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Há anos, os trabalhos escolares manuscritos perderam espaço para as pesquisas digitadas. A internet é a própria enciclopédia dos estudantes, que podem encontrar praticamente tudo em apenas um clique. Livros e cadernos, aos poucos, estão sendo substituídos por tablets. O antigo quadro negro tornou-se branco e agora é digital. Professores ensinam através de blogs. Universitários concluem a graduação através de cursos à distância. Não há dúvida de que as novas tecnologias romperam as barreiras da comunicação e geraram mudanças no cotidiano das pessoas, no comportamento e até no processo de ensino e aprendizagem.

Enquanto alguns educadores ainda olham com desconfiança para o novo, outros já integram essas ferramentas como parte essencial na metodologia de ensino. Para a professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, a tecnologia deve ser usada para maximizar o currículo. “É preciso entender quem são os nossos alunos e integrar o currículo escolar às suas ideias, dúvidas e contexto social”, frisa. E nesse contexto está a estreita relação com as novas tecnologias. 

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O Sistema Educacional Brasileiro (SEB), por exemplo, já trabalha na elaboração de um material didático que será inteiramente digital. “É claro que as crianças vão aprender a escrever e terão trabalhos manuais para desenvolver, entre outros aspectos, a coordenação motora. Mas desde esse período terão contato com lousas digitais. Depois disso, elas passarão a usar tablets. Não serão mais necessários os cadernos e livros”, explica o diretor superintendente do Grupo SEB, Nilson Curti. A estratégia visa estimular o estudo e aproximar a educação da realidade vivida pelos estudantes. 

A diretora da Rede Católica de Educação, Ângela Christina Souza Alves, também reforça o coro a favor da ampliação do uso dos recursos virtuais para a construção do conhecimento. “Esses elementos já estão muito enraizados na sociedade e os nossos estudantes são nativos no uso dessas ferramentas. Essa é mais uma forma de o aluno se identificar com a escola”, salienta. No entanto, ela defende que devem ser respeitadas as características de cada recurso. “Ter PDFs de livros em computadores pessoais não significa que a tecnologia digital está inserida na metodologia de trabalho. Essa não é a única utilidade. Cabe aos gestores e professores buscarem conhecer esses recursos para saber como utilizá-los”, destaca.

Ela também defende que as escolas capacitem os professores para saber inserir esses recursos em sala de aula, mas que também é dever dos profissionais se especializarem. “Quem está atualizado sai na frente. E as escolas, hoje em dia, querem competência e conhecimento. Os professores também precisam correr atrás. Quem fica esperando pela escola mostra que não é um bom profissional”, opina.

O filósofo francês Pierre Lévy, um dos precursores da teoria da inteligência coletiva e da cibercultura, explica também que as novas tecnologias mudaram a visão de mundo da sociedade e que geraram um novo comportamento e forma de transmissão do conhecimento. “Hoje, podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo e o banco de dados da internet funciona como biblioteca mundial. As pessoas hoje não só absorvem informações. A forma de construção do conhecimento é coletiva e a aprendizagem é colaborativa. Então, é preciso pensar nisso ao estruturar o ensino”, considera. “É muito difícil manter as antigas ferramentas de leitura e de escrita durante muito tempo. Então, daqui a alguns anos, eu prevejo que o material escolar de hoje será substituído por tablet. Mas não o tablet de hoje, mas o tablet de amanhã, no qual nós vamos poder ter todos os manuais didáticos, as ferramentas de escrita, de pesquisa”, completa. 

Ele também dá um exemplo de interação com os alunos através de uma rede social. “Todos os meus alunos têm Facebook. Mas, geralmente, eles não conhecem a funcionalidade grupo. O que fazemos é formar o grupo e, a cada semana, cada um tem que postar alguma coisa: um vídeo, um link relacionado ao tema da aula. Os outros têm que ler o que o colega enviou e comentar, discutir junto. Então, eles alimentam o grupo e eles aprendem a discutir”, explica.

A adoção de recursos digitais requer conhecimento, portanto é preciso saber usar para integrá-los ao sistema de ensino. Com criatividade e determinação, é possível estabelecer novas formas de transformar a informação em conhecimento.

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