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O Fundo Monetário Internacional (FMI), depois de seguidos cortes nas projeções de crescimento para a economia mundial, resolveu manter as apostas para 2015 e elevar ligeiramente a expectativa para 2016. O Fundo, porém, não mostra muito otimismo com as perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial em um relatório divulgado nesta terça-feira, 14, e alerta que a expansão segue desigual, mais forte nos países desenvolvidos este ano, e ainda há riscos de piora do cenário.

Para 2015, a aposta é de expansão de 3,5% no PIB global, mesmo nível do estimado em janeiro, quando o Fundo divulgou seu relatório mais recente de projeções. Em 2016, houve uma pequena melhora na estimativa de alta do PIB mundial, para 3,8%, ante 3,7% estimado em janeiro, de acordo com o relatório "Perspectiva Econômica Global" divulgado hoje, dentro dos preparativos para reunião de primavera do FMI, esta semana em Washington.

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Mesmo mantendo a projeção de crescimento para 2015, o FMI ressalta que, na comparação com 2014, a expansão da economia mundial não deve se acelerar muito. No ano passado, o crescimento ficou em 3,4%. O relatório divulgado hoje destaca ainda que, na comparação com os números divulgados em outubro para o PIB mundial, houve corte de 0,3 ponto porcentual em 2015 e 0,2 ponto em 2016.

EUA

Entre os países desenvolvidos, as projeções para os Estados Unidos foram cortadas, enquanto na zona do euro foram melhoradas. O FMI projeta que os EUA vão crescer 3,1% este ano e no próximo, ante 3,6% e 3,3%, respectivamente, estimados em janeiro. Na europa, a estimativa subiu de 1,2% para 1,5% em 2015 e de 1,4% para 1,6% no ano que vem.

"Forças complexas que afetaram a atividade global em 2014 ainda estão moldando o cenário", afirma o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, citando fatores como a redução do crescimento potencial da economia mundial, a queda dos preços do petróleo e o envelhecimento da população mundial. Além disso, os legados da crise de 2008 e da zona do euro, que incluem maior endividamento das empresas e alta do déficit em alguns países, ainda impedem um maior crescimento em alguns países

As economias desenvolvidas devem crescer mais este ano, com expansão de 2,4%, do que em 2014, quando avançaram 1,8%. Nos emergentes deve ser o contrário, com a expansão estimada de 4,3% em 2015 ante 4,6% no ano passado. Economias importantes entre os emergentes, como Rússia e Brasil, vão crescer menos do que o esperado, ressalta o texto.

Ao mesmo tempo, o documento afirma que as perspectivas de médio prazo ficaram menos otimistas para os países avançados e especialmente para os emergentes. Para 2016, a projeção é de que os emergentes voltem a crescer um pouco mais, com a atividade econômica de países como Brasil ganhando força, destaca o FMI. Mas o crescimento potencial, aquele que não gera inflação, deve se desacelerar.

Por isso, o FMI volta a pedir que os governos tomem medidas "urgentes" para elevar o crescimento potencial e recomenda expansão dos investimentos, principalmente em infraestrutura, além de reformas na economia. Sem este esforço dos governos, o crescimento potencial de emergentes e do primeiro mundo tende a se reduzir e os países estão condenados a anos de fraca atividade. Para os EUA, o FMI avalia que o país pode não conseguir crescer mais do que 2% ao ano a partir de 2017. Outra recomendação é de que a política monetária dos países desenvolvidos permaneça acomodatícia, enquanto a dos EUA seja normalizada de forma gradual.

Riscos

A distribuição de riscos para a economia global, afirma Blanchad, está agora mais balanceada do que em outubro, quando o FMI fez sua reunião anual em Washington. "Mas os riscos seguem ligados à piora da atividade", disse ele, citando fatores importantes que persistem, incluindo tensões geopolíticas, mudanças abruptas de preços de ativos no mercado financeiro e a preocupação com a baixa inflação nos países desenvolvidos. "Os riscos macroeconômicos, como a recessão na zona do euro, se reduziram ligeiramente, mas os riscos financeiros e geopolíticos aumentaram."

Uma nova aceleração da alta do dólar também pode ter consequências danosas, principalmente nos emergentes, alerta o FMI. No lado oposto, a queda do preço do petróleo pode ser um fator a estimular mais a atividade econômica do que o inicialmente previsto, afirma o relatório.

