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A Caixa Econômica Federal anunciou nesta terça-feira (12) a redução de juros no cheque especial. A partir do próximo mês, a taxa mínima cobrada pela instituição será de 4,99% ao mês, ante os atuais 9,99%. O corte acontece no momento em que o governo se prepara para lançar novas regras para esse tipo de linha de crédito - que tem um dos maiores juros do mercado (média anual de 307,6% em setembro).

Uma das possibilidades é que os bancos possam cobrar tarifa do cliente que quiser manter determinado limite do cheque especial, abrindo espaço para a redução dos juros na operação. Atualmente, o mercado pode elevar ou reduzir limites conforme o perfil do cliente. É comum que clientes com histórico de adimplência e mais recursos na conta corrente tenham limites maiores no cheque especial, mas não utilizem os recursos que estão disponíveis.

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O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que a nova taxa "continua gerando resultado" e que existe mais espaço para novas reduções. Segundo ele, a iniciativa partiu do próprio banco e não houve ingerência do ministro da Economia, Paulo Guedes. Durante a gestão Dilma Rousseff, o governo usou as instituições públicas para forçar os concorrentes privados a mexerem nos seus juros.

"Essa taxa (os 4,99%) não parou por aqui. Continuamos estudando (novas reduções)", disse Guimarães. A pedido do jornal O Estado de S. Paulo, o professor de finanças Fábio Gallo, da FGV, calculou o custo de um saque de R$ 1 mil no cheque especial. Com uma taxa de 9,99% ao mês, esse custo depois de um ano chega a R$ 2.809,56. Com 4,99%, o correntista tem de pagar R$ 1.793,80 (diferença de R$ 1.015,76).

Autorregulamentação

Em reunião com senadores na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tratou do assunto. Segundo parlamentares, uma das avaliações é que, ao disponibilizar um limite ao cliente, o banco está sendo onerado, mesmo que esses recursos não sejam utilizados. Esse custo para a instituição financeira estaria sendo bancado pelos clientes que efetivamente utilizam o limite do cheque especial - geralmente, aqueles com menor poder aquisitivo.

Sob a presidência de Ilan Goldfajn, que esteve no comando do BC durante o governo de Michel Temer, a solução que surgiu foi a de uma autorregulação por parte dos bancos. Em julho do ano passado, por iniciativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as instituições financeiras passaram a oferecer um parcelamento para dívidas superiores a R$ 200 no cheque especial. A expectativa era que essa migração para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda dos juros cobrados do consumidor. Em junho de 2018, porém, antes do início da nova dinâmica, a taxa do cheque especial estava em 304,9% ao ano - patamar abaixo do verificado atualmente.

Na avaliação do economista, Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, o corte anunciado pela Caixa é um sinal de que há muita gordura para queimar nessa modalidade. "Mesmo com a redução, a taxa continua alta, considerando o atual nível da taxa Selic (hoje em 5% ao ano)", disse ele.

Questionado sobre a movimentação da Caixa, o Itaú Unibanco afirmou que suas taxas começam a partir de 2,6% ao mês e que os valores cobrados dependem de fatores que vão além da Selic, como inflação e custos operacionais. Já o Santander afirmou que sempre orienta os clientes para que a utilização do cheque especial seja apenas no curto prazo e em emergências. / COLABORARAM RENÉE PEREIRA e TALITA NASCIMENTO

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma nova cobrança do governo pela diminuição das taxas de juros causou desconforto a executivos do setor financeiro. Nem tanto pelo conteúdo, ao qual eles já se acostumaram, mas pelo contexto em que se deu: durante o tradicional jantar de fim de ano da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), realizado quinta-feira (13) em São Paulo. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, que representava a presidente Dilma Rousseff, foi direta em seu discurso. "Seremos desenvolvidos e equilibrados se continuarmos no processo de redução das taxas de juros para garantirmos o desenvolvimento do nosso País", disse.

"Precisamos cada vez mais da ajuda dos senhores para fazer isso (dar uma vida digna aos brasileiros), de maneira mais equilibrada e mais rápida, onde todos possam ganhar. Baratear o crédito é garantir investimentos, gerar progresso e desenvolvimento. É apostar num círculo virtuoso da vida e das relações. Este é o nosso chamado."

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As palavras da ministra foram interpretadas por vários dirigentes de bancos como uma mensagem clara da presidente Dilma de que os juros das operações financeiras ainda estão altos e têm de baixar mais.

"É um evento festivo. São esperados pronunciamentos de conciliação, como o do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que em seu discurso afirmou que as novas regras internacionais para o setor financeiro (Basileia 3) serão adotadas no Brasil com um cronograma confortável para os bancos", disse o diretor de uma grande instituição. "A relação do governo com os bancos foi tensa neste ano. Mas a ministra deu uma cutucada. E ela doeu."

Para outro alto executivo de banco, a ministra "não tinha que falar sobre juros". Ele contou que, em sua mesa, quando Gleisi começou a tocar no tema, houve apreensão. "Um colega do meu lado perguntou para outro se ele estava ouvindo. Ele riu e disse que não estava escutando nada." Para o presidente de um banco, a ministra "esqueceu" de oferecer contrapartidas para permitir a continuidade da queda dos juros. "Como reduzir ainda mais os juros com a quantidade de impostos que incidem sobre a intermediação financeira?", indagou. "Por que não reduzir ou acabar com o IOF, por exemplo?"

Em nota enviada ao Estado no início da noite de ontem, o presidente do Itaú, Roberto Setubal, disse que a presença da ministra no jantar foi "um importante gesto de aproximação e convite para o diálogo, do qual não nos furtaremos". "Ela mencionou a importância dos bancos no desenvolvimento da economia e ressaltou que via com satisfação a evolução recente dos juros e spreads. Através de uma interação construtiva podemos contribuir para encontrar as soluções que tornem nosso sistema financeiro ainda mais eficiente, reduzindo ainda mais o custo da intermediação financeira."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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