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Dos 273 deputados reeleitos na Câmara Federal, 11 já estão no poder a mais de duas décadas e três deles já rumam para 30 anos de atuação parlamentar. Entre eles, está o deputado federal pernambucano Gonzaga Patriota (PSB) que já está no sétimo mandato, com 28 anos de atuação, e foi reeleito com 80.498 votos. Além de Patriota, completam a lista dos caciques na Câmara os deputados Átila Lira (PSB-PI) e Átila Lins (PP-AM).  

Patriota, assim como Átila Lira, iniciou a vida como deputado federal em 1987 e passou apenas quatro anos fora do Congresso desde então. Já Lins emendou os sete mandatos seguidos e foi eleito pela primeira vez em 1991.

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Outros oito reeleitos no último domingo (7) já somam mais de 20 anos de legislatura. São eles: Eduardo Barbosa (PSDB), José Rocha (PR), Arlindo Chinaglia (PT), Ivan Valente (PSOL), Jandira Feghali (PCdoB), Claudio Cajado (PP), Lauro Lopes (PPS) e Hermes Picianello (MDB). Cada um completa 6 mandatos em dezembro, acumulando 24 anos na Câmara dos Deputados.

O recorde de mandatos na Câmara dos Deputados é do carioca Miro Teixeira (Rede), eleito 11 vezes para o cargo e, em dezembro, encerra 44 anos de participação na Câmara. Ele não disputou reeleição, tentou uma vaga no Senado pelo Rio de Janeiro, mas ficou em sétimo lugar, com 3,09% dos votos.

Cruzamento das doações de campanhas aos 16 candidatos a prefeito do PMDB nas capitais pelos diretórios nacional, estaduais e municipais do partido revela que a maior parte dos recursos privilegia apadrinhados dos caciques na cúpula da legenda e nos Estados.

De maneira geral, a ajuda do PMDB na campanha, conforme levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, tem sido maior para candidatos ligados a quadros de destaque na direção nacional ou com força estadual. A estratégia só reforça o caráter de "federação partidária" pelo qual o PMDB é conhecido.

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A candidata do partido a prefeito de Boa Vista (RR), Teresa Surita, é um exemplo dessa prática. Do R$ 1,2 milhão arrecadado pela campanha dela, Teresa recebeu mais da metade em recursos, R$ 661 mil, do diretório estadual da legenda e ainda contou com outros R$ 300 mil (23% do total) em repasses da direção nacional. Ela é ex-mulher e uma das principais apostas eleitorais do presidente do PMDB nacional e roraimense, senador Romero Jucá (PMDB).

Outra importante força do partido, a candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy recebeu, até agora, a maior doação da direção do PMDB - R$ 500 mil. A ex-petista, porém, tem sido um dos raros candidatos do partido que têm alicerçado sua campanha, que já arrecadou R$ 3,6 milhões, em doações de pessoas físicas.

Até o momento, a exceção dessa estratégia no caso das capitais de aporte da direção nacional ficou por conta da candidata a prefeito de Rio Branco (AC), Eliane Sinhasique, que recebeu R$ 150 mil da direção nacional - 81% do que amealhou até agora em doações.

'Sem dinheiro'

Essas três doações a candidatos a prefeito contrariam o que havia dito o tesoureiro da legenda, o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE). Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no fim de julho, ele afirmou que, apesar de a direção nacional ter na ocasião R$ 2,5 milhões em caixa, não haveria aporte para candidatos. "O PMDB não tem dinheiro para financiar ninguém", disse à época.

Presidente do PMDB cearense, Eunício repassou quase R$ 400 mil do diretório estadual e outros R$ 200 mil pela direção nacional à campanha do candidato do PR à prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner. O partido indicou Gaudêncio para ser vice da chapa. A reportagem não conseguiu localizar Eunício. A assessoria dele informou que questões de doação nacional têm sido tratadas por Jucá. O presidente do PMDB também não se pronunciou até a conclusão desta edição.

Muito da força do PMDB está na forma de distribuição dos recursos aos Estados. Pelo Estatuto, o partido repassa 60% de tudo o que recebe automaticamente cada unidade da federação. Até agosto, a legenda recebeu em recursos do Fundo Partidário R$ 52,5 milhões, dos quais R$ 31,5 milhões foram distribuídos aos Estados. Até o momento, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a direção partidária já passou a candidatos e partidos R$ 8,6 milhões.

O candidato peemedebista à prefeitura fluminense, Pedro Paulo, foi um dos principais agraciados com essa estratégia. Dos R$ 7,7 milhões arrecadados até o momento, ele recebeu aporte de R$ 3,3 milhões do diretório estadual e outros R$ 492 mil pelo PMDB municipal.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também tem se preocupado com o futuro no Estado. O diretório do PMDB alagoano, presidido por ele, repassou R$ 400 mil para a campanha a prefeito de Maceió do peemedebista Cícero Almeida - 88% do que ele arrecadou até agora. Repasses semelhantes a candidatos de capitais também ocorreram no Paraná e Amapá, comandados, respectivamente, por Roberto Requião e Gilvan Borges. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) optou na quarta-feira, 8, pelo silêncio, o que reforçou o clima de incômodo da Corte com o vazamento da informação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão de integrantes da cúpula do PMDB.

Um dia depois de a iniciativa de Janot vir a público, o assunto não foi abordado durante a sessão do plenário, que julgou um recurso da Eletropaulo sobre a redução do campo eletromagnético de linhas de transmissão.

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Interlocutores de Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, afirmaram que ele não tem pressa para deliberar sobre os pedidos de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, do senador Romero Jucá, do ex-presidente José Sarney e do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha. Ao jornal O Estado de S. Paulo, Teori disse que não falaria. Outros ministros abordados também não se pronunciaram.

O fato de os pedidos terem sido revelados pela imprensa não pressiona Teori a tomar decisão rápida. Os requerimentos chegaram à Corte há mais de três semanas. Para integrantes do STF, o vazamento partiu do Ministério Público como forma de pressionar o tribunal a se posicionar.

Renan, Jucá e Sarney são suspeitos de obstruir a Lava Jato após divulgação de áudios feitos pelo delator Sérgio Machado. Uma fonte com acesso aos pedidos diz que há fatos novos nos requerimentos. Cunha, no entendimento de Janot, continua atrapalhando as investigações contra ele na Justiça e na Câmara, mesmo estando afastado.

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