Tópicos | Agência Bori

Proteger 83% da Amazônia brasileira, o que equivale a cerca de 3,5 milhões de km², custaria entre 1,7 e 2,8 bilhões de dólares anuais. Para fins de comparação, este valor por hectare é sete vezes menor do que o necessário para manter áreas de conservação na União Europeia, em que países investem cerca de 5,3 bilhões por ano para manter cerca de 1 milhão de hectares. Em estudo publicado na revista “Perspectives in Ecology and Conservation” nesta quarta (18), pesquisadores da Universidade de Miami, Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Conservação Internacional do Brasil estimam, pela primeira vez, os custos mínimos para a conservação do bioma.

A pesquisa também prevê também que seriam necessários de 1 a 1,6 bilhão de dólares em investimentos iniciais para criar e estabelecer 1,3 milhões de km² de novas áreas protegidas. “Estes valores são bastante modestos quando se compara com os valores potenciais dos serviços ambientais que os ecossistemas da Amazônia brasileira prestam para o Brasil e para o mundo”, comenta José Maria Cardoso da Silva, professor da Universidade de Miami e um dos autores do artigo. Segundo os pesquisadores, esses investimentos são viáveis, tendo em vista o tamanho do orçamento federal, equivalente a 910 bilhões de dólares.

##RECOMENDA##

Através de dados georreferenciados de fontes oficiais, os autores realizaram o mapeamento e o cálculo de manutenção das unidades de conservação, terras indígenas, terras públicas não designadas e outras áreas prioritárias de conservação. O cálculo é baseado na estimativa dos custos de manutenção das áreas de conservação já existentes, como infraestrutura local e salário de funcionários, dos custos de criação das novas áreas de conservação, como inventários biológicos e demarcação, e dos custos de manutenção do sistema de conservação, como atividades de coordenação regional e nacional.

Segundo os autores, há uma falta de entendimento da sociedade em relação à relevância ambiental e importância econômica das áreas protegidas. Ima Vieira, pesquisadora titular do Museu Paraense Emílio Goeldi, sustenta que esta percepção não tem fundamento científico “Muitas pessoas não sabem que a legislação brasileira prevê vários tipos de áreas protegidas, incluindo reservas de desenvolvimento sustentável e reservas privadas, e que áreas protegidas, caso sejam bem implementadas, podem servir de polos de desenvolvimento em áreas mais remotas e carentes da Amazônia”, complementa a pesquisadora.

“No momento em que todos os setores da sociedade brasileira discutem um novo modelo para o desenvolvimento da Amazônia, é importante enfatizar que sem um sistema de áreas protegidas bem manejadas não pode haver bioeconomia”, comenta Fábio Scarano, professor da UFRJ, coautor do estudo. E acrescenta: “conservação e manejo irão sempre funcionar melhor com a participação das pessoas que vivem na região”.

Na análise de Silva, embora existam muitas iniciativas para conservar a Amazônia, mas todas são insuficientes para garantir a quantidade de recursos necessários para conservação a longo prazo da região. Para isso, segundo Vieira, seria preciso “mobilizar forças políticas, estratégia e liderança em um grande esforço global para fazer com que tais recursos cheguem realmente às áreas protegidas”.

Fonte: Agência Bori

A adição de ultraprocessados à dieta resulta em aumento da pegada hídrica – ou seja, um maior uso de água para a produção e o consumo de alimentos e, portanto, um maior impacto ambiental. Este é o resultado de uma análise feita por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Deakin, na Austrália, publicada na “Revista de Saúde Pública” nesta sexta (18).

O estudo analisou dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2008 e 2009. Esse inquérito reúne informações sobre a alimentação de mais de 30 mil brasileiros com idade igual ou superior a dez anos. As pegadas ambientais foram calculadas com base nos coeficientes de emissão de gases do efeito estufa e de uso de água para produzir cada alimento e preparação culinária consumidos no Brasil.

##RECOMENDA##

A metodologia levou em conta a classificação NOVA de alimentos, que os divide em quatro categorias, de acordo com o seu grau de processamento: alimentos in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. A ideia era verificar os impactos ambientais causados por este último grupo.

“As análises mostraram que o consumo de ultraprocessados na dieta brasileira aumentou significativamente a pegada de carbono e hídrica da dieta dos brasileiros. Esse aumento, no entanto permaneceu significativo somente para a pegada hídrica depois que os modelos foram ajustados para variáveis como sexo, renda e escolaridade”, diz Josefa Garzillo, uma das autoras do estudo.

“A pesquisa mostrou que o impacto negativo do consumo destes alimentos no uso de água está relacionado a uma maior ingestão de calorias.”

Garzillo explica que esse tipo de estudo é importante por avaliar o consumo alimentar real a partir de amostras representativas da população brasileira.

“A pegada hídrica aumentou em 10% entre os grupos com menor e maior consumo de ultraprocessados. No Brasil, o maior consumo destes alimentos está associado à maior ingestão de calorias. Portanto, quanto maior a participação de ultraprocessados na dieta, maiores são os impactos ambientais são esperados”, diz a pesquisadora.

A evidência traz à luz um impacto antes desconhecido dos alimentos ultraprocessados, registrando consequências ambientais do consumo desse tipo de alimento – que se somam às já conhecidas consequências para a saúde pública, como aumento do risco de desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas relacionadas.

O estudo reforça, portanto, a recomendação do Guia Alimentar para a População Brasileira de basear a alimentação e ingredientes in natura ou minimamente processados para compor uma dieta saudável e sustentável, e evitar alimentos ultraprocessados.

Fonte: Agência Bori

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando