Tópicos | Torcidas organizados

Não existe uma solução imediata para o problema de violência nas torcidas organizadas brasileiras. Porém, não significa que a pacificação no futebol é impossível de ser alcançada. Mestre em Direito, o juiz do TJ-PE e responsável por implementar o Juizado do Torcedor em Pernambuco, Aílton Alfredo explicou o que pode ser feito para ter controle das TO's e acabar com as cenas lamentáveis e frequentes que envolvem o esporte no Brasil.

Aílton Alfredo e o comentarista esportivo da Rádio Transamérica, Cabral Neto, participaram do I Simpósio de Direito Desportivo – “Estatuto do torcedor: o reflexo das alterações na legislação esportiva”, realizado na Faculdade Estácio do Recife, neste sábado (12). A dupla relembrou os incidentes recentes envolvendo as organizadas de Náutico, Paysandu, Santa Cruz e Sport, criticou a falta de investigações e prevenções dos atos de violência e discutiu as melhores maneiras de readequação na cultura de torcer pelos times de futebol.

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"O futebol, não como esporte, mas como expressão cultural, é algo que transcende o jogo, a exibição. Mexe com o sentimento dos envolvidos, de todos os torcedores", disse Aílton Alfredo. E revelou: "Quando eu entrei no Juizado do Torcedor foi por indignação, mas com o tempo passei a perceber a impotência que tinha para resolver os problemas lá dentro". Ele começou no Juizado do Torcedor em 2006 e saiu há um ano e meio.

A violência das torcidas organizadas deve ser combatida de uma forma diferente, como aponta Aílton Alfredo. "Não podemos pensar em mudar a constituição para caracterizar uma pena mais rígida aos infratores das organizadas. Esse não é o melhor caminho. Até porque se tomarmos essa medida estamos apenas comprovando que todas as instâncias de coibição de violência estão falidas. Desde a polícia que investiga, ao julgamento, sistema carcerário e toda educação social", explicou o juiz.

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Para simplificar, Aílton Alfredo acredita que esse processo de melhora já existe no Brasil, até pela preocupação que as organizações estão tendo em conter as organizadas. Ele também disse que serão necessários de 15 a 20 anos para uma mudança do quadro, como ocorreu na Inglaterra com os hooligans.

E apontou etapas: repressão qualificada com investigação e prevenção dos atos de vandalismo e crime (1); trabalho de política pública em justiça restaurativa (2); educação social, com discussões sobre o assunto desde o colégio, para mudanças de cultura (3). Aílton Alfredo ainda destacou: "É possível ter torcida organizada que agregue ao clube. Não no modelo atual daqui do Brasil. Mas várias seleções europeias, por exemplo, têm torcidas organizadas, que são até rentáveis e não têm nenhum envolvimento com política ou crime".

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