Tópicos | Chips virtuais

Os cortes nas telecomunicações se tornaram recorrentes na Faixa de Gaza, mas graças aos chips virtuais eSIM, seus habitantes podem acessar a internet e comunicar-se com seu contatos no exterior.

"Sem eles estaríamos isolados do mundo", afirma Hani al Shaer, um jornalista local que depende do chip para suas transmissões ao vivo.

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"Ninguém saberia o que ocorre em Gaza", afirma. Na terça-feira, o território enfrentou o quarto corte de serviços de telecomunicações desde o início da guerra entre Hamas e Israel em 7 de outubro.

Os eSIM são uma versão digital dos chips habitualmente inseridos nos telefones para conectá-los à internet. De funcionamento simples, se tornaram fundamentais em Gaza.

Familiares que vivem no exterior se encarregam de comprá-los e enviar um QR-code. Para ativá-los, basta escanear o código com a câmera de um celular compatível com o sistema. Assim, o usuário em Gaza se conecta em modo 'roaming' a uma rede exterior, geralmente israelense ou egípcia.

- Uma "bênção" -

O sistema tem sido uma bênção, comenta Samar Labad. A mulher de 38 anos deixou sua casa na Cidade de Gaza, no norte, e fugiu para o sul, onde milhares de palestinos deslocados vivem em acampamentos improvisados.

Agora em Rafah, Samar perdeu contato com sua família por uma semana, até que seu irmão, na Bélgica, enviou um eSIM. "A conexão não é estável, mas funciona", afirmou. "Ao menos podemos estar em contato para tranquilizá-los, mesmo que seja intermitente".

Ela também tem pessoas queridas em Khan Yunis. "Posso saber como estão por meio de alguém que vive com eles cujo telefone seja compatível com um eSIM", comentou.

O serviço está disponível apenas em regiões próximas à fronteira com Israel. Em outras áreas, é necessário subir no telhado para captar o sinal.

- Buscas por vítimas -

Ibrahim Mujaimar, proprietário de uma loja de telefones celulares, disse que seus principais clientes são jornalistas que usam os eSIM para divulgar a situação de Gaza no exterior. Os profissionais da imprensa informam sobre "a escassez de itens básicos necessários para a sobrevivência" no território cercado.

Seus clientes de eSIM incluem também "médicos e trabalhadores da defesa civil que buscam saber a localização dos bombardeios para ajudar as pessoas", acrescentou Mujaimar. Trabalhadores da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA, os utilizam para organizar caravanas de ajuda.

Embora os chips ajudem a enfrentar os apagões das telecomunicações, é necessário ter conexão para ativá-los.

O preço varia de "15 a 100 dólares, dependendo do tempo de validade", indicou o jornalista de vídeo Yasser Qudieh.

Hani al Shaer indicou que muitos jornalistas com eSIM acabaram se tornando mensageiros. "Muitas pessoas no exterior nos procuram para saber as últimas notícias de Gaza e informações sobre suas famílias", contou.

A guerra começou após o ataque surpresa do movimento islamista Hamas em 7 de outubro que deixou 1.140 mortos em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e iniciou uma campanha em larga escala por ar e terra contra o movimento palestino. A ofensiva devastou a Faixa de Gaza e matou mais de 21.100 pessoas, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas.

A Human Rights Watch advertiu que os cortes nas telecomunicações em Gaza podem "encobrir atrocidades e criar impunidade, e, ao mesmo tempo, minar os esforços humanitários além de colocar vidas em perigo".

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