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A rainha Elizabeth II fez uma aparição surpresa neste domingo (5) na varanda do Palácio de Buckingham, onde acenou para a multidão e fechou com chave de ouro o último dia de comemorações por seus 70 anos de reinado.

Vestida de verde, a soberana de 96 anos, ausente da maioria dos eventos de seu jubileu de platina, apareceu acompanhada de seus herdeiros Charles e William, com esposas e filhos, antes do hino britânico 'God Save the Queen'.

Em razão de sua saúde, após duas breves aparições públicas na quinta-feira, a monarca não compareceu ao serviço religioso na sexta-feira, ou às suas amadas corridas de cavalos no sábado, nem ao concerto em frente ao seu palácio, e não falou publicamente.

"Não existe um manual para comemorar 70 anos como rainha" porque "é algo inédito", disse depois a soberana em uma mensagem divulgada pelo Palácio de Buckingham, na qual se declarou "humilde e profundamente comovida pelo fato de tantas pessoas terem saído às ruas para celebrar o jubileu de platina".

"Embora não tenha comparecido pessoalmente a todos os eventos, meu coração esteve com todos vocês e sigo comprometida a lhes servir da melhor maneira possível, com o apoio da minha família", acrescentou.

Sua aparição não havia sido anunciada e foi objeto de especulação durante todo o desfile concluindo seu jubileu pelo centro de Londres, que viu uma sucessão de carruagens douradas de 260 anos, soldados em trajes cerimoniais vindos de toda a Commonwealth, depois atores, dançarinos e até fantoches de corgis, seus cães favoritos, para um desfile carnavalesco.

Foi apenas quinze minutos antes de sua aparição que o suspense terminou: a bandeira foi hasteada no topo do mastro sobranceiro ao palácio, sinal de que a monarca está presença, para o delírio do público presente.

O evento encerra quatro dias de celebrações, um parêntese para os britânicos em um momento de inflação descontrolada e escândalos políticos, com uma moção de desconfiança cada vez mais iminente contra o primeiro-ministro Boris Johnson.

- Marionetes de corgis -

Apesar do clima chuvoso, dezenas de milhares de pessoas participaram de almoços e piqueniques entre vizinhos, celebrando com alegria o reinado histórico de uma rainha extremamente popular, próxima e misteriosa, símbolo tranquilizador de estabilidade em um século de grandes convulsões.

Em Windsor, 488 mesas foram colocadas na entrada para o castelo onde a rainha reside, enquanto o príncipe Charles e sua esposa Camilla se juntaram para almoçar em um campo de críquete.

Apesar de sua ausência no concerto organizado em sua homenagem na noite de sábado, Elizabeth II, conhecida por seu senso de dever, mas também por seu humor, reservou uma boa surpresa para seus súditos.

Ela gravou um pequeno vídeo em que toma chá com Paddington Bear, ícone da literatura infantil britânica. Ela então bateu com uma colher de prata sua xícara de porcelana, sincronizando com a abertura do show.

A audiência do evento atingiu um pico de 13,4 milhões de espectadores na BBC, um sinal da força da monarquia em um país muito dividido nos últimos anos devido ao Brexit.

- "Sabor de despedida" -

Muitos dos participantes das festividades tinham consciência da dimensão histórica do momento.

Nunca um monarca britânico reinou por tanto tempo e é improvável que esse recorde de 70 anos seja quebrado no futuro, dada a idade de seus herdeiros.

"Inevitavelmente, essas comemorações tiveram um sabor de despedida", comentou o colunista Tony Parsons no tablóide The Sun.

"Houve uma alegria genuína nos últimos dias. Mas também há uma forte consciência de que nunca veremos um monarca assim novamente".

O Observer, um jornal de esquerda, considerou que este jubileu fez parte "de uma longa despedida que começou com a sua presença solitária no funeral do (marido) príncipe Philip no ano passado".

A transição está em andamento e, embora a rainha não tenha intenção de abdicar, fiel à sua promessa em 1947 de servir seus súditos por toda a vida, ela os está preparando para o que vem a seguir. Seu herdeiro, Charles, a representa cada vez mais.

A sucessão promete ser delicada: Charles é muito menos popular que sua mãe, com 50% de opiniões favoráveis contra 75%.

