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O diretor de Relações Institucionais da Construtora Norberto Odebrecht, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, afirmou em seu depoimento à Polícia Federal que as "tratAtivas" sobre doações da indústria petroquímica Braskem - que tem como principais sócias a Odebrecht e a Petrobras - ao PP feitas com o ex-deputado federal José Janene - morto em 2010 - foram interrompidas após seu nome ser citado no escândalo do mensalão.

"As tratativas foram interrompidas por conta do envolvimento de Janene no escândalo do mensalão", afirmou Alexandrino, em seu depoimento prestado à Polícia Federal, nesta segunda-feira, 22. Executivo da Braskem de 2002 a 2007, ele é atual diretor de Assuntos Institucionais da Odebrecht. Foi um dos 12 presos na sexta-feira na Operação Erga Omnes - 14ª fase da Lava Jato. Hoje, sua demissão do cargo foi anunciada.

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Alencar é acusado de pagar propina de US$ 3 milhões a US$ 5 milhões por ano para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras, por intermédio do ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.

Em acareação nesta segunda-feira, 22, Youssef e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa confirmaram que a Braskem pagou propina para o esquema. "Rafael Ângulo Lopes confirmou a versão do colaborador (Youssef) asseverando que informava pessoalmente os números de contas para que Alexandrino promovesse os depósitos", registra a Polícia Federal.

Alexandrino repetiu praticamente todas as informações dadas por ele em depoimento à PF no dia 12 de maio. Ele afirmou que cuidava de doações eleitorais da empreiteira e admitiu ter recebido em seu escritório na empresa Rafael Ângulo Lopez, o "homem da mala" do doleiro Alberto Youssef. Nega, porém, propina.

Ele afirma que se reuniu em pelo menos duas ocasiões em hotéis de São Paulo com o ex-deputado José Janene (PP-PR) - morto em 2010 -, e com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Segundo o executivo da maior empreiteira do País também participaram dos encontros o doleiro Alberto Youssef e o ex-assessor parlamentar João Cláudio Genú, homem de confiança de Janene no Congresso.

José Janene é apontado como o mentor do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras, que deu origem à Operação Lava Jato. Com sua morte, o doleiro Alberto Youssef assumiu o comando do esquema. Alexandrino Alencar disse que "conheceu a pessoa de Rafael Ângulo Lopez, o qual se tratava de um assessor/mensageiro do deputado Janene".

O executivo da Odebrecht explicou que por volta de 2003 era presidente do Instituto Nacional do Plástico, diretor da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) e diretor do Sindicato das Indústrias de Resina do Estado de São Paulo (Siresp). Na época, a Braskem estava adquirindo algumas empresas, mantendo unidades em vários Estados."

"Procurou então o deputado Janene, o presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara Federal a fim de sensibiliza-lo acerca da importância da consolidação do setor, de modo a torná-lo mais competitivo internacionalmente o que não seria viável diante da pulverização anteriormente existente", explicou Alexandrino Alencar.

"Queria que o deputado conversasse com os seus pares a fim de que os mesmos não atrapalhassem essa iniciativa, explicando aos mesmos como essa iniciativa da Braskem seria importante para o País", completou o executivo.

Segundo ele, esse contato com Janene se deu de 2002 a 2005, quando ele conheceu Youssef e Paulo Roberto Costa.

Doações

"Que em 2007, o declarante (Alexandrino Alencar) sai da Braskem e passa a integrar os quadros da Odebrecht, ocasião em que passa a ter contatos e fazer tratativas com o ex-deputado Janene, no âmbito político, notadamente tratando de doações de campanha para políticos do PP - Partido Progressista; Que José Janene já estava aposentado em decorrência de grave cardiopatia; que como já não se deslocava com frequência e facilidade, passou a se valer de seu mensageiro Rafael Ângulo Lopez; que Rafael esteve no escritório do declarante, na sede da Odebrecht por cerca de quatro ou cinco oportunidades; Que Rafael sempre aparecia sozinho; que Rafael levava ou buscava documentos relacionados a doações de campanha para o Partido Progressista, PP."

Segundo ele, "os documentos se restringiam a recibos de campanha e pedidos de doações manuscritas por Janene". Alexandrino Alencar ressaltou que "nunca houve pedido de valores que não fossem relativos a doações campanha". E mais: "Nunca foi pedido ao declarante comprovantes de transferências feitas pela Braskem para contas indicadas por Janene ou Youssef no exterior."

