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Plataforma self-service de desenvolvimento é tudo o que o profissional precisa para criar aplicações com flexibilidade e facilidade, sob demanda. É o que permite a modalidade de computação em nuvem plataforma como serviço (PaaS). Basta colocar na bandeja um pouco de hardware, de software, entre outros ingredientes, e, mãos à obra! 

Ainda que tenha uma série de atrativos que saltem aos olhos especialmente dos desenvolvedores independentes de software (ISVs), o segmento ainda é pequeno e necessita amadurecer. A opinião é de John R. Rymer, vice-presidente e principal analisa da Forrester Research. “PaaS ainda é pouco usado, duvido que a indústria entenda que tipos de produtos, recursos e modelos são demandados”, avalia. 

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Concordam Anderson Figueiredo e Carlos Calegari, analistas da consultoria IDC. Segundo eles, PaaS vem apresentando crescimento tímido nos últimos anos e não deve registrar índices expressivos, tampouco ficar à frente de software como serviço (SaaS) e de infraestrutura como serviço (IaaS).

Figueiredo atribui o lento crescimento do PaaS à conceituação confusa disseminada pelos fornecedores do serviço. “O grande problema no Brasil é que durante anos tratamos plataforma como sinônimo de infraestrutura, então as pessoas confundem PaaS com IaaS”, diz e acrescenta: “Sendo assim, a adoção é estancada por pura falta de clareza nos modelos comerciais praticados. E não somente em PaaS, mas também em SaaS e IaaS”. Ele revela que os fornecedores estão revendo conceitualmente suas ofertas para deixá-las mais claras.

 “Quem entende o que é PaaS, é somente quem utiliza o modelo. Um público mais avançado”, sentencia Calegari. O analista destaca que quem procura por PaaS não quer memória RAM ou processamento, precisa de um banco de dados ou um application server. “Seria um pouco mais de SaaS e um pouco menos de IaaS”, resume.

Mas qual é o público potencial do PaaS? Segundo Calegari, o pequeno desenvolvedor, a startup e a pequena empresa, que não podem gastar grandes somas com infraestutura de desenvolvimento e precisam de um ambiente atualizado tecnologicamente. “O grande ISV vai ter de fazer contas para saber se valerá a pena migrar para o modelo. Por isso, o pulo do gato é um modelo comercial claro e atraente, especialmente para os grandes desenvolvedores”, diz.

A Forrester acredita que os fornecedores vão intensificar as ofertas a partir de 2013. Concorda com ele Pedro Bicudo, sócio-diretor da consultoria TGT Consult. “A adesão é pequena porque as plataformas são mais abrangentes e complexas e a venda também”, afirma. 

“SaaS está mais desenvolvido e PaaS não, por isso, acreditamos que a batalha entre os fornecedores vai-se intensificar”, diz Fabrizio Biscotti, diretor de Pesquisas do Gartner em análise do instituto sobre o tema. Reforça esse quadro o fato de que PaaS está mais abrangente e envolve outros recursos middleware como integração, gestão de processos e portal.

No estudo das 350 Maiores Empresas de TI e Telecom, realizado pela Deloitte em parceira com a COMPUTERWORLD, em novembro de 2011, 30% das companhias apontaram que a oferta de PaaS deverá crescer em seus portfólios nos próximos anos. A representatividade do modelo nos negócios dessas companhias, no ano passado registrou 17%.

O Gartner prevê que a receita mundial de PaaS em 2015 movimentará 1,8 bilhão de dólares. Para a IDC, no Brasil, esse mercado somará 38,7 milhões de dólares em 2014. Até 2016, a expectativa é que esse seja um negócio de 207 bilhões de dólares no mundo.

No mais recente relatório trimestral do Gartner sobre despesas de TI, o instituto de pesquisas pela primeira vez incluiu a computação em nuvem como categoria separada, proporcionando uma análise profunda das tendências atuais e futuras de gastos com cloud no mundo. O modelo plataforma como serviços (PaaS), que em 2011 movimentou 707,4 milhões de dólares, de acordo com o Gartner, deverá conquistar ainda mais adeptos até o final deste ano, somando 927,3 milhões de dólares globalmente. Até 2015, PaaS será responsável por importante fatia da nuvem e gerar receita de 1,75 bilhão de dólares, projeta o Gartner. Ele promete desbancar software como serviço (SaaS) e ficar atrás somente de infraestrutura como serviço (IaaS). Em 2013, esse cenário já poderá ser observado, de acordo com o Gartner. O maior mercado de nuvem será de IaaS, com 41%, seguido por PaaS, com 26,6%, e SaaS 17,4%.

