Magno Martins

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Política Diária

Perfil:Graduado em Jornalismo pela Unicap e com pós-graduação em Ciências Políticas, possui 30 anos de carreira e já atuou em veículos como O Globo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi secretário de Imprensa de Pernambuco e presidiu o comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. É fundador e diretor-presidente do Blog do Magno e do Programa Frente a Frente.

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O calote de Elias na Cultura

Magno Martins, | seg, 09/01/2017 - 11:07
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Diferentemente do que exibem as dezenas de placas de outdoors espalhadas por Jaboatão, com a mentira deslavada de que o ex-prefeito Elias Gomes (PSDB) fez o milagre da transformação da água para o vinho, entregando ao novo prefeito Anderson Ferreira (PP) uma Canaã, a herança repassada pelo tucano é de terra arrasada, débitos astronômicos, contas impagáveis e até calote em fornecedores. Na cultura, artistas e produtores teriam a receber mais de R$ 2 milhões.

 

Há mais de 20 fornecedores prejudicados, entre empresas de som, montagem de palco, luz, sanitários químicos e, claro, as que contratam artistas e fazem a produção. Eles estão entrando na justiça, amanhã, com uma ação contra o ex-prefeito. Querem que o Ministério Público investigue também o rombo nas contas da Prefeitura para que o tucano venha ser condenado por improbidade administrativa.

Ao não pagar produtoras e artistas, Elias deu uma forte contribuição para quebrar muitas empresas que vivem do setor em Jaboatão e na Região Metropolitana. Na medida em que vai tomando conhecimento dos tropeços financeiros do antecessor, o novo prefeito se depara com um cenário de horror, bem diferente ao que o tucano tenta incutir na população com propaganda enganosa e paga, certamente, com dinheiro público.

O blog procurou a ABPA, agência do empresário Antônio Bernardi, contratada pela gestão Elias Gomes através de licitação pública. Ele fez todas as subcontratações autorizadas pelo tucano e seu secretário de Cultura, mas ao deixar o poder e não quitar o débito, o ex-prefeito disse que só vai se pronunciar mediante orientação dos seus advogados.

Há informações, também checadas por este blogueiro, que na área de Educação, só com empresas que fornecem merenda escolar, Elias deixou um débito de R$ 6 milhões. Da mesma forma, na Secretaria de Comunicação vários veículos de comunicação ficaram sem receber a mídia autorizada em publicidade.

As vítimas do calote aguardam com expectativa o primeiro pronunciamento do prefeito Anderson Ferreira, o que não deve ser tão rápido, porque a primeira medida dele foi abrir uma auditoria para desvendar a verdadeira caixa preta do Governo Elias. Se o novo prefeito não assumir o pagamento dessas dívidas, muitas empresas não terão outro destino no município que não seja o de encerrar suas atividades, gerando mais desemprego.

ROMBO DE ARARIPINA – Em Araripina, o novo prefeito Raimundo Pimentel (PSL) já tem os primeiros números da herança maldita: o rombo chega a R$ 30 milhões. Só no Fundo Previdenciário, o buraco é da ordem de R$ 22 milhões, segundo o secretário de Finanças, Sinval Ferreira. O ex-prefeito Alexandre Arraes (PSB) deixou ainda duas folhas de pagamento em aberto na Educação que totalizam R$ 6,5 milhões. Existem ainda atrasos na folha de pagamento de servidores ativos e aposentados, débitos com fornecedores, apropriação indébita dos recolhimentos previdenciários e pagamentos que foram agendados no último dia útil do ano (30/12) – ainda na gestão anterior – para serem realizados automaticamente no primeiro dia útil de 2017 (dia 02/01).

Campeão em nepotismo– Entre todos os prefeitos do Agreste, Cleber Chaparral (PSD), cassado e no poder sob efeito de liminar, foi o que mais nomeou parentes. Além de eleger a mãe Lila de Sebastião Urbano presidente da Câmara, nomeou a esposa Juliana Barbosa como secretária de Assistência Social; a prima Fátima Gabrielle, na Saúde; a cunhada Jaldilene Barbosa, na Cultura; Soledade Barbosa, tia da sua esposa, diretora de Educação; Sara Barbosa, cunhada, chefe do Departamento De Pessoal; a tia Conceição de Mozei, diretora de departamento e Fabiana Aguiar, prima, diretora de uma escola.

Parentes mandam nas câmaras – As câmaras de vereadores no Estado viraram a extensão familiar de muitos prefeitos eleitos. Em Afrânio, no Alto Sertão, a presidente da Casa é a mãe do prefeito. Em Cumaru, no Agreste, o presidente é irmão da prefeita, mesma situação de Sertânia, no Moxotó, enquanto em Bom Jardim, no Agreste, a presidente é a mulher do prefeito. Já em Macaparana, na Zona da Mata, o presidente é primo do prefeito. Cadê o Ministério Público? Um poder que tem o papel de fiscalizar o Executivo com um parente de primeiro grau no comando não pode ter o respeito da sociedade.

E nas prefeituras também– Na pequena cidade de Casinhas, no Agreste Setentrional, o novo prefeito João Camelo (PSB) nomeou metade do secretariado com parentes de primeiro grau. Das seis pastas, três estão ocupadas por integrantes da família: Administração e Finanças - Isabella Barbosa Camelo (filha), Assistência Social – Ediluce Barbosa Leal (prima) e Saúde – Gilsamary Interaminense Duda (prima). Em Salgueiro, o prefeito Clebel Cordeiro (PTB) entregou a Secretaria de Governo a Geraldo Neto, filho.

Os absurdos do Cabo– No Cabo, na Região Metropolitana do Recife, a cada vasculhada nas contas do ex-prefeito Vado da Farmácia (sem partido), o novo prefeito Lula Cabral (PSB) toma um choque. Descobriu um pagamento no valor de R$ 5,8 milhões a 53 servidores municipais, em licenças-prêmio. Inconformado e injuriado, Lula diz que os pagamentos são ilegais e recorrerá o ressarcimento ao erário público na justiça. O maior beneficiário nos pagamentos foi o servidor Manoel Luiz Bezerra Neto, auditor fiscal, que embolsou R$ 232.050,00. O bicho vai pegar!

CURTAS

CADÊ O DINHEIRO?- O novo prefeito de Floresta, Ricardo Ferraz (PSD), desmente que tenha encontrado R$ 9 milhões em caixa, conforme anunciou a ex-prefeita Rorró Maniçoba (PSB). Segundo ele, o saldo achado numa conta foi de R$ 14,9 mil e R$ 1,6 milhão em outra conta, para despesas de programas específicos. “Mas o destino deste valor maior precisa ser analisado minuciosamente”, ressalta.

CASO POLICIAL- Em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, o novo prefeito Demóstenes Meira (PTB) teve que acionar até a Polícia Federal para descobrir como foram feitas licitações viciadas e fraudadas na gestão do antecessor Jorge Alexandre (PSDB). De imediato, diante de tanta gente adentrando ao recinto da Prefeitura com cheques emitidos pelo ex-prefeito, passou na delegacia para fazer uma queixa e em seguida foi aos bancos que movimentam as contas oficiais para sustar todos os borrachudos.

Perguntar não ofende: Prefeitos que passam por cima feito um trator da lei antinepotismo não deveriam ser punidos ou obrigados a demitir a parentalha?  

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