Tópicos | campesinato e educação popula

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) anunciou, neste mês de outubro, seu novo curso de graduação: o ‘bacharelado em agroecologia, campesinato e educação popular’. Diferente de outras formações, a qualificação tem uma proposta que promete beneficiar, prioritariamente, agricultores, indígenas, quilombolas, pescadores, ribeirinhos, assentados e outros cidadãos ligados a atividades rurais.

Na prática, o curso busca entender as necessidades e experiências das comunidades rurais para, posteriormente, criar estratégias sustentáveis que possam melhorar as atividades técnicas de agricultura, além das demandas relacionadas ao contexto social dos grupos. A graduação funcionará em regime de alternância, em que os estudantes, a partir das suas realidades, levarão dinâmicas à academia para reflexão sobre essas realidades. Mensalmente, os alunos passarão três semanas em casa e uma na universidade - Campus Recife ou em outra localidade, dependendo da necessidade dos alunos -. 

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De acordo com a professora do Departamento de Educação da UFRPE e uma das responsáveis pela criação do curso, Gilvânia de Oliveira, a nova formação surge de demandas identificadas entre trabalhadores ligados a atividades rurais. Nesse sentido, das 40 vagas previstas, 30 são exclusivas a esse público, enquanto que as dez restantes ficarão à disposição dos candidatos gerais.

“O curso surge de outro que não vai ser mais ofertado, licenciatura em ciências agrícolas. Ele vem para atender uma demanda histórica; já havia um trabalho com os movimentos sociais, agricultores, indígenas, quilombolas, trabalhadores do campo, porque eles tinham uma demanda de ter um curso que pudesse formar pessoas e até mesmo eles para atuarem nas suas comunidades”, explica a professora.

A educadora destaca que o objetivo do bacharelado é praticar a sustentabilidade além da questão técnica. “Pensamos em uma agricultura sustentável, não só do ponto de vista técnico, mas também do contexto histórico, político, ambiental e social. O termo campesinato vem da afirmação da identidade dos sujeitos do campo e a educação social é uma forma de propagar experiências entre as comunidades”, comenta Gilvânia.

Seleção

Ainda segundo a professora Gilvânia, o curso terá duração de quatro anos. Os candidatos serão selecionados por meio de notas das cinco últimas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), excluindo assim a necessidade de participação no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Os concorrentes, para que se encaixem na reserva de 30 vagas, deverão comprovar que são agricultores e indígenas por meio de documentos oriundos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Nacional do Índio (Funai), sindicatos, entre outras entidades.

“O Sisu não vai aparecer. Será lançado um edital no site da Rural até dezembro. Vamos fazer um ranking de notas para escolher os candidatos”, explicou a professora. Os interessados nas dez vagas gerais também deverão ser selecionados pelas notas do Enem, mas sem a necessidade de vínculo oficial com atividades rurais.

A professora Gilvânia acredita que o curso deve ter uma procura grande de estudantes oriundos de entidades ligadas ao campo no Brasil. Ela aponta, por exemplo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, organizações não governamentais, entre outros movimentos.

A partir da divulgação do edital, os candidatos terão acesso a toda a grade curricular do curso. A professora alerta que o anúncio oficial será realizado no site da UFRPE - previsão é para dezembro deste ano -.

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