Gustavo Krause

Gustavo Krause

Livre Pensar

Perfil: Professor Titular da Cadeira de Legislação Tributaria, é ex-ministro de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, no Governo Fernando Henrique, e da fazenda no Governo Itamar Franco, além de já ter ocupado diversos cargos públicos em Pernambuco, onde já foi prefeito da Capital e Governador do Estado.

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Embromar e Convencer

Gustavo Krause, | qui, 27/03/2014 - 16:10
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Existe muita gente disposta a embromar e um número de embromáveis infinitamente maior. Trata-se de uma luta desigual entre vigaristas e pessoas de boa fé, os otários, na linguagem dos criminosos.

Por falar em linguagem, o leitor pode ficar sossegado: tenho juízo suficiente para não ir além do trivial. Nada de entrar na semiótica de notáveis teóricos como Peirce, Saussure, Umberto Ecco, etc... Muito menos profanar as ideias de Aristóteles sobre retórica, lógica, dialética, poética e suas relações com a metafísica, a política e a ética que o passar dos milênios absorveu e reverencia.

Vou simplificar. Ou seja, pensar um pouco nessas categorias tão presentes no nosso cotidiano como a nutritiva mistura do feijão com arroz.

Mas vamos pensar, tentando identificar quem ilude e os sintomas da farsa da embromação.

Por definição, seja astúcia, embuste, mentira, ardil, em maior ou menor escala,  pecado venial ou mortal, ninguém pode atirar a primeira pedra contra o embromador. O que interessa é a grande embromação, a embromação dos que têm o poder de atingir o respeitável público a exemplo de líderes políticos, empresariais, grandes executivos, jornalistas, técnicos de futebol, enfim, todo e qualquer profissional que, ao lidar com a opinião pública, engana e do engano obtêm proveito ilícito ou aparentemente lícito.

Em comum, eles tratam o respeitável público como idiotas.

Infelizmente, não foi descoberta uma vacina. A gente só se dá conta depois. Eita! Bateram minha carteira.

Todavia, alguns sinais ajudam na proteção coletiva:

- A pedra de toque do discurso do embromador é o jargão. Ele usa com a grave solenidade como se fosse o dono (cuidado com o discurso “moderno” da “governança corporativa” dos CEOs);

- o discurso do embromador é sempre uma exaltação aos “conhecimentos especializados”, usando termos técnicos em moda, se possível, em outros idiomas;

- para o embromador, importante é impressionar. Um rolando lero elegante. Impressionou, enganou o besta;

- o discurso do embromador tem algo de obscuro, melhor dizendo, misterioso. Na vida laica, mistério é ilusionismo;

- no conjunto da obra, o discurso impressionista é uma espécie de “turbina intelectual”. É um arretado! Sabe tudo. A plateia baba.

 

Mas não sejamos tão inclementes. Existe o outro lado da moeda que é o discurso do convencimento:

- é breve e fundamentado em fatos consistentes;

- é objetivo, claro e conquista pela forma e pelo conteúdo;

- é próximo das pessoas e a proximidade se alimenta de “histórias” que contêm  grandezas e fraquezas. Ninguém aguenta os “heróis” que jamais levaram porrada;

- é, na dose certa, bem humorado. É preciso não se levar muito a sério para levar a sério tudo que faz;

- quem convence não precisa optar entre ser chato um autêntico ou um simpático artificial. Estilo não se inventa e as pesquisas sobre o assunto indicam que a comunicação convincente deriva 7% das palavras e 93% de pistas não-verbais.

Resta uma grande questão: diante de um escândalo de dimensão nacional, internacional, multinacional, como agir? Simples: contratar a maior consultoria do Planeta em embromação: a BRASILBRÁS. 

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