GOIÂNIA - Aconteceram partes poéticas, aparentemente utópicas na Era Mano Menezes, inclusive o gol de Neymar no último lance da partida. Mas também tiveram os repetitivos momentos trágicos da conjuntura que vive a Seleção Brasileira. E esses foram soberanos na noite desta quarta-feira (19), no estádio Serra Dourada. No primeiro jogo do Superclássico das Américas 2012, o Brasil ganhou da Argentina por 2x1, de virada. Martinez abriu o placar e Paulinho empatou.
O duelo de volta será no dia 3 de outubro, em Resistência. Com o resultado, os brasileiros jogam por um empate para conquistar o décimo título dessa competição. Já os argentinos, diante da torcida, tentam reverter a situação e brigar pela quinta conquista da antiga Copa Roca.
##RECOMENDA##
Um patriotismo de arrepiar e emocionar. Um futebol para se preocupar
O clima era diferente antes mesmo de a bola rolar. Brasil x Argentina é sempre diferenciado. A começar pelas reações dos torcedores. A Era Mano Menezes vem sendo marcada pelos embates com a exigente nação do futebol. Entretanto, no hino nacional a primeira grande surpresa.
Um ensurdecedor e emocionante cântico entoado por mais de 37 mil tupiniquins. A magia do improviso, do inesperado, do patriotismo, até então, adormecido. Uma pátria amada e, como as mesmas arquibancadas ecoaram em seguida, com “muito orgulho e muito amor”. Mano pode ter acordado no dia mais inspirado da carreira, mas jamais igualaria essa “preleção”.
E a poesia, pelo menos nos 45 minutos iniciais, ficou por aí. Dribles, pressão e mais firulas. Improdutivo, o Brasil sufocava a Argentina. Mas não chutou. Na primeira tentativa da partida, aos 19, Martinez, que atua no Corinthians, abriu o placar. O atacante recebeu passe de Maxi Rodriguez e chutou forte, sem chances para Jefferson.
Vaias? Adeus, Mano? Burro? Ainda não. Um superclássico pede incentivo. Através dele os brasileiros voltaram a pressionar. Já que não funcionava com a bola rolando, em uma jogada ensaiada o empate saiu. Neymar cruzou na área e Paulinho (também do Corinthians), em posição irregular, cabeceou para o fundo das redes. Vale o ensinamento do folclórico Túlio Maravilha: “contra Argentina vale até gol de mão”.
Reclamações e ilusões
Quando Carlos Amarilla apitou o início da metade final da partida os gritos de incentivo foram repetidos. Sem entrar na questão de merecimento, o time verde e amarelo seguia com o apoio das arquibancadas necessário para ter a tal tranquilidade cobrada por Mano Menezes.
Entretanto, a paciência, antes ironizada com alguns minutos de “ola”, acabou aos 30. Brasil e Argentina sequer criaram uma solitária oportunidade. Méritos dos hermanos, reconhecendo a limitação técnica cumpriu a proposta do começo ao final. Pecado dos canarinhos que, mais uma vez, adormeceram com o nobre favoritismo.
A trilha sonora foi alterada. Assim como em São Paulo, “burro”, “adeus, Mano” e “volta, Felipão” assolaram o perdido Mano Menezes. Só que, nesta noite, quem terá pesadelos é o zagueiro Desábato. No último lance da partida o defensor argentino colocou a mão na bola dentro da área. Na cobrança do pênalti, Neymar acertou o ângulo e transformou as reclamações em novos aplausos. Só que esses carregados de ilusões.
Ficha do jogo
Local: estádio Serra Dourada, em Goiânia (GO)
Data: 19/09/2012 (quarta-feira)
Brasil
Jefferson, Lucas Marques, Rever, Dedé e Fabio Santos; Ralf, Paulinho e Jadson (Thiago Neves); Lucas (Wellington Nem), Neymar e Luis Fabiano (Leandro Damião). Técnico: Mano Menezes
Argentina
Ustari, Peruzzi, Sebá Dominguez, Desábato e Lisandro Lopez (Vergini); Braña, Guiñazu, Maxi Rodriguez, Clemente Rodríguez; Martinez (Somoza) e Barcos (Funes Mori).Técnico: Alejandro Sabella
Árbitro: Carlos Amarilla (Paraguai)
Auxilires: Rodney Ubaldo Aquino e Carlos Santiago Caceres (ambos do Paraguai)
Cartões amarelos: Paulinho, Neymar (Brasil); Desábato (Argentina)
Gols: Paulinho, aos 25 minutos do primeiro tempo, e Neymar, aos 48 do segundo tempo (Brasil);Martinez, aos 19 minutos do primeiro tempo (Argentina)
Público: 37.871
Renda: R$ 2.700.670,00