Apenas 32% dos britânicos acham que ele será um bom rei (YouGov, abril de 2022).

E a monarquia se viu desafiada durante as recentes viagens de membros da família real sobre o passado escravocrata do Império Britânico.

Os britânicos se preparam para quatro dias de grandes celebrações pelos 70 anos de reinado de Elizabeth II, afetada por problemas de saúde, mas que deseja promover a monarquia em um momento de transição marcado pelas crises.

Após um Brexit que deixou o país com uma forte divisão política e social, uma pandemia que provocou 178.000 mortes e uma inflação recorde de 9% que impõe dificuldades, para muitos dos 67 milhões de britânicos a celebração deve representar um momento de unidade.

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Grandes desfiles, missa de ação de graças, corridas de cavalos e uma grande apresentação musical: os elementos da cultura britânica estarão presentes no "jubileu de platina", a celebração das sete décadas da rainha no trono, ao qual ascendeu em 1952 com apenas 25 anos.

As festividades terminarão no domingo com um chá e dezenas de milhares de piqueniques e refeições ao ar livre.

"Os jubileus são acontecimentos antropológicos", afirma o historiador e biógrafo Robert Lacey, para quem "as festas de rua que as pessoas organizam (...) são tão importantes quanto as cerimônias transmitidas na televisão".

"São um exemplo de como o Reino Unido se vê através da monarquia, como um veículo para nossa história, nossas tradições e nossos valores", disse à AFP.

Problemas de saúde

Apesar dos 96 anos e dos muitos escândalos da família real - da mudança do neto Harry e sua esposa Meghan para os Estados Unidos até as acusações de agressão sexual contra seu filho Andrew -, a rainha ainda possui uma grande popularidade.

Uma pesquisa do jornal The Sun divulgada esta semana mostra que ela tem 91,7% de opiniões favoráveis, contra 67,5% para o príncipe Charles, seu herdeiro de 73 anos, que assume cada vez mais funções monárquicas em uma transição progressiva.

A saúde de sua mãe provoca preocupação desde que, em outubro do ano passado, ela teve que permanecer em repouso e foi hospitalizada para passar por "exames" médicos. Desde então, a rainha enfrentou crescentes problemas de mobilidade e contraiu Covid-19, que em suas próprias palavras a deixou "esgotada".

Elizabeth II cancelou sua participação em vários eventos e foi substituída por Charles no "discurso do trono" no Parlamento, uma das funções constitucionais mais importantes da chefe de Estado.

Mas nas últimas semanas, a rainha apareceu sorridente em diversos eventos, alimentando a esperança de que na quinta-feira possa saudar os súditos no Palácio de Buckingham.

Alguns deles estão acampados há vários dias nas proximidades de Buckingham, com barracas na lateral da The Mall, a grande avenida de Londres que leva ao palácio.

E enfrentaram com bom humor a forte chuva que atingiu a capital britânica na terça-feira.

"Tivemos um fantástico granizo britânico, vento e chuva, mas vale a pena. Sempre vale a pena no final e acredito que, quanto mais difícil, mais recompensador", disse Angie Hart, uma canadense de 51 anos que viajou a Londres com o marido e duas filhas para o evento.

"Tenho verdadeiro respeito e amor pela rainha, que trabalhou incansavelmente por toda sua vida. E é o ano do jubileu e, sinceramente, os britânicos sabem como fazer cerimônias, a pompa, como ninguém", completa.

Harry e Meghan

Fãs como Hart esperam ter uma boa visão da famosa sacada de Buckingham, a vitrine pública da monarquia há um século e meio, que já viu de coroações a casamentos reais.

Desta vez, a rainha decidiu que apenas "membros da família real que atendem compromissos públicos oficiais em seu nome" devem aparecer para saudar a multidão.

Isto significa 18 pessoas, incluindo Charles e sua esposa Camila, seu filho mais velho William, de 39 anos e segundo na linha sucessória ao trono, a esposa deste, Catherine, e seus três filhos: George, de 8 anos, Charlotte de 7 e Louis de 4.

Estão fora da lista Andrew, de 62 anos, afastado da vida pública, e Harry e Meghan, que no entanto viajarão ao Reino Unido para participar nas celebrações com os filhos Archie, de 3 anos, e Lilibet, que completará um ano no sábado e ainda não conhece a bisavó.

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