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“Acho que não mudaremos o planeta com isso, mas é nossa parte”, disse Juan Pablo Pío à AFP em sua casa de campo em Pan de Azúcar, 115 km a leste de Montevidéu, onde, entre outros animais, quatro cavalos pastam tranquilamente, sem saber que sua sorte mudou.

A ONG Santuarios Primitivo comprou e retirou os animais de um caminhão que seguia para um dos três frigoríficos autorizados no Uruguai para abate de equinos. Essa atividade aumentou mais de 60% em 2021, para exportar para países que consomem carne de cavalo. Bélgica, França e o Japão estão entre os principais destinos.

“Mudamos a vida do animal, mas o animal também muda a nossa vida”, acrescenta Pío, um dos primeiros a adotar os cavalos resgatados pela organização fundada por Pablo Amorín e Martín Erro.

Os amigos têm vários laços com o mundo equestre. Em 2019, criaram essa ONG, com a qual salvaram a vida de 250 cavalos, realocando-os em cerca de 70 fazendas e ranchos privados em todo país.

- Salvar vidas -

A primeira intenção da Primitivo era comprar os cavalos diretamente dos frigoríficos.

"Mas eles não abriram as portas para nós, então fomos para a etapa anterior", diz Amorín, em referência aos intermediários que percorrem o país recolhendo animais descartados para engordá-los e vendê-los para os matadouros, que pagam por quilo.

A ONG consegue cobrir o preço pago pelos frigoríficos para “tirar os animais do caminhão”, graças a recursos doados por organizações budistas que defendem a prática de “salvar vidas”.

Com os cavalos a salvo, o segundo passo é transferi-los para “santuários”, onde são adotados por pessoas dispostas a cuidar destes animais.

O perfil dos voluntários é variado, mas Erro afirma que há muita gente "da cidade", donos de pequenas terras improdutivas, que buscam "conexão com a natureza".

A manutenção dos equinos é de responsabilidade do adotante, mas a Primitivo exige que eles não os comercializem, nem obtenham renda com base em sua exploração.

- Indústria em expansão -

Em um país onde comer cavalos pode ser considerado um sacrilégio, o fato de o destino final da maioria dos equinos ser o matadouro não é um segredo absoluto.

Sem criação comercial para esse fim, a produção de carne de cavalo no Uruguai é uma atividade residual dos diferentes usos dos animais, como trabalho no campo, ou competições esportivas. Quando, por motivos diversos, deixam de ser úteis para estas atividades, proprietários costumam vendê-los para frigoríficos, ou intermediários, que os levam para matadouros.

O abate de cavalos no Uruguai, que de 2012 a 2020 ficou em sua maioria abaixo de 40.000 cabeças por ano, saltou em 2021 para 58.152 animais abatidos, um aumento de 61%, segundo dados do Instituto Nacional de Carnes (INAC).

Da mesma forma, as vendas de carne de cavalo no exterior saltaram de US$ 18,35 milhões em 2020 (queda de -19,3% em relação ao ano anterior), para US$ 28,85 milhões em 2021 (+57%), e US$ 30,56 milhões (+5,9%), em 3 de dezembro, 2022.

De acordo com o instituto público-privado Uruguai XXI, o principal destino das exportações em 2022 foi a Bélgica, seguida de França, Japão, Rússia e Alemanha, conforme dados registrados até novembro.

Relatório divulgado hoje (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais e Aquisição de Leite, Couro e Produção de Ovos afirmou que o primeiro trimestre de 2017 registrou crescimento no abate de frangos, suínos e bovinos.

No primeiro trimestre deste ano, foram abatidas 1,48 bilhão de cabeças de frango, resultado 5,1% acima do registrado no último trimestre de 2016. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi 0,3%.

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Em relação ao abate de suínos, os dados do IBGE indicam alta de 3,2% no primeiro trimestre deste ano. Na comparação anual, houve alta de 2,6%. O abate de 10,46 milhões de cabeças de suínos foi o melhor resultado entre os primeiros trimestres desde que se iniciou a pesquisa em 1997.

Quanto aos bovinos, foram abatidas 7,37 milhões de cabeças de gado, resultado 0,7% superior ao primeiro trimestre do ano passado, mas 0,5% menor do que o número de cabeças abatidas no último trimestre de 2016. 

Em respeito a decreto municipal que proíbe a criação e abate de animais em áreas próximas a mercados públicos, 29 matadouros em Jaboatão de Guararapes foram fechados, neste fim de semana. A ação da Companhia Municipal de Agricultura e Abastecimento (Comab) foi realizada em mercados públicos de Prazeres e Jaboatão Centro.

De acordo com a Prefeitura, desde outubro de 2014 os comerciantes já tinham sido avisados da possibilidade de interdição destes locais. “Esta proibição ajuda na limpeza dos mercados e evita contaminação por meio dos restos dos animais abatidos. O risco de poluição e doenças era muito grande”, esclareceu a presidente da Comab, Renata Blanc.

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Apesar do fechamento dos abatedouros, os profissionais podem continuar com os estabelecimentos comerciais, desde que não pratiquem o abate de animais nestes locais. A Prefeitura afirmou que a inspeção será realizada até a quarta-feira (4), quando são previstos outros três fechamentos de matadouros. 

Na próxima semana, comerciantes do Mercado de Cavaleiro, também em Jaboatão, serão orientados para extinguirem os abatedouros ali próximos. A Vigilância Sanitária do município deixa claro: proíbe os matadouros, mas permite o comércio de animais nestes espaços.  

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