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O dono do Grupo Petrópolis, Walter Faria, se entregou, nesta segunda-feira, 5, à Polícia Federal do Paraná, para cumprir prisão preventiva na Operação Lava Jato. A cervejaria está sob suspeita de lavar R$ 329 milhões para a Odebrecht. Faria era considerado foragido desde quarta-feira, 31.

Ao se entregar, o executivo prestou um breve depoimento, no qual afirmou já ter prestado 12 declarações à PF em São Paulo e Brasília, e também ao Ministério Público Federal no Rio. Faria se colocou à disposição para "juntar as respectivas cópias".

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O dono do Grupo Petrópolis afirmou ainda que "já foi preso na operação Cevada, em 2005, não tendo sido denunciado naquele inquérito". Disse ainda que responde "a processo na Justiça Federal de Santos/SP e na justiça estadual do Rio de Janeiro (no RJ, sobre direito do consumidor)".

Apontado pelos investigadores como "grande operador de propina" do esquema Odebrecht instalado na Petrobras, Walter Faria também está com os bens bloqueados no valor de até R$ 1,3 bilhão - montante que ele próprio admitiu manter no exterior.

A Operação "Rock City" investiga rede de propinas da Odebrecht por meio de doações eleitorais do Grupo Petrópolis.

A investigação revela que R$ 329 milhões, entre 2006 e 2014, foram lavados pela Petrópolis no interesse da Odebrecht.

Walter Faria, controlador do grupo, usou ainda conta na Suíça para intermediar o repasse de mais de US$ 3 milhões de propina relacionadas aos contratos dos navios-sonda Petrobrás 10.000 e Vitória 10.000.

Segundo a investigação, por meio das empresas Praiamar e Leyroz Caxias, o Grupo Petrópolis foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014, "pagamentos de propina travestida de doações eleitorais, no montante de R$ 121.581.164,36".

A força-tarefa da Lava Jato revela que Walter Faria, em conjunto com outros cinco executivos do Grupo Petrópolis, "atuou em larga escala na lavagem de centenas de milhões de reais em contas fora do Brasil e desempenhou substancial papel como grande operador de propina".

Sobrinho

Vanuê Faria, sobrinho do dono do Grupo Petrópolis, Walter Faria, admitiu, em depoimento à Polícia Federal, que a cervejaria gerou dinheiro em espécie, como se fosse um "banco", para a Odebrecht, mediante pagamentos no exterior. Ele reconhece inclusive seu usuário no sistema Drousys, que controlava o departamento de propinas da empreiteira. No entanto, nega saber do destino dos valores em espécie.

O depoimento foi prestado nesta sexta-feira, 2, mesma data em que a juíza Gabriela Hardt prorrogou por mais cinco dias - até dia 6 - a prisão de Vanuê, de Cleber Faria e do advogado Silvio Pelegrini. Eles são alvo da Operação Rock City, Lava Jato 62.

Segundo Vanuê, "como o Grupo Petrópolis não precisava mais de tanto dinheiro no exterior, mas ao mesmo tempo a ODEBRECHT continuava precisando de valores em espécie no Brasil, houve uma reunião entre ele, Walter Faria e o então executivo da Odebrecht Benedicto Júnior, o BJ".

Neste encontro, que teria sido em meados de 2008, ele diz que "surgiu então a possibilidade de serem realizadas doações eleitorais em nome da Odebrecht, o que foi aceito".

Segundo Vanuê Faria, "depois de 2008 não foram realizadas apenas doações eleitorais, ao que tenha a lembrança, mas continuou a disponibilização de valores em espécie, assim coexistindo com o novo padrão adotado, qual seja, o de doações eleitorais".

O sobrinho de Walter Faria diz que "era cobrado um porcentual em cima dessas doações, uma correção, como se o GP fosse um banco"; e que "havia um forte controle no DROUSYS, e poderá ser alcançado, e sabe que havia também a necessidade de que o GP efetuasse pagamentos não necessariamente ligados a eleições".

Defesas

O advogado de Walter Faria, Pedro Campoi, informa, por meio de sua assessoria de imprensa, "que o empresário Walter Faria se apresentou às autoridades na manhã desta segunda-feira (5), no intuito de esclarecer os fatos, reiterando os diversos depoimentos anteriormente dados às autoridades competentes."

Em nota divulgada na semana passada, o Grupo Petrópolis afirmou: "O Grupo Petrópolis informa que seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes. Informa também que sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos".

Membros da Polícia Federal (PF), da Receita e do Ministério Público reafirmaram nesta quarta-feira, 31, na deflagração da 62ª fase da Lava Jato, nomeada de Rocky City, que a operação segue em curso e que ainda há crimes que têm de ser desvendados.

Em coletiva de imprensa em Curitiba, o coordenador da operação pela Polícia Federal, Tiago Javarotti, disse que a ação desta quarta-feira, 31, "dá claros indícios que há um longo caminho a percorrer no combate aos crimes de corrupção e desvio de recursos públicos".

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Com uma equipe de 120 policiais, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e três dos cinco de prisão temporária. A prisão preventiva de Walter Faria, executivo do grupo Petrópolis, ainda não foi realizada.

A equipe investiga a ligação dos grupos Petrópolis e Odebrecht em um esquema de lavagem de dinheiro para posterior pagamento de propinas. Estima-se que foi levantado R$ 340 milhões.

De acordo com os investigadores, havia duas frentes. A Odebrecht transacionava no exterior recursos de propina com o grupo Petrópolis em uma delas. Em outra, o grupo Petrópolis fazia doações eleitorais direcionadas pela Odebrecht, e conseguia desconto em obras que a construtora fazia em suas unidades.

"O grupo Petrópolis agiu como banco de propina da Odebrecht, realizando a gestão, a disponibilização e a destinação de valores a pagamentos ilícitos. Tanto para pagamentos ilícitos no País, em espécie, tanto para doações eleitorais", comentou o procurador Felipe Camargo.

Defesas

"O Grupo Petrópolis informa que seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes. Informa também que sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos"

A reportagem busca contato com a defesa do empresário Walter Faria. O espaço está aberto para manifestações de defesa.

Preso na Operação Rock City, a fase 62 da Lava Jato deflagrada nesta quarta-feira, 31, o presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria, declarou ter R$ 1,3 bilhão em contas no exterior, segundo aponta relatório de sua quebra de sigilo bancário. Segundo a Receita Federal, o montante equivale a 1% do total repatriado no âmbito do Regime Especial de Regularização Cambial e tributária (RERCT).

O Ministério Público Federal rastreou as contas do dono do Grupo Petrópolis e encontrou ativos na Suíça, Ilhas Virgens, Panamá, Reino Unido, Holanda e Uruguai. Segundo a procuradora Laura Tessler, que elaborou o relatório, "a análise teve por objeto as Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física de Walter Faria dos anos-calendário 2006 a 2017".

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"Dessas declarações foram coletados e empilhados os registros de ativos, com indicação de localização no exterior". Ela elenca todas as movimentações financeiras de Faria no período. Parte teria sido repatriada.

Segundo a juíza federal Gabriela Hardt, em decisão que autorizou a prisão de executivos do Grupo Petrópolis, Walter Faria "aderiu ao Regime Especial de Regularização Cambial e tributária (RERCT) e 'regularizou' R$ 1.393.800.399,02, conforme declarações de imposto de renda".

"Em consulta aos dados de operações de câmbio de Walter Faria, constata-se que o investigado internalizou, de 01/01/2013 a 31/01/2019, o montante de USD 136.800.000,00, o que indica claramente que os ativos ilícitos permanecem em grande parte no exterior", anotou Gabriela.

O juiz ainda anota que, "segundo o Relatório de Inteligência Financeira n.41353.3.138.4851 emitido pelo Coaf, de 08/04/2019 a 11/04/2019, Walter Faria internalizou cerca de R$ 185.805.000,00 e tentou adquirir uma Cédula de Crédito Bancário junto Intrader Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, mas não foi concretizado o negócio, pois este não conseguiu comprovar a licitude dos valores perante a instituição financeira".

Defesas

"O Grupo Petrópolis informa que seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes. Informa também que sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos"

A reportagem busca contato com a defesa do empresário Walter Faria. O espaço está aberto para manifestações de defesa.

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