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O governador João Doria (PSDB) convidou formalmente o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para entrar no PSDB. Segundo o tucano, que recebeu o deputado, neste domingo, 7, em sua residência na capital, Maia disse que vai analisar a proposta e que não tomará essa decisão imediatamente.

"Ontem, recebi a visita (de Rodrigo Maia) em minha residência e o convidei (a se filiar). Ele vai analisar. Essa não é uma decisão que ele vai tomar de imediato. Ficou claro para mim que ele deixará o DEM. Nos próximos dias ou semanas teremos a posição dele", disse Doria em entrevista coletiva nesta segunda, 7, no Palácio dos Bandeirantes.

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O encontro entre Maia e o governador paulista acontece no momento em que PSDB, PSL, Cidadania e MDB fazem uma ofensiva para atrair o ex-presidente da Câmara. Em entrevista publicada nesta segunda-feira, 8, no jornal Valor Econômico, o deputado disse que pretende deixar o DEM e que vai para uma sigla que faça oposição ao presidente Jair Bolsonaro. "O DEM decidiu majoritariamente por um caminho, voltando a ser de extrema direita, que é ser aliado do Bolsonaro", disse Maia.

Embora Doria não tenha tratado do assunto na conversa deste domingo, 7, o PSDB fluminense sinaliza que Maia pode ser o candidato da sigla ao Senado ou ao governo do Rio de Janeiro em 2022. "Maia tem tapete vermelho no PSDB e todo espaço político. Ele tem bagagem para disputar um cargo no Executivo. É um cenário promissor", disse o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).

No entorno do presidente da Câmara, porém, a avaliação é que o deputado não tem demonstrado interesse em disputar um cargo majoritário nas eleições de 2022. O foco de Maia seria participar de uma articulação nacional para formar uma frente de centro e encontrar um nome viável para enfrentar Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto.

Reações

A entrevista de Maia e as notícias de que ele estaria conversando com partidos sobre uma possível filiação provocaram diversas reações. "Infelizmente, o deputado Rodrigo Maia tenta transferir para a presidência do Democratas a responsabilidade pelos erros que ele próprio cometeu durante a condução do processo de eleição da Mesa Diretora da Câmara", disse o ex-prefeito de Salvador e presidente do DEM, ACM Neto, em nota divulgada nesta segunda-feira.

O dirigente disse, ainda, que "lamenta muito" as palavras do deputado Rodrigo Maia. "Não guardo rancor ou ódio de ninguém, porque não me permito ficar refém de sentimentos tão negativos", afirmou ACM Neto.

Em outra frente, o senador Major Olímpio (SP), líder do PSL no Senado, rechaçou a possibilidade de o ex-presidente da Câmara entrar no partido. "Nem eu nem as bases do PSL vamos aceitar. Só seremos xingados nas ruas se aceitarmos Maia e ainda com o propósito macabro do PSL apoiar Doria em 22", disse o parlamentar.

Procurada, a assessoria de Maia informou que ainda não há decisão sobre seu futuro político e que, no momento, "é tudo especulação".

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), diz que o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi "acometido por uma síndrome que atinge com muita frequência as pessoas que não aceitam deixar o poder: 'síndrome da ansiedade de poder'". Para o governador, "ganhar ou perder faz parte de todo o processo político".

Nesta segunda-feira, em entrevista publicada pelo Valor Econômico, Maia acusa o presidente do DEM, ACM Neto, de ter entregue ao Palácio do Planalto "na bandeja" a cabeça dos apoiadores da candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) para a sucessão da Casa. Segundo Maia, "a movimentação da cúpula do partido, principalmente do seu presidente e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, deixou claro que há a intenção de aproximação maior com o governo Bolsonaro, que não será apenas uma relação parlamentar com a agenda econômica, mas mais ampla". "Foi um processo muito feito do Neto e do Caiado. Ficar contra é legítimo, falar uma coisa e fazer outra não. Falta caráter, né?", disse Maia na entrevista, referindo-se à mudança de posicionamento do DEM contra Baleia.

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Em nota, Caiado respondeu que "a entrevista de Maia não deve ser considerada pela classe política porque é indicadora de internação hospitalar". Segundo Caiado, Maia tentou "furar a Constituição" com a tentativa de reeleição e não havia trabalhado outro candidato para sua sucessão. Para o governador, com a negativa da Corte, o ex-presidente da Casa ensaiou então "um movimento desesperado, de imposição, sem qualquer unidade e coerência".

