Tópicos | Moving/VINCI Park

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Em meios a balizas e fileiras de carros, um mercado em expansão e blindado às ameaças da crise econômica no país. Estacionamento se tornou indústria, já não de agora. No último mês de março, por exemplo, o convênio franco-brasileiro Moving/VINCI Park chegou à marca de 50 mil vagas no Brasil, com expectativa de atingir R$ 150 milhões de faturamento só este ano. Na Região Metropolitana do Recife (RMR), o comércio de espaços para garagens salta aos olhos. Mesmo tão presentes e intrincados ao cotidiano, uma espécie de lei de silêncio rege os proprietários destes estabelecimentos.  

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Para compor um panorama sobre o segmento na RMR, o LeiaJá entrou em contato com donos de estacionamentos particulares, representantes de franquias e assessores dos principais shoppings do Recife. O silêncio parece regra; não se é autorizado a informar o fluxo de veículos registrados por dia, o custo de manutenção destes locais, menos ainda o faturamento mensal ou anual. Um dos poucos proprietários dispostos a dialogar foi Márcio Targino, dono de estacionamento localizado na Rua Dom Bosco, no centro do Recife. Segundo ele, diariamente, cerca de 250 carros, entre mensalistas e diaristas, passam pelo espaço. 

Questionado se a crise afetou o negócio que mantém há três anos, Targino afirmou que houve até aumento na procura de mensalista, mas insignificante. “Cerca de 5% de aumento, nada demais. Agora o que eu percebi, do ano passado para cá, é que muitos clientes trocaram de carro. No mínimo a metade daqueles que já conheço, que são mensalistas, estão com carros novos”, apontou o proprietário. No estabelecimento, gerido pela MDL Solutions, o valor da mensalidade é R$ 80. Diaristas pagam R$ 6 por seis horas de permanência; cada hora excedente, R$ 2. 

Segundo Márcio Targino, a média diária é 70% mensalistas e 30% rotativos. Num cálculo rápido, chega-se a um faturamento aproximado de R$ 25 mil mensais. De acordo com o proprietário, manutenção diária apenas de limpeza. “De três em três meses, é preciso fazer a pintura de faixas, divisórias de vagas. Também repomos brita, de três a quatro meses. E todos os dias há limpeza, mas a geral é nos sábados, com retiradas de folhas e frutas que caem das árvores mais ao fundo do terreno”. 

Em outros estacionamentos de menor porte, o sigilo impera. Na Ilha do Leite, bairro central do Recife, o supervisor de uma unidade da FR Parking disse não ser autorizado a fornecer informações. O proprietário garantiu entrar em contato com a reportagem posteriormente, mas não o fez. A rede Sanpark, dona de 17 estacionamentos no Recife, também foi procurada pelo LeiaJá e o diretor administrativo, Sergio Matta, que falaria pela empresa, sempre estava em reunião.

Nos shoppings, informações ocultas

Ao pedir respostas a alguns dos principais shoppings do Recife sobre o serviço de estacionamento, nada é divulgado sobre as principais questões: quantidade média de veículos, faturamentos e custos para manutenção.  “Além do serviço de estacionamento é oferecido aos clientes o AquaZero, serviço de manobristas e de calibragem. O estacionamento é terceirizado por empresa especializada no setor. Quanto às demais perguntas, não dá para fornecer devido à concerrência”, disse, em resposta, a assessoria do RioMar Shopping.

O Shopping Recife afirmou, também em nota, que “todas as informações são estratégicas” e, portanto, não poderiam ser tornadas públicas. Já o Paço Alfândega ignorou o contato da reportagem e nem sequer emitiu posicionamento. Para o economista e ex-diretor da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Sérgio Gonçalves Ferreira, a receita dos estacionamentos é mantida na “caixa-preta”para evitar, entre outras situações, possíveis desconfortos com os lojistas dos centros comerciais. “É um número polêmico, o faturamento, e eles (shoppings) não liberam. Estacionamento é hoje fonte de renda expressiva que ninguém mais despreza”.

Lojistas criticam postura "sigilosa" 

A Associação de Lojistas de Shopping de Pernambuco (Aloshop) afirma que as estatísticas sobre os estacionamentos não chegam aos profissionais da categoria. Os gestores, diz a entidade, não só arrecadam com as vagas, mas também eventos realizados nos estacionamentos; nenhuma porcentagem do faturamento chega aos bolsos dos lojistas. 

Segundo a Aloshop, cada proprietário de loja recebe, por contrato, uma credencial para uso ilimitado de vaga individual no estacionamento. O Shopping Recife oferece outra credencial para liberar, por uma hora, carga e descarga das lojas. Funcionários das lojas, entretanto, para utilizar o estacionamento do local onde trabalham, precisam pagar. Em todos os shoppings. 

Em 2010, a Prefeitura do Recife promulgou a lei 17.657 que proibia a cobrança nos estacionamentos dos shoppings localizados na cidade. Os shoppings Recife, Tacaruna, Boa Vista e Plaza entraram com pedido de liminar, concedida pelo então juiz da 8ª Vara da Fazenda Pública da Capital, Paulo Onofre de Araújo. Mais recentemente, na última quarta-feira (22), caso semelhante aconteceu em Campina Grande, na Paraíba. Após liminar da 2ª Vara da Fazenda, o Parta Shopping ganhou o direito de cobrar pelo estacionamento, que até então era gratuito em respeito à lei municipal 5.746/2014.

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