No Brasil, a adoção de cloud está basicamente concentrada em SaaS, afirma Fernando Belfort, analista sênior de Mercado da Frost & Sullivan, mas plataforma como serviço está atraindo olhares. Para ilustrar a movimentação, ele cita números. “Em 2011, PaaS tinha sido adotado por 18,5% das empresas brasileiras e SaaS 85,7%. Para o período de 2011-2012, PaaS será a escolha de 39,4% e SaaS, 87,9%”, detalha. “O crescimento é notável.”

O que mudou de lá para cá? “Aplicativo continua como o mais relevante, infraestrutura também, mas plataforma rapidamente ganhou tradição nas empresas no Brasil, principalmente para testes de aplicativos e desenvolvimento”, explica. Ele lembra, no entanto, que PaaS e SaaS estão intimamente ligados. IaaS é o modelo-base utilizado para oferta de PaaS, que, por sua vez, é usado para vender SaaS. Por isso, o crescimento deles caminha juntos.

De acordo com o analista, uma série de elementos tem impulsionado o PaaS em solo nacional. Entre eles, desenvolvimento de aplicativos, febre da mobilidade e criação de plataformas móveis, flexibilidade, escalabilidade, fácil acesso a recursos e a maturidade de cloud. “Faz todo o sentido para empresas que querem com rapidez uma nova plataforma e todos os benefícios da nuvem, como custo mais acessível, elasticidade, poder de processamento e banda”, observa.

Para Belfort, PaaS possibilita benefícios para empresas de todos os portes, mas é especialmente atraente para pequenos negócios. “Empresas de médio porte e desenvolvedores podem ter acesso a tecnologias que somente as grandes tinham até pouco tempo, por desfrutarem de mais recursos financeiros”, assinala. 

Celso Poderoso, professor dos cursos de graduação tecnológica da Fiap e coordenador do MBA em Cloud Computing, acrescenta que o modelo facilita ainda a vida dos ISVs, que podem escolher na nuvem os recursos necessários para criar aplicações e depois devolvê-las para o provedor da cloud. “Eles têm em mãos um ambiente pré-configurado, sendo necessário apenas ativar algumas licenças. Então, a casa já está em ordem”, destaca.

Atraente ainda é o fato de libertar o desenvolvedor de escolha, entrega e instalação das tecnologias necessárias, como servidor, banco de dados e outros, processo que tradicionalmente consome meses.

Além disso, não é necessário contar com pessoas especializadas para realizar a gestão do ambiente. “A economia em escala também é um ponto positivo”, completa. Com a facilidade de acesso à tecnologia pelas empresas de pequeno e médio portes, amplia-se a competitividade e ainda acelera a criação de plataformas de nicho. 

Para Belfort e Poderoso, no entanto, o maior desafio do modelo está no conhecimento. “PaaS é para quem entende, ou seja, para o usuário avançado”, observa Belfort. “Como é direcionado para esse tipo de usuário ou então para quem precisa de rápido poder computacional, atinge menos pessoas. Tem uma curva de aprendizado”, completa Poderoso.

Eles apostam no amadurecimento do mercado como forma de alavancar o modelo. “As economias mais avançadas estão mais à frente em adoção”, avalia Belfort. A boa notícia, diz Poderoso, é que o aprendizado em solo nacional é muito rápido e que o Brasil é early adopter de novas tecnologias. “Acreditamos que até o final de 2013 PaaS vai ganhar força, especialmente porque a indústria tem sofisticado sua oferta, atraindo adeptos”, aposta. 

A movimentação, certamente, dizem analistas, vai impactar em toda a cadeia de valor e fazer com que mais fornecedores da modalidade desembarquem em solo nacional e novas companhias sejam criadas com o propósito de ofertar PaaS. 

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