"Depois de ter sido eleito por três vezes presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo achou que era proprietário das decisões de todos os deputados do Democratas e dos demais da Câmara. Ao reagir desta maneira, desrespeitou toda a bancada de um partido que sempre lhe deu apoio nos momentos mais difíceis. Agir da forma como Rodrigo agiu é o que, de fato, demonstra falta de caráter", rebateu Caiado no texto.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), confirmou que vai deixar o DEM para fazer oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Após ver seu candidato na eleição à Presidência da Câmara abandonado em nome da aproximação de seu partido com o presidente da República, Maia disse que o DEM regrediu aos tempos de Arena, voltando à extrema-direita.

"O partido voltou ao que era na década de 1980, para antes da redemocratização, quando o presidente do partido aceita inclusive apoiar o Bolsonaro", disse Maia em entrevista ao jornal Valor Econômico. E completou: "o DEM decidiu majoritariamente por um caminho, voltando a ser de direita ou extrema-direita, que é ser um aliado de Bolsonaro."

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Maia afirmou que vai fazer o pedido de desfiliação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para "dormir tranquilo". "Vou pedir minha saída no TSE (...). Hoje posso dizer que sou oposição ao presidente Bolsonaro. Quando era presidente da Câmara, não podia dizer. Mas agora quero um partido que eu possa dormir tranquilo de que não apoiará [o presidente]. (...) Não quero participar de um projeto que respalda todos os atos antidemocráticos."

A decisão de Maia de deixar o partido foi tomada após o DEM abandonar a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara, declarando neutralidade na véspera da eleição, o que liberou os deputados a votarem no candidato bolsonarista, Arthur Lira (Progressistas-AL).

O ex-presidente da Casa criticou duramente o presidente do partido, ACM Neto (BA), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pela mudança de posicionamento do partido. "Foi um processo muito feito do Neto e do Caiado. Ficar contra é legítimo, falar uma coisa e fazer outra não. Falta caráter, né?", afirmou.

Ainda de acordo com Maia, a formação da chapa encabeçada por Baleia foi discutida com o presidente e o líder partidário, que aprovaram a escolha como parte de uma estratégia para viabilizar também a eleição do candidato Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado, esvaziando um possível bloco do MDB em torno do nome de Simone Tebet (MDB-MS).

A "traição" do partido, contudo, só foi notada em uma reunião de líderes no dia 31 de janeiro, às vésperas da eleição. "Não podia imaginar que um amigo de 20 anos ia fazer um negócio desses", disse Maia sobre ACM Neto. E completou: "Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele no Senado, ele entregou a nossa cabeça numa bandeja ao Palácio do Planalto."

Além da questão envolvendo a eleição no Congresso, Maia disse que as decisões dos líderes do DEM estão transformando a sigla em "um partido sem posição" - mencionando uma entrevista em que ACM Neto diz que pode ir "do Bolsonaro ao Ciro Gomes" - e sem projeto de País. "Deste partido eu não tenho mais como participar porque não acredito que esse governo tenha um projeto, primeiro, democrático, e, segundo, de país".

Maia ainda colocou que, com a aproximação cada vez maior do DEM com Bolsonaro, a tendência é que a aliança entre o partido e o presidente ultrapassem a pauta econômica. "Não descarto nem a hipótese de Bolsonaro acabar filiado ao DEM", finalizou.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que tenha sido picado pela "mosca azul" e tramado a derrubada do presidente Michel Temer quando da primeira denúncia criminal enviada pela Procuradoria-Geral da República. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o deputado disse considerar que os boatos partiram do próprio entorno do presidente. "Não fiz com eles o que eles fizeram com a Dilma", se defendeu. "Como eles fizeram com a Dilma, talvez imaginassem que o padrão fosse esse."

Segundo Maia, a relação entre os dois partidos está conturbada desde aquele momento, sendo agravada pelo assédio peemedebista a parlamentares que o próprio DEM estava tentando atrair, como é o caso do senador Fernando Bezerra, à época no PSB. Bezerra acabou migrando para a legenda de Temer.

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A publicação diz ainda que o presidente da Câmara deixou claro seu descontentamento com o que considera ser um desrespeito por parte do partido de Temer e lembrou que foi ele quem segurou seu partido e o PSDB dentro do governo. "Vou dizer claramente, sem nenhuma vaidade: se eu tivesse deixado o DEM sair com o PSDB, o Michel tinha caído." Ainda segundo Maia, essa atitude pode ter impacto na disposição do partido em votar temas como a reforma da Previdência.

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