Tópicos | Teatro Real de Madri

Sob a sombra ameaçadora do filme O Segredo de Brokeback Mountain, dois caubóis com vozes de tenor e barítono revivem, nesta terça-feira (28), no palco do Teatro Real de Madri, sua trágica história de amor, adaptada para a ópera depois do sucesso nos cinemas. Os sons da tuba e dos contrabaixos aumentam, ameaçadores, enquanto nas paredes que cercam o palco são exibidas imagens das montanhas de Wyoming.

Adaptada para o cinema em 2005 pelo diretor taiwanês Ang Lee, em um filme que venceu três Oscar, a história de Ennis e Jack ganha vida nesta terça-feira pela primeira vez em uma ópera, graças ao compositor americano Charles Wuorinen. No palco, o barítono canadense Daniel Okulitch, que interpreta Ennis del Mar, e o tenor americano Tom Randle, que interpreta Jack Twist, se conhecem criando suas ovelhas nas montanhas de Wyoming durante o verão de 1963, que é seguido por duas décadas de sofrimento, pontuada por encontros fugazes, enquanto cada um constrói sua família.

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Autor de mais de 260 composições, incluindo uma ópera adaptada de um livro de Salman Rushdie, Charles Wuorinen, de 75 anos, trabalhou em estreita colaboração com a escritora Annie Proulx. Inspirada pelo tempo que passou em Wyoming, a autora de 78 anos publicou em 1997, na revista The New Yorker, o romance Brokeback Mountain, que viria a inspirar o filme e esta ópera.

Um dia antes da estreia, os dois atores declararam que o enredo vai além da difícil relação entre dois homens em uma região e em uma era homofóbica. "Ennis é conservador, combate a mudança em um nível extremamente pessoal. Já Jack é o agente da mudança, a perseverança e a força que provoca as tensões", explicou Proulx. "Esse combate mais amplo domina toda a ópera", acrescentou. "Lutamos para descobrir quem nós somos realmente. Uma das coisas boas dessa história é que este espelho nos coloca de frente para o público", considera Tom Randle.

Quanto à ópera, os diálogos em inglês são breves, cantados em uma linguagem simples. A ópera conta com uma "profunda dramaturgia musical", comentou o diretor da orquestra, Titus Engel. Alertado sobre o conservadorismo de alguns sócios do Teatro Real, Charles Wuorinen não pareceu preocupado a esse respeito: "O que os espectadores podem pensar ou dizer... não é problema meu, é seu".

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