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Uma construção secular, que guarda memórias de outros tempos, anda sem cuidados e padece no Centro do Recife. Primeira loja especializada em produtos agropecuários de Pernambuco, a Casa Leão luta para continuar de pé, contra ameaças de leilão e até demolição da sua já castigada fachada. Contra isso, a luta é de um homem só: Mauro Carneiro, atual proprietário, que tenta, na justiça, tombar a construção.

Há mais de 20 anos, Mauro Carneiro foi convidado pelos antigos proprietários da Casa Leão a assumir o comércio, que já funcionava desde a década de 30, e desde então estuda a história do local. “No dia 1° de janeiro de 1939 a família Serra inaugurou essa casa, que antes era residencial e de propriedade da Igreja Católica. Não existia esse tipo de comércio de alimentos de animais. Em todo Pernambuco só existia ela. Os criadores do interior vinham para cá”, conta.

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Castigada pelo tempo, a Casa Leão - localizada na esquina da Rua Siqueira Campos, uma paralela da Avenida Guararapes, com a Rua Engenheiro Ubaldo Gomes de Matos - já não impõe o mesmo respeito de antigamente, quando foi soberana no comércio de produtos agropecuários durante décadas. “Eram uns 20 homens trabalhando aqui. Abria às cinco da manhã ou até antes disso. Tinham duas máquinas fazendo xerém, ração para porco e boi. Depois entraram com venda de medicamentos, soro para veneno de cobra e outras coisas”, descreve Carneiro.

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Depois de um tempo esperando que o poder público lhe ajudasse a melhorar o estado de conservação da casa, o atual proprietário teve uma ingrata surpresa: a tentativa de leilão da Casa Leão. “Foi no ano passado (2016). Veio aqui um oficial de justiça dizendo que devido à dívida com um ex-funcionário a Casa Leão iria ser penhorada”, afirma seu Mauro.

Segundo ele, quando o documento chegou a suas mãos, restavam apenas 10 dias para recorrer da decisão. “Tive que gastar e consegui embargar o leilão. O juiz nos deu ganho de causa e pediu que fosse averiguada a situação. Isso já faz pelo menos seis meses e nunca mais voltaram aqui”, diz ele.

Antes disso, ainda de acordo com Mauro, a prefeitura do Recife já tinha tentado derrubar a fachada da casa sob o argumento que deveria fazer um corte para aumentar o recuo da construção. “Eu cheguei a contatar um engenheiro, que me garantiu que conseguiria recuar a fachada sem precisar destruir”, revela ele, acrescentando que depois de feita a sua “proposta”, a PCR não voltou mais.

Tombamento

Diante das ameaças do fim da Casa Leão, Mauro Carneiro começou a juntar vasta documentação sobre a história da casa.  Em 2016, ele deu entrada em um pedido de tombamento da construção. “Eu quero deixar isso aqui como patrimônio para os recifenses. É uma lembrança viva da nossa história. Tem muita gente que nem vem para comprar, mas senta, conversa  e se lembra dos tempos áureos da Casa Leão”.

Apesar de reclamar da falta de apoio do poder público, Carneiro não quer achar culpados, quer apenas que o patrimônio seja preservado. “Eu conheço Geraldo. Tenho certeza que ele não sabe disso (que a prefeitura tentou derrubar a fachada)”, afirma.

Sem registros – O LeiaJá procurou o Museu da Cidade do Recife para tentar achar algum registro histórico da Casa Leão. Nada foi encontrado.

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