Depois de estudos que demandaram muito tempo em meio a um cenário desanimador, o ministro do Desenvolvimento Econômico, Armando Monteiro Neto, apresentou, ontem, ao lado da presidente Dilma, o Plano Nacional de Exportações, voltado para estimular as vendas externas de produtos brasileiros.
O objetivo do plano é incentivar, facilitar e aumentar as exportações brasileiras. De acordo com Armando, enquanto o Brasil possui a sétima maior economia do mundo, ocupa, paradoxalmente, a 25ª posição no ranking de países exportadores. Maior aposta do ministro pernambucano, o plano começa a ter impacto nas vendas externas já no segundo semestre deste ano, segundo ele.
“Mas os resultados se farão sentir de maneira mais efetiva no próximo ano”, disse ele, para acrescentar: “Resta a evidente oportunidade de se lançar uma iniciativa consubstanciada em um plano nacional. O mercado internacional nos oferece mais oportunidades do que riscos e temos espaço para ocupar”.
Para Armando, existe um PIB equivalente a 32 Brasis além das nossas fronteiras, enquanto 97% dos consumidores do planeta estão lá fora. Segundo ele, o comércio internacional está distribuído em todas as regiões do globo. “Há oportunidades para produtos e serviços brasileiros em cada uma das regiões. O Brasil deve se integrar, especialmente às regiões com maior dinamismo”, afirmou.
Junto com o plano, o Governo anunciou o que o seguro de crédito para exportação será simplificado e que haverá redução de prazo para caracterização do sinistro. De acordo com Armando, serão ampliados os setores do seguro-performance. No caso do Fundo de Garantia às Exportações (FGE), o plano prevê a ampliação, em US$ 15 bilhões, o limite para aprovação de novas operações.
O ministro disse ainda que o Governo quer reformar o PIS e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), com um novo formato já em 2016, de modo a introduzir um "crédito financeiro". Segundo ele, isso vai tornar o processo de crédito "muito mais fácil", de forma que as empresas possam compensar esses valores de "forma mais automática" nos processos, sobretudo aquelas que têm "parcela expressiva" do faturamento voltado para a exportação.
Após a cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse que o País precisa exportar mais para os Estados Unidos, país classificado por ele de “grande mercado e grande parceiro econômico”, além de “ajudar” a América Latina e buscar mercados na África e na Ásia.
“Vocês viram que nós estamos na 25ª posição no comércio internacional? Isso, realmente, para nós, é um problema muito grande, uma vez que a gente está disputando mercado com países da União Europeia, da Ásia e os EUA. Nós precisamos ganhar muitos patamares”, declarou.
REPRIMIDO– Já o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, acha as ações contidas no plano são importantes em razão de o mercado interno brasileiro estar, em sua avaliação, reprimido. “Eu acho que o mais importante para alguma coisa que acabou de sair e que precisa ser analisada com detalhes é o foco dado às exportações e isso é correto, em razão do momento em que o mercado interno está reprimido”, afirmou.
Na podridão– De malas prontas para deixar a Prefeitura de São Lourenço e reforçar a coordenação política do Governo Paulo Câmara, Ettore Labanca mostrou, ontem, que chega com a língua afiada. Sobre as declarações de Lula de contestação ao Governo Dilma e ao PT, Labanca constata: “O PT e Dilma não estão no volume morto, como sugere Lula, mas no Pré-sal da podridão”.
Parcerias federais– O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, ligou para o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, confirmando sua presença amanhã no Estado, para amarrar parcerias. Ele estava sendo aguardado ontem no Recife e em Caruaru, onde conheceria o “maior São João do mundo”, mas Dilma pediu para ele ficar em Brasília para prestigiar o lançamento do plano nacional de exportações.
Dilma confiante– Da presidente Dilma falando com entusiasmo sobre o plano de Armando: "Vamos fazer do comércio exterior elemento central da agenda de competitividade e de crescimento da economia. Vamos em busca desses mercados, vamos levar o Brasil para o mundo. Existe, hoje, o equivalente a 32 brasis fora do nosso País, que podemos acessar por meio de nossas exportações".
Aposta na virada– Vice-líder do Governo na Câmara dos Deputados, o pernambucano Silvio Costa (PSC) revela que não há abatimento profundo na base governista por causa da pesquisa em que 65% reprovam Dilma e o seu Governo. “Tenho plena convicção que novos tempos virão e que começam desde já com a aprovação do ajuste fiscal”, afirmou, adiantando que a sociedade está convencida que a oposição sangra o Governo, mas não tem um plano para o País.
CURTAS
TRAIÇÃO– Já o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, acha que a pesquisa Datafolha mostra claramente que não há mais salvação para o Governo Dilma. “A sociedade foi traída, aliás, apunhalada com o aumento dos preços, dos combustíveis, da energia, dos juros, enfim, de tudo que reduz seu poder de compra.
DANDO DURO- Os governadores do Nordeste voltam a se reunir dia 17 em São Luis. Entre os temas da pauta, a seca. Eles já perderam a esperança de que o Governo lance um programa para minimizar os efeitos da estiagem, tanto que recorrem a o último centavo em caixa para colocar em prática suas próprias medidas emergenciais, como fez, recentemente, Ricardo Coutinho (PSB), da Paraíba.
Perguntar não ofende: O que Dilma fez com Lula para deixá-lo com os nervos à flor da pele?