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Aproximadamente 200 famílias deixaram o Residencial Vila do Mar, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, após uma reintegração de posse da propriedade na manhã desta terça-feira (5). O prédio tem 48 apartamentos e estava vazio desde 2017, após ser condenado pela Defesa Civil Municipal, por risco alto de desabamento. Em julho deste ano, foi ocupado por famílias coordenadas pelo Movimento de Luta por Teto, Terra e Trabalho (MLTT), criado há três anos. 

Segundo apurado pelo LeiaJá no local, o presidente do movimento, Davi Lira, foi encaminhado ao 16º Batalhão de Polícia Militar (16º BPM Frei Caneca), no Recife, para prestar esclarecimentos. A ocupação era irregular e o pedido de reintegração foi emitido pela Justiça Federal. Ao todo, 350 policiais militares coordenaram a ação. 

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A orientação é de que os moradores sigam para casas de parentes, se possível, ou que se redirecionem para a ocupação Leão do Norte, no Centro do Recife, e que também pertence ao MLTT. A Leão do Norte já abriga mais de 100 famílias, mas é rotativa e pode ter mudança diária nas acomodações.  

“Antes de a gente fazer a ocupação, já tínhamos feito um cadastro com a população aqui de Jaboatão. Em 2022, se a população pernambucana bem lembrar, mais de 60 pessoas morreram em um [deslizamento] dos bairros aqui de Jaboatão. A situação social de vulnerabilidade e risco dessas famílias, a maioria vinda de áreas de barreiras e alagamentos, nos colocou a necessidade de fazer uma ocupação para reivindicar o direito constitucional à moradia. Tivemos conhecimento desse local que há anos não cumpria nenhuma função social e fizemos um laudo técnico que atesta que não há nível de desabamento”, disse Victor Henrique, secretário geral do MLTT.

Victor Henrique, secretário geral do MLTT acompanhou a atuação da PM. LeiaJá Imagens

Desempregada, Illana Monteiro, de 38 anos, morava no apartamento com a filha e o marido e vem mantendo a família com o auxílio de R$ 600. "Eu não tenho onde morar. Eu estava dormindo na sala da minha mãe com meu esposo e minha filha de 3 anos e aceitei vir porque veio um engenheiro que viu que não tinha risco".

Antes da chegada da ocupação, as dependências do conjunto estavam tomadas por lixo, mato e entulhos, condição que atraía muitos mosquitos e ratos para a localidade. O MLTT mobilizou os integrantes para limpar a propriedade e chegou a estabelecer uma creche para atender às crianças.

"Esse movimento é muito organizado. Temos comissão de limpeza, portaria, cozinha voluntária e creche. Comparado onde eu e outras famílias vivíamos, isso aqui tava sendo um sonho", conta Illana.  

Illana participou da cooperação para a limpeza do Residencial Vila do Mar. LeiaJá Imagens

Ao momento desta publicação, todas as pessoas já haviam sido retiradas dos prédios e a Polícia Militar estava liberando, gradualmente, a entrada individual dos moradores por bloco, para a retirada de móveis e itens pessoais. 

Uma das queixas das famílias sobre o redirecionamento às casas de apoio é justamente sobre não haver local para guardar os próprios pertences; há vagas apenas para pessoas e espaço para itens de uso pessoal. Já o cadastro da assistência social municipal tem como objetivo inscrever as famílias em programas sociais, visando possíveis vagas em programas de habitação, como o Minha Casa, Minha Vida; mas nenhuma solução imediata ou próxima. 

*Com informações de Victor Gouveia 

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