Tópicos | Abrafin

O 4º Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional (COBRAFIN) será realizado no Recife, de 7 a 9 de setembro, e terá como tema ‘Como integrar a evidência à prática clínica?’. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, Pernambuco apresentou 1.846 casos notificados de bebês com microcefalia, dos quais 303 foram confirmados, sendo este um dos principais motivos escolhidos para a capital pernambucana sediar o evento. 

Além da apresentação de trabalhos e pesquisas acadêmicas, o evento traz renomados profissionais nacionais e internacionais para debater a Fisioterapia Neurofuncional, abrangendo diagnóstico e cuidados a adultos e crianças, incluindo as disfunções decorrentes da microcefalia. A ação é uma realização da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncial (ABRAFIN). 

##RECOMENDA##

Os interessados podem se inscrever pelo portal da COBRAFIN ou pelo e-mail microcefalia@metaeventos.net. Pelos mesmos contatos é possível obter mais informações acerca do Congresso. O evento será realizado no Mercure Recife Mar Hotel Conventions, na Rua Barão de Souza Leão, 451, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

LeiaJá também

--> Olinda recebe congresso voltado para educação em setembro

--> Congresso Nacional de Enfermagem recebe inscrições

Por Renato Contente/Especial para o Leia Já

Acusado de “não ter feito nada relevante no cenário musical nos dois últimos anos” e de ter a produção musical estagnada, Pernambuco foi alvo de polêmicas envolvendo a Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes) e o circuito de coletivos de produção independente Fora do Eixo. A afirmação, feita por Pablo Capilé, representante da entidade, foi uma resposta à saída de 14 festivais independentes da Abrafin, entre eles o Abril Pro Rock, Rec Beat e, desde a semana passada, a Mimo (Mostra Internacional de Música em Olinda).

Confira o polêmico vídeo que foi deletado no final do Congresso Fora do Eixo 2011.


O motivo da saída, segundo os organizadores dos festivais pernambucanos, foi a mudança pela qual passou recentemente a Abrafin. Com a aproximação com o Fora do Eixo, a instituição teria deixado de atender aos interesses dos produtores e músicos locais. Entre essas mudanças criticadas está a postura inflexível da entidade que, segundo o grupo, adota um modelo único de funcionamento, faltando o jogo de cintura necessário ao mercado musical. As reclamações também apontam para um princípio do Fora do Eixo que prega que artistas novos não precisam, necessariamente, receber cachê.

O Coquetel Molotov é o único festival independente de grande porte, no Recife, que não participou da Abrafin. “Nos desinteressamos pelos rumos que a entidade tomou com a mudança de diretoria. Como não houve identificação, optamos por não participar”, afirma Jarmeson Lima, um dos produtores do festival. 

Os representantes dos 14 festivais “órfãos” (além dos três citados em Recife, há festivais em Natal, Porto Velho, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte, Palmas e Londrina) devem se reunir em breve para formar uma nova associação para coordenar o grupo.

 

Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (26), o Fora do Eixo pede desculpas aos pernambucanos. Confira na íntegra:

“O Fora do Eixo, rede que conecta mais de 100 coletivos pelo país, tem se caracterizado nos últimos 6 anos por debater aberta e publicamente todas as questões que envolvem as suas atividades. Foram mais de 2000 debates realizados nessa trajetória recente, espalhados por festivais, encontros, fóruns e conferências.

Nessa semana, a rede viu-se envolvida em um debate acalorado acerca da saída de um bloco de festivais da ABRAFIN – Associação Brasileira de Festivais Independentes. A “debandada”, como o episódio vem sendo tratado pelos internautas mais ávidos por visualizações em suas postagens na Internet, gerou uma reação em cadeia e expôs antigas insatisfações de modo mais evidente, inspirando discussões densas sobre o atual contexto da música brasileira.

Não por coincidência, essa efervescência toda vem no rastro do IV Congresso Fora do Eixo, evento que reuniu em São Paulo cerca de dois mil interessados na atual conjuntura da cultura brasileira, e que focou boa parte de suas energias em um extenso Seminário da Música Brasileira, entre os dias 11 e 18 de dezembro de 2011.

No momento mais polêmico do evento, durante a transmissão ao vivo de um programa da pós-TV, uma afirmação de Pablo Capilé (um dos gestores do FdE) apontou que Pernambuco seria a “personificação do rancor” – referindo-se à forma como a cena do estado se relaciona com as movimentações musicais do resto do país.

Tal expressão acabou tomando proporções consideráveis nas redes sociais. E talvez o ponto crucial dessa afirmação tenha ficado de fora das tantas reações manifestadas via Twitter e Facebook.

Vejamos: deveria ser óbvio que a afirmação não se dirige a todos os agentes, artistas e produtores pernambucanos – e mais óbvio ainda que não se trata de resumir um estado inteiro a uma condição negativa. Há códigos nessa fala que deveriam estar bem claros, mas que – reconhecemos – dão margem para leituras mais belicosas. Ainda mais quando se destaca apenas um trecho da longa conversa que transcorreu durante cerca de seis horas. Mas enfim, é o risco que se corre ao assumir a transparência radical para além da metáfora. É o ônus de se escancarar publicamente os processos constitutivos da construção conjunta, ao invés de resguardá-los no conforto dos bastidores.

O Pernambuco que personifica o rancor não é o Pernambuco da infindável riqueza da cultura de raíz, nem dos levantes por autonomia popular, menos ainda o Pernambuco da produção incessante de inquietações estéticas que tem contribuído, e muito, para injetar novas ideias no universo pop brasileiro. Defintivamente, não é aí que o rancor encontra casa.

