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A Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República, a Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional deflagraram nesta sexta-feira (9) a Operação Véu Protetor contra um grupo que teria praticado fraudes tributárias e previdenciárias, estelionatos qualificados, desvio de recursos de entidades beneficentes de assistência social sem fins lucrativos e de verbas públicas federais. A deputada Raquel Muniz (PSD), o marido Ruy Muniz - prefeito afastado de Montes Claros pelo PSB - e familiares são alvo de buscas da Véu Protetor.

Ruy Muniz é candidato à reeleição em Montes Claros. Segundo a Federal, os recursos desviados eram usados em benefício econômico e político da parlamentar federal, do prefeito da cidade do norte de Minas Gerais e de pessoas ligadas a eles, incluindo familiares.

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Em abril, Ruy Muniz foi preso em outra operação da PF um dia após ser elogiado por sua mulher, a deputada Raquel Muniz, que proferiu na Câmara voto pelo impeachment da então presidente da República Dilma Rousseff.

"Meu voto é pra dizer que o Brasil tem jeito, o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão", afirmou a deputada durante a votação da abertura do processo de impeachment, na Câmara. "Meu voto é pelo Brasil", concluiu a deputada.

A Véu Protetor foi realizada nas cidades mineiras de Montes Claros, Belo Horizonte, Lavras e Contagem, além de Brasília e Lages, em Santa Catarina. Estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em empresas ligadas ao esquema e em endereços residenciais de familiares possivelmente ligados ao esquema. Alguns investigados também prestaram depoimento sobre os fatos. Com as buscas e os depoimentos, pretende-se colher provas e identificar os demais envolvidos. As medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal.

De acordo com as investigações iniciadas pelo setor de inteligência fiscal da Receita Federal do Brasil há mais de dois anos, os políticos envolvidos seriam administradores de 133 instituições que têm por finalidade a prestação de serviços nas áreas de educação e saúde, em todo o território nacional. Essas instituições - que seriam mantidas por uma entidade beneficente, em uma "associação sem fins lucrativos" - teriam deixado de recolher mais de R$ 200 milhões em tributos, além de outros R$ 100 milhões que já estão devidamente lançados e inscritos em dívida ativa.

As empresas incorporadas por familiares investigados seriam utilizadas para blindagem patrimonial da entidade beneficente. No esquema, essas empresas transferiam parte de seus empregados para a instituição, que é isenta de tributos federais, permanecendo, entretanto, com o cadastro ativo no CNPJ e movimentando recursos em suas contas bancárias. Há ainda indícios de que os bens imóveis não foram regularmente transferidos para a entidade beneficente, já que essa enfrenta diversos processos de execução.

O núcleo familiar da organização criminosa, durante quase vinte anos, promoveu a apropriação e a subtração de recursos das entidades beneficentes para enriquecimento pessoal, incluindo mansões e imóveis de alto valor, aeronaves, automóveis, além de elevados saques e desvios de valores para custeio de despesas pessoais e políticas, muitos dos quais por contratos fictícios.

Apurou-se que a maior parte dos valores desviados pelos integrantes da organização criminosa são verbas públicas federais essenciais, especialmente do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), repassados pelo Ministério da Educação às entidades pseudo-filantrópicas do grupo criminoso. No esquema, foram desviados recursos públicos federais e estaduais repassados às entidades por força de convênios celebrados com a União, com Estados da Federação, principalmente Minas Gerais, e municípios diversos.

Os fatos investigados na Operação Véu Protetor caracterizam, em tese, os seguintes delitos: crimes de organização criminosa; crimes tributários; crimes previdenciários; descaminho qualificado; furto qualificado, apropriação indébita e estelionato majorado; fraudes à execução; crimes contra o sistema financeiro; falsificação documentos públicos e particulares e uso de documentos falsos; peculato, prevaricação, advocacia administrativa e outros crimes contra a administração pública, lavagem de dinheiro.

A assessoria de imprensa de Raquel Muniz informou que ela se pronunciará no final da tarde desta sexta-feira.

A deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG) se manifestou em uma rede social, nesta terça-feira, 19, sobre a prisão do marido, o prefeito de Montes Claros Ruy Adriano Borges Muniz. O chefe do Executivo do município mineiro e a secretária de Saúde Ana Paula Nascimento foram presos pela Polícia Federal na manhã de segunda-feira, 18, pela operação Máscara da Sanidade II - Sabotadores da Saúde, que investiga fraudes para favorecer hospitais privados ligados ao prefeito da cidade.

A prisão ocorreu um dia após o político ser elogiado por Raquel ao proferir seu voto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara. No domingo, 17, a deputada elogiou a conduta do marido e disse que "o Brasil tinha jeito" ao votar pelo afastamento da petista.

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Nesta terça, ela confessou que ficou "atordoada e muito chateada com o que aconteceu". Raquel Muniz disse que precisou de um dia "para tomar ciência do que se passava, respirar fundo e não desistir".

"Eu e Ruy sempre soubemos o que poderia acontecer com a gente quando entrássemos para a política, mas jamais que chegaria a esse ponto. No entanto, não vamos nos intimidar em busca de um Brasil, de uma Minas e de um Montes Claros cada dia melhor", declarou. "Por isso, reitero cada uma das palavras ditas no dia 17 de abril durante a votação para aceitar o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. Montes Claros tem um gestor íntegro, ético e que preza pela transparência das suas ações."

Segundo as investigações, o grupo do prefeito teria atuado para inviabilizar os hospitais públicos da cidade. Somente em outubro de 2015, segundo a PF, o grupo de Muniz retirou cerca de 26 mil consultas especializadas e 11 mil exames dos hospitais públicos municipais.

Em contrapartida, o hospital privado gerido pela família da deputada que diz querer "melhorar" o País teria sido beneficiado com os procedimentos. Além disso, segundo a PF, desde julho de 2015 até agora, Ruy Muniz se aproveitou do cargo e utilizou verba pública para promover nos principais veículos de comunicação regionais "uma ampla e intensa campanha difamatória contra os hospitais público e filantrópico 'concorrentes', inclusive lançando mão de dados e informações falsas", diz a nota da Polícia Federal.

Para a deputada, "não há razão jurídica para a prisão preventiva" do marido, pois não há "risco a ordem pública, nem perigo de fuga e nem haver qualquer indício de obstrução da justiça".

"Há, sim, razões de outras ordens, não republicanas, que justificam essa investigação. O meu marido, ao contrário do que está sendo amplamente noticiado, não teve a prisão decretada por motivos de corrupção e quem teve o senso ético de buscar a verdadeira motivação na decisão judicial pode verificar isto. Todas as providências jurídicas cabíveis já foram tomadas e tenho a plena certeza de que a verdade prevalecerá", afirmou.

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