Tópicos | Valdemar de Oliveira

Localizado no bairro da Boa Vista, área central do Recife, o Teatro Valdemar de Oliveira marcou a vida de muita gente. Apesar de ser referência no cenário da arte pernambucana, o espaço cultural vem passando por um momento bastante delicado. Fechado desde 2020, por conta da pandemia da Covid-19, o teatro está totalmente entregue ao descaso.

No primeiro semestre deste ano, o Valdemar de Oliveira passou a ser invadido. Suas instalações enfrentaram roubos e arrombamentos, causando revolta naqueles que têm uma história afetiva e, até mesmo, um apreço à distância pelo ambiente. Em 2022, a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) chegou a fazer alguns alinhamentos para dar início a um processo de comodato (concessão gratuita).

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De acordo com o órgão, à epoca comandado pela gestão de Paulo Câmara (PSB), a ideia era que o imóvel fosse gerido pelo Estado por um prazo de 19 anos. Tocado pelo Grupo Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), o local seria administrado pelo Governo de Pernambuco até 2041, ano em que o Teatro Valdemar de Oliveira completa 100 anos.

Procurada pelo LeiaJá, a Secretaria de Cultura de Pernambuco informou que nenhum pedido corre em prol da revitalização do monumento. "O Teatro Valdemar de Oliveira é privado. Não tramita na Secretaria de Cultura/Fundarpe solicitação de comodato, ou seja, não houve formalização de processo", disse o comunicado.

A reportagem também entrou em contato com uma das representantes do equipamento, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta matéria. Resta saber agora como ficará os rumos do Teatro Valdemar de Oliveira, se sua grandeza artística será refém do abandono ou organizada para receber novamente os aplausos do público.

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Inspirado no sucesso infantil mundial Dora, a aventureira, está em cartaz no Recife o espetáculo infantil As Aventuras de Dora e Botas. A peça narra a história da personagem princiapal e seu companheiro, o macaco Botas, em suas viagens por diversos locais.

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Tudo começa no paiol, quando a menina encontra o mapa e pede a ele para lhe mostrar os lugares a quais ela deva ir. Em meio a suas viagens, Dora tem que fugir do Raposo, vilão que não pretende facilitar os caminhos para a menina e seu amiguinho.  

Três atores e um manipulador de bonecos dão vida aos personagens. Com texto e direção de Hugo Raffael, cenografia de Silva Filho e coreografias de Rodrigo Mota, As aventuras de Dora e Botas está em cartaz no Teatro Valdemar de Oliveira, sempre nas manhãs de domingos até o primeiro domingo de fevereiro (03/02).

Serviço

As Aventuras de Dora e Botas

Teatro Valdemar de Oliveira |Domingos 11h

R$ 40 (inteira) R$ 20 (meia)

Livre

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Um movimento que começou sem grandes pretensões, desafiou tabus em uma época em que ser ator ou atriz significava ser um degenerado e marcou a história das artes cênicas do Estado de Pernambuco. Com a liderança de uma das mais importantes figuras do teatro pernambucano, Valdemar de Oliveira, o Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP) conseguiu alcançar ótimas bilheterias e ajudou a derrubar preconceitos, trazendo pessoas da sociedade para seu elenco e a devoção ao teatro.

Como parte das comemorações dos setenta anos de existência do TAP, completados ano passado, o grupo está em curta temporada com o espetáculo Um Sábado em 30, o maior sucesso em décadas de atuação. "Essa peça estreou aqui no Teatro de Santa Isabel em 8 de julho de 1963", avisa Reinaldo de Oliveira, filho de Valdemar e atual diretor do TAP.

Reinaldo recebeu, em nome do Teatro de Amadores de Pernambuco, antes do espetáculo desta sexta (14), a Comenda José Mariano, da Câmara Municipal do Recife. A honraria foi entregue pelo vereador Marco Menezes, que propôs a homenagem. À reportagem do LeiaJá, Reinaldo de Oliveira afirmou que "o TAP revolucionou a cena teatral pernambucana", trilhando um caminho até hoje percorrido por diferentes grupos. Ele fala também da honra que é continuar o legado do pai, Valdemar. "Momentos como esse marcam a história do TAP", completou o diretor.

A peça

Um Sábado em 30 é uma peça escrita por Luiz Marinho, ambientada durante a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. A trama retrata a vida de uma família abastada do interior de Pernambuco. Uma típica comédia de costumes, o espetáculo tem tipos marcantes, como a velha falastrona Sá Nana, o Major Paulino, chefe da família que ficou cego na Guerra do Paraguai e agora vive passando a mão nas mulheres, e o negro Julião, responsável por alguns dos momentos mais hilários da encenação.

O texto bem-humorado e capaz de causar o riso fácil conquistou o público rapidamente. As  gargalhadas brotavam o tempo todo, motivadas pelos diálogos, pelas situações imaginadas por Luiz Marinho e trejeitos dos atores. Um destaque é a qualidade da atuação de Ivanildo Silva como Julião e a de Maria Paula como Sá Nana, além da espevitada empregada Zefa, interpretada por Clenira Melo.

Apesar de se passar num momento histórico muito específico do Brasil, a peça é ainda de uma vitalidade marcante em vários aspectos e usa muito bem a comédia de situações cotidianas e dos vários conflitos vividos dentro do seio familiar. Um Sábado em 30, ainda que despretenciosamente, condensa diferentes aspectos do desenvolvimento social brasileiro, encarnados nas figuras das filhas "libertinas" com um comportamento moderno demais para os mais antigos, as relações de subserviência dos empregados numa época em que muitos tinham nascido no período da escravidão ou nos tabus em relação à sexualidade ridicularizados no texto.

E chega a ser um alento poder rir de piadas escritas em uma época em que o patrulhamento do "politicamente correto", que pasteuriza e torna qualquer humor em algo completamente sem graça, ainda nem tinha pensado em nascer. Feito por quem ama teatro acima de tudo, o Teatro de Amadores de Pernambuco está de parabéns. E foi aplaudido de pé.

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