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O Festival Abril Pro Rock (APR), que chega à sua 22ª edição e está marcado para acontecer nos próximos dias 25 e 26 de abril, no Chevrollet Hall, anunciou nesta terça-feira (28) as primeiras atrações do evento. A novidade envolve duas bandas internacionas, Sebadoh e Obituary (EUA), e a volta de Karina Buhr e Autoramas, que já se apresentaram respectivamente no festival em 2011 e 2008. A venda de ingressos só vai começar depois do Carnaval, quando será divulgada a programação completa com oficinas e exposições de arte. 

O APR aposta numa noite de clássicos (sexta-feira) e noutra voltada ao metal (sábado). No primeiro dia o palco do festival vai receber o encontro entre Renato Barros, líder do grupo Renato e seus Blue Caps, e os Autoramas, que vão levar ao público, numa roupagem mais rock and roll, hits do artista como Menina Linda, Feche os Olhos, Não te esquecerei e A primeira lágrima

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Na mesma noite, a performática Karina Buhr envolve o público nos sucessos do álbum de estreia dos Secos & Molhados, banda que notabilizou o cantor Ney Matogrosso. Confira abaixo o show de Karina na edição de 2011 do APR.

 

Sabadoh, atração gringa da sexta do Abril Pro Rock, liderada pelo baixista Lou Barlow, do Dinosaur Jr., leva aos roqueiros o Defend yourself, oitavo disco do grupo lançado após 14 anos de hiato. O sábado do metal conta com a apresentação inédita no Recife da banda de death metal Obituary , formada por Terry Butler (ex-Death, ex-Six Feet Under, Denial Fiend e Massacre), além dos irmãos Tardy (John e Donald, respectivamente, vocal e bateria), Trevor Peres (guitarra) e Ralph Santolla (ex-Deicide). 

Como contar a sua própria história, se um terço dela se recusa a participar da narrativa? É mais ou menos frente a esse dilema que se encontra hoje em dia um dos mais influentes grupos da música pop brasileira (e provavelmente mundial): os Secos & Molhados. Há quase quatro décadas, desde o fim do grupo, dois de seus três integrantes (Ney Matogrosso e Gerson Conrad) não conversam mais com o terceiro elemento, o compositor, violonista e cantor João Ricardo.

Ocorre que Gerson Conrad resolveu contar sua história em uma fotobiografia, Meteórico Fenômeno - Memórias de um ex-Secos & Molhados. Por intermédio da sua editora, Conrad pediu autorização a João Ricardo para publicar as fotos dos três, mas João Ricardo negou. "A minha imagem colada à dele? De jeito nenhum! Seria uma estupidez, há 39 anos não nos relacionamos", afirmou João Ricardo. "Como o livro tem conotações comerciais, e inclusive é usado para me atacar, por que eu autorizaria?".

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O resultado da negativa foi um recurso no mínimo bizarro: por meio de cortes, Photoshop ou outros recursos, João Ricardo virou um fantasma no livro. Ele é mencionado (inclusive na letra de uma música inédita, Direto Recado), mas não há imagens dos três no seu auge. É mais ou menos como se Paul McCartney tivesse vetado a reprodução de sua imagem nos seus anos de Beatles, e os outros o recortassem das fotos.

"Uma pena João, por vaidade ou pouca espiritualidade, ter vetado o uso de imagem dele. Para mim, é uma atitude individualista que desrespeita o grande número de fãs que nos cultua", lamentou Gerson Conrad. Ambos eram muito amigos. Conheceram-se na Alameda Ribeirão Preto, no bairro da Bela Vista, quando ainda eram garotos, tocavam violão e jogavam pingue-pongue.

Curioso é que Conrad, apesar do imbróglio com João Ricardo, defende que se peça autorização prévia a qualquer biografado para que se escreva um livro sobre ele. "Acho coerente que, seja lá quem escreva uma biografia sobre algum artista, solicite no mínimo uma autorização. Assim como procedi com Ney e João Ricardo", afirmou. "Tenho acompanhado as manifestações de Chico, Gil entre outros, sobre essa questão. Minha opinião não difere muito de seus contra-argumentos. João, por exemplo, negou a autorização de imagem, e nem por isso desisti de publicar minha obra. Sempre haverá recursos éticos a serem adotados ou escolhidos para esses casos."

O caso da fotobiografia de Gerson Conrad pode não ser da mesma natureza da restrição que motiva o debate sobre as biografias não autorizadas, mas é ilustrativo da distorção que a autorização prévia pode causar. "Certamente João Ricardo assimilou erroneamente a conotação literária 'não importa a intenção do autor, o que importa é a obra', julgando-se a própria obra", alfineta Gerson Conrad no livro.

João Ricardo não quer nem saber o que o colega escreve no livro. Diz que Conrad é uma pessoa "totalmente desimportante" e não quer polemizar. "Nem é um livro, na verdade. Parece que é mais uma revista. Para ser honesto, não tenho interesse (em ler)", afirmou. "É a visão dele, é a versão dele. Eu sou totalmente a favor da liberação das biografias. Não há nada que explique que uma pessoa não possa falar de você, que é um artista, se expõe. Nos Estados Unidos, há milhares de biografias falando mal dos ídolos do rock. Mas o direito de imagem é outra coisa. Os dois saíram do grupo me detonando. Não faço restrições a que falem o que quiserem, mas, se você procurar bem, vai achar uma entrevista deles falando cobras e lagartos de mim quando saíram do grupo, em 1974. Só me falta agora me virem com essa: 'Posso usar sua imagem para ganhar um troco?'", disparou.

METEÓRICO FENÔMENO - MEMÓRIAS DE UM EX-SECOS & MOLHADOS - Autor:

Gerson Conrad. Editora: Anadarco (135 págs., R$ 56).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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