No depoimento de 12 de maio, o executivo da Odebrecht declarou que se encontrou com Janene, Youssef e o então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, nos hoteis Tivolli e Hyatt, em São Paulo. Ele disse que "não procedem as afirmações feitas por Alberto Youssef de que a Braskem se beneficiou de preço de compra de nafta, praticado no mercado internacional, o qual seria inferior ao praticado no mercado interno".

Alexandrino é próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele acompanhou o petista em viagens ao exterior custeadas pela empreiteira. Nesta terça-feira, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, prorrogou por mais 24 horas a prisão temporária de Alencar, até que a Procuradoria da República se manifeste sobre pedido da Polícia Federal para converter em regime preventivo a custódia do executivo. Alexandrino foi preso sexta-feira, 19, pela Operação Erga Omnes, em caráter temporário por cinco dias.

A PF pediu mudança da prisão do executivo em preventiva, ou seja, pretende que ele fique na cadeia até eventual sentença judicial. O juiz Moro decidiu prorrogar a medida por 24 horas 'a fim de não esvaziar a eficácia da eventual decretação da preventiva e de viabilizar a manifestação prévia do Ministério Público Federal e da defesa'.

Defesa

Em nota, a Braskem afirmou que todos os pagamentos e contratos com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de acordo com as regras de governança da empresa. A Braskem ressaltou que não recebeu nenhum tipo de favorecimento.

"Todos os pagamentos e contratos da Braskem com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de acordo com as regras de governança da Companhia. É importante ressaltar que, ao contrário de qualquer alegação de favorecimento da Braskem, os preços praticados pela Petrobras na venda de matérias-primas sempre estiveram atrelados às mais caras referências internacionais de todo o setor, prejudicando a competitividade da indústria petroquímica brasileira."

A mulher do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto confirmou em seu depoimento à Polícia Federal que emprestou R$ 400 mil em 2008 de um sócio do ex-deputado federal José Janene (PP-PR) - morto em 2010 - para a compra da residência em que a família vive hoje. No endereço, Vaccari foi preso na manhã de quarta-feira, 15, e sua mulher, Giselda Rousie de Lima, ouvida coercitivamente pelos policiais.

"Recebeu o valor de R$ 400 mil em sua conta corrente a título de empréstimo de Cláudio Mente para o pagamento de parte da residência onde mora", afirmou Giselda, ao ser ouvida por um dos delegados da Operação Lava Jato.

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Claudio Mente era um dos sócios da CSA Finance Project, que é alvo da Lava Jato por ser uma das empresas da lavanderia de dinheiro montada por Janene e o doleiro Alberto Youssef, por onde escoaram milhões em recursos de contratos públicos.

"O empréstimo foi quitado no ano seguinte por meio de transferência bancária" registrada em seu nome, declarou a mulher de Vaccari, segundo a transcrição do depoimento feita pela PF.

Considerado um "laranja" de Claudio Mente e Youssef, o advogado Carlos Alberto da Costa foi quem operacionalizou o pagamento e um contrato de mutuo assinado entre a mulher de Vaccari e a CRA (Centro de Reprodução das Américas - Comércio de Produtos Agropecuários Ltda).

Em seu depoimento, Giselda afirmou que não conhece Costa nem a CRA. Confirmou apenas que o dinheiro que foi depositado em sua conta em 2008 veio da CRA, empresa que pertencia a Mente. Giselda disse que tem relações de amizade com o ex-sócio de Janene e com sua mulher.

Psicóloga por formação e aos 62 anos, a mulher de Vaccari é suspeita de ter sido usada pelo ex-tesoureiro do PT para movimentar dinheiro ilícito e ocultar patrimônio.

A compra da casa em 2008, com dinheiro vindo de empresa de fachada ligada a Youssef, é uma das frentes de investigações que pesam contra Vaccari.

No depoimento, Giselda afirmou que possui rendimento mensal de aproximadamente R$ 300 mil de atividade autônoma e de aposentadoria do banco Santander.

Ela confirmou ter três imóveis em seu nome e que efetuou doação de R$ 300 mil para a filha, Nayara - também investigada pela Lava Jato por ter supostamente sido usada para ocultação patrimonial. "A origem do valor eram rendimentos meus e de meu marido", disse Giselda.

Quanto à compra da casa, em 2008, Giselda disse que o valor pago foi de aproximadamente R$ 700 mil.

Relatório de perícia da Lava Jato mostra que o valor de declaração foi de R$ 500 mil, mas o valor efetivamente que saiu da conta de Giselda para o ex-proprietário foi de R$ 650 mil.

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