Delizadeza e muita humanização. Essas foram as características mais marcantes e presentes no filme 'Los Leones', do diretor André Lage de Minas Gerais. O longa, que foi exibido na terceira noite do festival do Cine PE, no Cinema São Luiz, retratou o relacionamento e a intimidade de um casal argentino marginal - protagonizado pela travesti Mariana Kaballo e o seu parceiro Raúl Francisco.

Distante da agitada e glamourosa Buenos Aires, na ilha de Três Bocas, história é contada na própria casa do casal, o que torna o filme muito pessoal e próximo da realidade e dos sentimentos deles. 'Los Leones' traz de forma crua, porém muito humanizada, uma verdade que é pouco abordada, sem maquiagem, roupas e montagem que são utilizadas pelas travestis.

É dessa forma que o público entra na vida e nos sentimentos do casal. Os gestos, os detalhes e a sutileza da convivência deles ao mesmo tempo que prende a atenção inquieta e torna o longa, de certa forma, um pouco cansativo pela repetição de cenas.

Ainda com toda essa carga de sensibilidade, o filme consegue dar um tom de humor em várias passagens, através das brinaceiras e interação do casal com os amigos. E, entre essas socializações que o casal mostra a dedicação, o cuidado mútuo e a admiração, como todas as relações, em um espaço rústico e sombril, no qual Mariana convive com os sintomas de uma doença.

Tendo em vista que poucos trabalhos apresentam essa perspectiva, o filme é um verdadeiro testemunho da vida de Mariana e Raúl e ao final do filme, o público é surpreendido com uma provocação triste.  

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