O Pernambuco rancoroso diagnosticado enquanto tal na fala de um dos gestores do FdE não é senão um grupo determinado e sua visão de mundo: é um recorte – designado de um modo equivocado mas com a intenção de síntese que as tags imprimem ao texto no universo digital – que remete a um certo tipo de conduta que grassa não só nos arredores de Recife, mas de outras diversas capitais brasileiras. Como se a condição de “celeiro” musical justificasse a atitude de soberba de alguns frente a outros que tem tateado soluções de sustentabilidade nesse indefinido limbo entre o modelo de indústria fonográfica do século XX e as perspectivas que se abrem com o fenômeno da cibercultura e das redes colaborativas.

O que de fato gerou uma má impressão sobre um debate que merece ser abordado com a profundidade e a meditação que o tema exige foi a infeliz confusão entre método e ambiente: a escolha da palavra Pernambuco para designar um certo tipo de conduta relativa a um grupo específico foi um equívoco, e reconhecemos isso. E o equívoco abriu um lamentável precedente para intervenções que não tem a mínima intenção de contribuir com a música brasileira, mas sim vê-la incendiar em manchetes apelativas de tabloides on line.

Se ainda não ficou claro, é necessário que fique de uma vez por todas: não há nada de errado com Pernambuco. O que há de errado em Pernambuco e algumas outras cidades brasileiras é que alguns poucos se valem de uma tradição de desbravadores da música independente para reinvindicar um trono que já não encontra lugar nos dias de hoje. A conexão colaborativa entre diversos agentes da cena musical chega a ser vista com desdém por esses, que ao mesmo tempo pouco apresentam de palpável em termos de propostas para o período delicado do mercado cultural.

Prova disso é o modo como alguns personagens do showbusiness pautam temas como remuneração, estrutura e logística de uma forma desvinculada das condições reais do circuito independente. É claro que o artista tem que receber cachê. Assim como é claro que toda a cadeia produtiva tem que receber também: designers, equipe de sonorização, produtores, tour managers etc.

A pergunta é: e enquanto lidamos com a precariedade das condições, qual seria a saída? Estagnar? Desistir? Ou optar pelo estabelecimento de relações mais amplas e participativas que permitam visualizar a troca de serviços como uma alternativa e/ou complemento ao fôlego monetário dos pequenos empreendimentos?

A nossa resposta a essas questões é pragmática, e aberta a sugestões construtivas.

Quanto à crítica recorrente de que o “Fora do Eixo é uma entidade política”, a acusação nos parece rasa.

Explicamos:

Nosso entendimento é que a pauta política não empobrece a música ou a cultura; pelo contrário, a perspectiva de democratização de acesso aos meios de produção é condição básica para que novos artistas produzam, circulem e distribuam seu trabalho – ao mesmo tempo em que a arte deixa de ser um luxo mercadológico para poucos ou um momento de concessão “benevolente” do Estado para tornar-se fator concreto de inclusão econômica, formação profissional e exercício de cidadania.

Acreditamos que, mais do que uma questão de “iluminação”, a arte é condicionada pelos meios de existência social.

Música boa pode florescer em qualquer lugar do Brasil e do mundo; mas para isso é necessário que as pessoas tenham acesso a cultura, à novos referenciais estéticos, e, principalmente, sintam-se capazes de protagonizar a cultura brasileira, que com certeza não nasce apenas dos meios consagrados. A música – e a cultura em geral – é rica no Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, no Amazonas e em Pernambuco, assim como em todas as regiões do país.

A cultura popular do Brasil desautoriza qualquer recorte arbitrário que desconsidere as múltiplas fontes que abastecem nosso imaginário. Sendo assim, o Fora do Eixo não poderia pactuar com nenhuma prática ou ideário político que prega a elitização da cultura, o estabelecimento de barreiras restritivas ou a sacralização da arte.

Música? É paixão, parte vital do que nos move. Mas por crermos na sua potência emancipatória, não faremos jamais eco aos que propõem a concentração dos recursos de produção ao invés de sua distribuição igualitária.

Nossa época é a das redes. Para o bem ou para o mal, é a complexidade das conexões que dita o ritmo, a forma e o conteúdo do convívio social hoje. Não estar sensível a isso implica em posturas não raro herméticas, anacrônicas, eventualmente antipáticas a práticas coletivizantes.

Cremos que nesse exato momento estamos presenciando um processo de transição: de um lado, um projeto de escala mais reduzida, que acredita na sua importância enquanto filtro para a música independente no país; de outro, uma série de iniciativas que assumem a precariedade e a incerteza não como limitadores, mas como elementos de um ambiente propício para a criatividade, a inovação e o compartilhamento de tecnologias sociais.

Não são outros os motivos senão essa compreensão que levaram a saída de alguns festivais da Associação Brasileira de Festivais Independentes (ABRAFIN) há uns dias atrás. A oposição entre duas formas de conceber a função dos ambientes associativos e seu papel junto às pequenas iniciativas culturais atingiu seu limite, e ambas as partes parecem entender que a alternativa mais produtiva é a construção de caminhos distintos para a evolução da cena musical brasileira.

No mais, acreditamos que as soluções para a música do Brasil não obedecem uma única lógica, nem um modelo exclusivo a ser aplicado de forma homegênea. É a diversidade das formas possíveis de criação e sustentabilidade que acenam para o futuro da música brasileira, do norte ao sul do país.

De toda forma, mesmo considerando todas as variáveis que existem nesse episódio, O Fora do Eixo lamenta que as palavras mal colocadas tenham ofendido os pernambucanos e se desculpa publicamente por esse constrangimento, esperando agora retomar o debate em beneficio da música independente no Brasil.”

Movimento Fora do Eixo

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando