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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou, no dia 27 de maio, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Segundo os resultados apresentados, as taxas de desemprego no Brasil estão em uma média de 14%. Pernambuco apareceu em primeiro lugar no ranking de desempregados, empatado com a Bahia, com uma taxa de 21,3% no índice de pessoas a partir dos 14 anos de idade sem uma ocupação remunerada.

O secretário de Emprego, Trabalho e Qualificação do Estado (Seteq), Alberes Lopes, em entrevista ao LeiaJá, avalia a situação do Estado por diferentes ângulos, levando em consideração, por exemplo, a demora na imunização da população contra a Covid-19 e a falta de suporte do Governo Federal em questões específicas. “O fechamento do comércio contribuiu bastante. Tivemos também algumas situações como o estaleiro, que desempregou muita gente quando o Governo Federal mudou o foco do investimento para o exterior, tirando a capacidade que nós tínhamos em Suape de fazer navios; o nível de desemprego ficou muito alto", avalia Alberes.

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O presidente Jair Bolsonaro defende a abertura do comércio em todo o País. Especialistas em saúde e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam a manutenção do distanciamento social e o isolamento como estratégias fundamentais contra a proliferação da Covid-19. O Governo de Pernambuco mantém proibidas atividades não essenciais nos fins de semana, com o objetivo de evitar aglomerações nos pontos comerciais.

"Assim como também houve um aprofundamento [da situação] quando o Governo Federal tirou o auxílio emergencial, e o impacto foi muito forte. E é importante citar também a vacinação. Tudo isso está acontecendo por falta de vacinação. O Governo do Estado vem cobrando, e inclusive, tentou comprar diretamente a vacina, mas foi impedido pelo Governo Federal", acrescenta o secretário.

Alberes segue o seu argumento culpando a demora da vacina, como justificativa para Pernambuco liderar a lista dos Estados com mais desempregados. "Infelizmente, por falta de agilizar a compra da vacina quando foi oferecida, a economia brasileira vem se prejudicando, e isso interfere diretamente na nossa economia”, ele observa.

No entanto, apesar dos índices não promissores, Lopes ainda enxerga oportunidades de crescimento para o Estado, com o recebimento de investimentos de empresas de diversos setores espalhadas pelos municípios. “O Governo do Estado trabalha para investimentos, e isso tem sido fundamental para a geração de empregos. Nós atraímos, durante a pandemia, mais de 120 empresas, que têm sido importantes para a geração de empregos, como a Amazon que está vindo para o Cabo de Santo Agostinho, várias empresas que estão em Igarassu e Goiana. Temos a Azza, que está vindo para Bonito, que vai gerar mais empregos. O Outlet Recife que está gerando mais de 2 mil empregos, a Santana Têxtil, em Bezerros. Isso vem crescendo, apesar dessas medidas do Governo Federal, com as quais fomos muito prejudicados, porque Pernambuco tem o diferencial de ter mercado informal, no Agreste com a indústria têxtil, a cana de açúcar também, então tudo isso foi muito prejudicado nesse momento que estamos passando. O cenário se mantém estável, a PNAD mostra isso porque nós tivemos um aumento de investimentos, se não fosse isso, a queda teria sido muito maior”, ele ressalta.

Lopes vê a importância de qualificar a população como uma forma de gerar empregos no futuro.“Nós temos vários projetos de qualificação, ao todo são 14. Agora nós investimos em cursos on-line durante a pandemia, formamos mais de 16 mil alunos. Nós temos uma parceria com o Instituto Êxito, que tem mais de 500 cursos à disposição no nosso site. E também criamos, durante a pandemia, um e-commerce, um site de vendas de produtos de todos os segmentos no nosso Estado, que ajuda o pequeno empreendedor a poder comercializar, como também cursos que ajudam eles a aprender a formatar preços, enfim, ajudá-los nesses momentos difíceis”, ele finaliza.

Mas apesar do olhar positivo do governo estadual, a realidade se mostra ainda distante do crescimento esperado. O economista Ademilson Saraiva, da assessoria econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio PE), vê que o quadro ainda é preocupante devido às incertezas causadas pela pandemia. “O empresariado tem olhado muito atento, principalmente este ano, a essa questão do agravamento. E com essa ameaça da terceira onda, com novas variantes ameaçando adentrar o país, sempre fica essa incerteza, insegurança", explica o especialista.

"Em diversos setores, em especial serviço, que exigem mais uma presença do cliente, e aquele que está prestando o trabalho, sempre fica essa quebra de braço, o empresariado que se diz preparado seguindo os protocolos, e o governo que, apesar de saber o quanto o empresariado realmente pode estar preparado para receber os clientes, a gente sabe que a população ainda tem dificuldade para cumprir os protocolos de distanciamento, higienização. E isso acaba impactando nesses decretos que têm sido renovados constantemente desde a segunda quinzena de março”, compementa o especialista.

O ano de 2020 foi muito difícil em diversos aspectos devido à pandemia de Covid-19. Entre mortes, hospitais lotados e medidas de restrição, a economia teve uma queda e a população sofreu com aumento de desemprego, informalidade, desalento e fechamento de empresas.

No momento em que se encerra o ano, o Brasil registra 14 de milhões de pessoas sem emprego em novembro, ao mesmo tempo em que uma contratação recorde, com 414.556 empregos formais no mesmo mês, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ajuda a manter o saldo de empregos positivo apesar do enorme número de desempregados. 

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O LeiaJá entrevistou o secretário de Trabalho, Emprego e Qualificação de Pernambuco, Alberes Lopes, para explicar como o Estado enfrentou a crise econômica em 2020 e quais são as expectativas para a empregabilidade no ano de 2021. Confira: 

LeiaJá: Como Pernambuco atravessou a crise econômica e como estão os dados de emprego e desemprego do Estado no fim do ano?

Secretário: Dois mil e vinte foi um ano atípico por conta da pandemia, mas surpreendeu positivamente. O ano de outubro foi a melhor data dos últimos dez anos no número de contratações. No fim do ano tivemos mais contratações do que esperávamos. No início da pandemia tivemos perdas relevantes, mas no final a gente conseguiu recuperar graças ao esforço do governador Paulo Câmara que trouxe 52 novas empresas para Pernambuco. Nós mantivemos as agências do trabalho funcionando tanto para o seguro-desemprego como depois também para intermediação de mão de obra; atendemos mais de 1 milhão de pessoas por ano. 

LeiaJá: Em quais setores houve mais desemprego e mais contratações?

Secretário: O que mais perdeu foi o setor de serviços e quem empregou mais foi o setor da indústria. Serviços e o comércio foram os que mais perderam porque teve que fechar. O Governo do Estado fez um plano de convivência, mas o último a funcionar foi o setor de serviços. A indústria foi a primeira, isso também ajudou um a contratar mais e outro menos. Teve a agroindústria que não parou. 

LeiaJá: No País, há estados com saldos de empregos positivos e outros no vermelho. Como está Pernambuco neste fim de ano?

Secretário: Sim, o saldo de empregos em Pernambuco está positivo. A gente teve uma recuperação muito boa no fim do ano. Outubro, por exemplo, foi o melhor outubro dos últimos dez anos, então nós tivemos, sim, uma recuperação muito importante para o nosso Estado diante dessa pandemia, com mais de 13 mil empregos gerados em outubro. 

LeiaJá: Qual é a sua expectativa para a geração de empregos no Estado no ano de 2021?

Secretário: A gente tem expectativa bastante positiva, porque estão havendo investimentos em Pernambuco graças ao empenho do governador de buscar investimentos. Agora a gente não tem como dizer números, não tem o número de investimentos porque ainda nem começou o ano. Em 2020, apesar de tudo, a gente conseguiu atrair investimentos e vai conseguir mais em 2021. É um ano de esperança, um ano de expectativas, de novos projetos e a gente sabe que vai ser um ano ainda melhor em geração de empregos, porque com todo esse momento dessa pandemia, um momento difícil , a gente conseguiu atrair investimentos. lmagine que vai ter agora a vacina, a gente está esperançoso com isso, que novos investimentos virão para Pernambuco e vamos conseguir gerar novos empregos. 

LeiaJá: Quais setores devem se sair melhor na geração de empregos?

Secretário: O setor da indústria e o setor de prestação de serviços. Temos também o setor de logística, com a Amazon e atacadões que estão vindo aqui para Pernambuco. Fora outras empresas que vieram antes e em 2021 vão ter uma projeção maior, como por exemplo a Fiat. Várias empresas já anunciaram que em 2021 vão aumentar o investimento aqui em Pernambuco. Em Bonito, temos uma empresa que também já iniciou as construções com a geração de empregos em 2021 maior que em 2020. A Yazaki. 

O final do ano teve recuperação rápida, o início de 2021 acho que vai seguir nesse mesmo ritmo, embora seja normal que uns meses depois fique um pouco mais lento. Você pega dezembro e janeiro com a injeção do 13º salário, o mercado ainda fica aquecido, depois começa a diminuir. Só que como os investimentos estão vindo, começa a ter crescimento de novo depois. Isso acontece já de forma natural, eu falo isso pelos anos que passaram e deve se repetir em 2021. Com os investimentos, mais ou menos em abril a gente já vê uma acelerada maior que em fevereiro, é a tendência pela pandemia. 

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