Tópicos | Nova Lei de Cotas

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De pele branca, características de um estudante aplicado e aluno de uma escola privada de destaque na capital pernambucana. Mateus de Freitas (foto à esquerda), de 17 anos, é do terceiro ano do ensino médio e está prestes a fazer vestibular para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em um auditório bastante estruturado, parte da escola que estuda e oferece boas condições de aprendizado, Freitas opina contra a nova Lei de Cotas. “Sou contra a lei e sou contra o Governo Federal, que não está melhorando o ensino público de fato. Querem apenas garantir uma boa imagem”, declara o jovem.

Sobre a questão racial, Mateus de Freitas é enfático. “Discordo completamente. Não há motivo para excluir essa parte da sociedade. A Lei de Cotas discrimina essas raças”, opina. Em um contexto oposto ao de Freitas, o estudante Eridson Igor Gomes (foto à direita), 16, é do terceiro ano Escola Estadual Jornalista Trajano Chacon, localizada no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife. Além de destacar que as cotas raciais são uma dívida histórica que o Brasil tem com a sociedade, especialmente no contexto da escravidão negreira, Gomes frisa que o ensino público não reúne as mesmas condições que as instituições privadas possuem, e por isso, ele é a favor da nova lei. “Na escola pública eu não tenho a segurança que estou preparado tanto quanto aos alunos de escolas particulares”, diz. Eridson Gomes sempre estudou em escola pública.

Os estudantes são apenas dois personagens de muitos que divergem quanto à nova lei. Neste mês, a presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que regulamenta a Lei de Cotas. Universidades e institutos federais devem, até 2016, reservar 50% de suas vagas para quem estudou todo o ensino médio em escolas públicas, negros, pardos e índios, além de quem possui renda familiar per capita de 1,5 salário. Para uns, a ordem prejudicará quem estudou e teve sacrifício para pagar escolas particulares em todo o período de formação escolar. Já para outros, essa é uma forma de ajudar o deficitário ensino público, entre outras ideias que se contrapõem.

Larissa Vieira, 17, que também é aluna da Trajano Chacon, se considera parda, sempre estudou em escola pública, entretanto, não é a favor das cotas. “É um preconceito. Todo mundo devia ser avaliado de forma igualitária. Todos têm que estudar para mostrar que são capazes de entrar em uma universidade, independente de escola ou raça”, afirma. Já Cecília Gonçalves, estudante de escola particular, é a favor da lei, mesmo podendo perder espaço nos processos seletivos de instituições federais. “Eu sempre estudei em escola privada, mas eu entendo que a Lei de Cotas é justa. A escola pública tem um nível mais baixo e é mais difícil para seus alunos. Eu sou bem preparada e tenho boas condições de passar na livre concorrência”, avalia Cecília.

Para o professor de história Wilson Falcão, independentemente se o Governo Federal está certo ou errado com a regulamentação da Lei de Cotas, a sociedade precisa discutir o tema, principalmente no cenário escolar. “Há o resgate histórico, por causa da escravidão, e isso é bem claro. A gente tem que promover a discussão sobre as cotas raciais, e precisamos avançar na questão de uma escola pública de qualidade, para que no futuro, tenhamos um país capaz de atender a todas as classes sociais”, explica o educador.

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Opinião da universidade

É ordem. Anualmente, até 2016, as universidades federais devem garantir pelo menos 12,5% do total de vagas para os cotistas. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por exemplo, já anunciou, para este ano, que mais de 15% de suas vagas serão para a Lei de Cotas.

De acordo com a pró-reitora da instituição de ensino, Ana Cabral (cento da foto), a nova Lei de Cotas visa “fazer uma correção histórica na sociedade brasileira”. Ela completa dizendo que “nós temos poucos recursos financeiros para as escolas públicas, e muitos municípios não pagam nem o piso salarial aos professores, e, por isso, é preciso as cotas”.

Sobre a recepção da UFPE para os cotistas, a pró-reitora garante que tudo já está preparado, e por ter um rigoroso sistema de seleção, a universidade receberá alunos de ótima qualidade, sejam eles oriundos das cotas ou da livre concorrência.    

Confira no vídeo, as opiniões dos estudantes:

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