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Se depender da noite de abertura da 11ª Mostra Brasileira de Dança, realizada nesta sexta-feira (1º) no Teatro de Santa Isabel, área central do Recife, o festival está com sucesso garantido. Com apresentação do dançarino Carlinhos de Jesus e sua Cia. de Dança, que trouxe ao Recife o espetáculo Aquarelas, a mostra lotou o Santa Isabel com um público que em várias ocasiões não economizou nos aplausos e na interação com a montagem. A programação da mostra segue até o próximo dia 10 de agosto, com 32 atrações divididas entre espetáculos completos, mostra de coreografias, além de seminários, exposições e exibição de vídeos sobre a arte do dançar.
##RECOMENDA##De acordo com a produção do evento, os ingressos para a sessão de Aquarelas desta sexta (1º) já estavam esgotados desde a quinta-feira (31) passada. E o Santa Isabel estava de fato cheio de pessoas, entre famílias, artistas das artes cênicas e outras linguagens, e gestores públicos como a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, uma das personalidades aplaudidas na solenidade de abertura do festival.
Mostra Brasileira de Dança começa com oficinas de formação
Para Iris Macedo, uma das organizadoras do evento ao lado de Paulo de Castro, a realização da 11ª Mostra Brasileira de Dança trouxe um gostinho especial. “Tivemos que esperar quase dois anos pra realizar o festival. Ano passado passamos por alguns problemas, e um deles foi a falta de incentivo financeiro. Mas a gente veio reagrupado e com força para fazer deste festival um dos melhores do Brasil”, comemorou Iris Macedo. A mostra conta com patrocínio dos Correios, Governo Federal, Funcultura, programa O Boticário na Dança e apoio da Prefeitura do Recife, que cedeu a ocupação dos teatros.
A solenidade de abertura também prestou uma homenagem a Mônica Japiassú, paulistana radicada no Recife há mais de trinta anos e um dos principais nomes da dança local. “Com grande alegria eu recebo essa homenagem. Agradeço a Iris Macedo, a Paulo de Castro e a todos que fazem a Mostra Brasileira de Dança, que me enviaram essa boa notícia com lindas orquídeas”, agradeceu Mônica Japiassú sob fortes aplausos.
Aquarelas do Brasil
Sinônimo da dança de salão brasileira, Carlinhos de Jesus vai na contramão com este espetáculo, um retrato das danças populares no Brasil que dá destaque maior à arte popular praticada no Rio de Janeiro e as variações do samba carioca. Acompanhado de mais doze bailarinos, o grupo apresenta as variadas manifestações populares nacionais como a lambada, o forró e até o frevo pernambucano, além de chorinho, samba percussivo, samba de roda, sambas de gafieira, e tantos outros ritmos.
A montagem começa com Carlinhos de Jesus no palco e uma homenagem às raízes de matriz africana, a base da cultura brasileira, para em seguida apresentar os diversos ritmos populares. Um dos momentos de maior êxtase da plateia se deu quando 11 passistas de uma escola de frevo do Recife, um deles uma criança, fizeram uma homenagem ao ritmo pernambucano.
Apesar de levar o nome de Carlinhos de Jesus, a Cia e seus bailarinos passam a maior parte do espetáculo ocupando o palco. Em várias cenas, eles interagem com o mentor do grupo, cheio de carisma e bom humor. Isso ficou bem claro quando dois bailarinos, com camisas do Santa Cruz e do Náutico, ‘disputaram’ uma outra bailarina ao som da música Nega Manhosa, de Nelson Gonçalves. No final da cena, Carlinhos de Jesus entra na disputa e, ao abrir o jaleco, mostra a camisa do Sport Clube do Recife para histeria de uns e vaias de outros.
Cantando Voltei Recife, de Alceu Valença, Carlinhos de Jesus surpreendeu o público ao surgir na entrada da plateia do teatro para fazer um discurso nostálgico. “Conheci o Recife em 1989, quando vim me apresentar ao lado de Elba Ramalho. Já passei por teatros como o Guararapes, Apolo, Santa Isabel, praças públicas e até no extinto Cavalo Dourado”, comentou Carlinhos, ao citar uma antiga casa de festas da cidade, para em seguida emendar com a voz embargada. “Recife se fez presente num momento de grande dor na minha vida. Recebi milhares de telegramas de gente dessa terra, me desejando solidariedade. Se não fosse este apoio, se não fosse a dança, e vontade e a perseverança, eu com certeza não estaria aqui hoje”, disse, com a voz cheia de emoção, ao citar a morte do filho, assassinado no Rio de Janeiro em novembro de 2011.
No quesito técnico, poucas críticas negativas à montagem. A iluminação impecável entrou no clima da apresentação ao levar as sete cores do arco-íris em representação à diversidade da música popular brasileira. Os bailarinos também mostraram bastante entrosamento com raras falhas e números de dança de tirar o fôlego.
Ao som de Aquarela do Brasil e acompanhado de porta bandeira e passistas do carnaval carioca, Carlinhos de Jesus agradeceu mais uma vez a presença do público e aproveitou para lembrar das próximas sessões do espetáculo no Santa Isabel. “Amanhã a gente está de volta às 20h30, mas aproveito para avisar que teremos uma sessão extra, marcada para as 18h”, comentou o dançarino no palco, para ser aplaudido de pé pela plateia. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda na bilheteria do local.