Magno Martins

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Política Diária

Perfil:Graduado em Jornalismo pela Unicap e com pós-graduação em Ciências Políticas, possui 30 anos de carreira e já atuou em veículos como O Globo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi secretário de Imprensa de Pernambuco e presidiu o comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. É fundador e diretor-presidente do Blog do Magno e do Programa Frente a Frente.

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Espera dolorosa

Magno Martins , | sab, 16/08/2014 - 15:48
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Há três dias, Pernambuco aguarda, silencioso e choroso, os restos mortais do ex-governador Eduardo Campos (PSB) para prestar-lhe as últimas homenagens. Jornalistas de todo o País de plantão em frente à casa da viúva Renata Campos buscam a notícia que todos esperam: a liberação dos corpos pelo IML de São Paulo.

Mas não foi feita ainda a conclusão da perícia e as notícias quanto a esse desfecho são lentas e incertas, simplesmente porque o Corpo de Bombeiros, deslocado ao local desde o momento em que se confirmou a tragédia, não encontrou quase nada dos sete corpos, a não ser pequenos fragmentos de carne humana.

Minúsculos pedaços, em áreas já bem distantes do local em que foram encontrados os destroços da aeronave. Dentista de Eduardo Campos, Fernando Cavalcanti foi a São Paulo com a missão de identificar a arcada dentária do ex-governador, mas voltou ontem de madrugada chocado e abalado.

A arcada não foi encontrada e no contato com os peritos viu apenas pequeninos pedaços do que restaram dos corpos, achados, segundo ele, em 15 paredes de casas ao redor do local do acidente. “São tão minúsculos que para se montar seria necessário fazer um xadrez”, disse Cavalcanti.

A razão de tamanha demora reside ai. Os bombeiros, por mais esforços que tenham feito, não conseguiram encontrar pedaços dos corpos, mas miniaturas de carnes humanas. Como estavam a bordo sete pessoas, parece humanamente impossível acelerar a identificação do ex-governador, dos seus quatro assessores e dos dois tripulantes.

Identificação esta pelo DNA, processo que naturalmente já é mais lento, imagine com restos mortais que são, na verdade, miniaturas! Porta-voz da família, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, teve que voltar, ontem, para São Paulo para se inteirar dos trabalhos de perícia com o próprio comando do IML e mais do que isso com o governador paulista Geraldo Alckmin.

Agora, é torcer para que possa encontrar um quadro já definido, mas pelo que deixou a entender, na coletiva, há pouco, em frente à casa da família Campos, não é certo o traslado para amanhã dos restos mortais nem tampouco o sepultamento para o próximo domingo.

Tudo isso prorroga o sofrimento da família, de Renata e seus filhos, da mãe Ana Arraes, do irmão Antônio Campos, dos tios, que estão todos reunidos para confortar a viúva, enfim, leva todos a um sofrimento que parece sem fim.

E todo sofrimento é dramático e doloroso. Mas temos que encarar tudo isso com muita força e coragem, porque se trata de uma verdade cristalina. E toda verdade assim é dolorosa, porque nela mora o silêncio que existe em volta das palavras.

Para encarar tudo isso, absorver a compreensão deste momento, é preciso ter muita sensibilidade e saber prestar atenção. Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas. A atenção flutua, toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido! Mas não precisa ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Por isso que Pernambuco está tão silencioso, a espera de notícias da chegada dos restos mais do seu mais ilustre filho.

DESFECHO– Em entrevista exclusiva, ontem, ao Frente a Frente, direto de São Paulo, o governador João Lyra Neto se mostrou otimista em relação ao desfecho dos trabalhos de identificação dos restos mortais de Eduardo e as demais vítimas da tragédia para hoje por volta de meio dia. Se tudo correr bem, o traslado para o Recife será feito no final da tarde, estando o velório previsto para o início da noite.

Para entrar na história – O velório de Eduardo deve atrair as maiores lideranças políticas do País, da presidente Dilma ao ex-presidente Lula passando por uma penca de governadores, além de Aécio Neves, candidato do PSB ao Planalto, e Marina Silva, cotada para substituir Eduardo na corrida presidencial.

Cratera de três metros– Segundo relato que o governador João Lyra Neto ouviu, ontem, em São Paulo, quando o avião que conduzia Eduardo a Santos caiu o impacto foi tão grande que abriu um buraco no chão de três metros. O maior pedaço da aeronave encontrado não tinha 15 centímetros. As cenas da tragédia são de um filme verdadeiramente de horror.

Um gentleman! – Na entrevista exclusiva que deu ao meu programa, João Lyra se rasgou em elogios ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “Ele foi de uma atenção excepcional. Ontem (quinta), estava às 22 horas no IML acompanhando de perto o trabalho dos peritos e fez questão de nos dar assistência em tempo integral”, contou.

Amaral, o complicador– As maiores resistências ao nome de Marina Silva para substituir Eduardo Campos na corrida presidencial partem do presidente Roberto Amaral, que tem uma relação complicada com a ex-senadora. Se os eduardistas não fizeram uma força-tarefa para dobrar as resistências, o partido pode disputar com uma candidatura olímpica, como a de Luiza Erundina.

CURTAS

SOLIDARIEDADE– O senador Humberto Costa, que na política estadual está hoje no campo da oposição a Paulo Câmara, candidato lançado por Eduardo para disputar à sua sucessão, esteve, ontem, na casa de Renata Campos para transmitir sua solidariedade.

COBERTURA– Um fato lamentável, ontem, em meio ao clima de comoção observado ontem na casa da família Campos, foi o assalto a um grupo de jornalistas nas proximidades da BR-101, quando saia do almoço em direção ao QG da Imprensa, em frente à própria residência.

 

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