melhor como funciona a rotina dos jogadores. Ela, inclusive, é bem definida e os treinos são puxados. A ideia é aprimorar a forma de se postar, e jogar cada vez melhor para as competições. "A gente divide o treino em fundamentos que são lançamento, travada e o chute. Esses elementos são repetidos de diversas maneiras. Gravamos a pessoa para corrigir postura, empunhadura. Além de fazer scouts de jogadas para estabelecer metas de acerto para cada tipo de lance. É como um treinamento de futebol profissional", afirma o diretor de futmesa do Santa, Sérgio Travassos.
Além dos atletas do clube, há também os que praticam sem colocar tanto peso assim. Funciona como uma terapia, que relaxa e entretém os aficcionados pela modalidade. Entretanto, até entre os que não participam de torneios maiores, há cobrança por melhora de desempenho. "No começo é difícil ter estímulos e o macete sobre as regras. Você perde tudo e, a medida que entende e cria uma maneira própria de jogar, diminuindo as diferenças para quem joga a mais tempo, fica mais motivado. Tem que manter em mente a diversão", diz o médico Bruno Lima, que costuma jogar nas folgas entre os plantões de 12 horas no hospital.
Para dar uma ideia a quem ainda pensa que são pessoas brincando com botões, os campeonatos costumam durar um dia inteiro. Cada partida da regra um toque, uma das mais difíceis, tem duração de uma hora e os próprios atletas fazem o papel de juiz nos demais jogos. "Os campeonatos são estressantes. Começa de 9h e vai até às 19h, em jogos de uma hora em que você, quando não joga, apita. Além de ser um esporte que exige muito das pernas, você precisa se agachar muito, então no fim do dia, quem está mal do preparo sofre bastante", conta o aposentado Turene Felipe de Souza, que já somou conquistas importantes no esporte.
Confira a matéria em vídeo com os jogadores no departamento de mesa do Santa Cruz Futebol Clube. Os atletas falam sobre o preconceito com o esporte, as dificuldades de jogar em alto nível e como conciliar a prática com outras esferas da vida de cada um.
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