O Brasil teve o maior corte de projeção de crescimento da economia para 2015 e 2016 entre as principais economias avançadas e desenvolvidas em um relatório divulgado nesta terça-feira, 14, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O ajuste para melhorar as contas públicas brasileiras e o esforço do Banco Central para conter a inflação devem ajudar a restaurar a confiança de empresários e investidores, mas pode afetar ainda mais a atividade econômica no curto prazo, afirma o documento.

O FMI reduziu em 1,3 ponto porcentual a estimativa de crescimento do Brasil para 2015 e 0,5 ponto a de 2016 em relação às previsões feitas em janeiro, quando divulgou seu último relatório de previsões. Depois do país, a Rússia foi a economia que teve a maior redução nas taxas previstas de expansão, de 0,8 ponto em 2015 e 0,1 em 2016. Com isso, a aposta dos economistas da instituição é a de que o Brasil deve ter contração de 1% este ano.

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Para a Rússia, abalada pela queda do petróleo e pelos embargos dos Estados Unidos e da Europa por causa do conflito com a Ucrânia, a previsão é de contração de 3,8%, a maior entre os principais mercados. Outros emergentes como Índia, tiveram a estimativa melhorada, enquanto a da China foi mantida. Para 2016, a previsão do FMI é que a economia brasileira se recupere e volte a se expandir, crescendo 1%.

Ajuste fiscal

O FMI elogia o ajuste na política econômica brasileira, mas avalia que as medidas podem afetar fortemente a atividade, que já vem enfraquecida do ano passado, quando o país ficou praticamente estagnado. "O compromisso renovado das autoridades brasileiras para conter o déficit fiscal e reduzir a inflação vai ajudar a restaurar a confiança no quadro da política macroeconômica do Brasil, mas vai reduzir ainda mais a demanda de curto prazo", afirma o texto, que faz parte do relatório "Perspectiva Econômica Global".

O FMI atribui o baixo crescimento brasileiro a fatores como a baixa confiança de empresários, devido ao escândalo de corrupção na Petrobras, o temor de racionamento de água e energia elétrica e à alta de reformas para melhorar a competitividade do País. Para reverter o quadro, o Fundo recomenda reformas na educação e no mercado de trabalho, para melhorar a produtividade e a competitividade, e também investimentos na infraestrutura para resolver gargalos. "A confiança do setor privado manteve-se teimosamente fraca, mesmo que a incerteza relacionada com as eleições tenha se dissipando", afirma o FMI.

Para a inflação no Brasil, a projeção do FMI é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve superar o teto do intervalo de tolerância da meta este ano (de 6,5%), refletindo o ajuste nos preços regulados e a depreciação do real, uma das moedas que mais se desvalorizaram ante o dólar entre os principais emergentes este ano, ressalta o documento. A aposta dos economistas da instituição é a de que a inflação se aproxime da meta nos próximos dois anos. A projeção do FMI é que o IPCA suba 7,8% este ano e 5,9% em 2016. Já a taxa de desemprego deve piorar, subindo de 4,8% em 2014 para 5,9% este ano e 6,3% em 2016.

América Latina

Por causa do desempenho fraco do Brasil, mas também de outros países, como Venezuela e Argentina, a América Latina teve em 2014 o quarto ano consecutivo de queda do crescimento do PIB, influenciado pelo fim do boom mundial das commodities e pelo menor espaço em países importantes da região, como o Brasil, para políticas que estimulem o crescimento. As perspectivas de curto prazo para a região não são muito otimistas. O texto ressalta que não há fatores nos próximos meses capazes de mudar a reversão da economia. Por conta disso, a previsão de crescimento da região em 2015 foi cortada de 1,3 ponto do relatório de janeiro para 0,9%. A de 2016 foi reduzida de 2,3% para 2%.

Na América Latina, o México deve ser um dos destaques e crescer 3% este ano, corte de 0,2 ponto ante a estimativa feita em janeiro. A economia mexicana deve se beneficiar da atividade mais aquecida nos Estados Unidos, de acordo com o FMI. Já a Venezuela deve encolher 7% e a Argentina recuar 0,3%.

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