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Em uma campanha construída na representatividade LGTQIA+ e na atuação do povo preto na política, Robeyoncé Lima (PSOL) superou a expressiva marca dos 80 mil votos em Pernambuco, mas não foi eleita deputada federal pelas regras das eleições proporcionais. Filiada a um partido com dificuldades de alavancar candidaturas, o quociente eleitoral permitiu que apenas Túlio Gadêlha ocupasse a vaga da coligação PSOL/Rede.  

Eleita ao legislativo estadual em 2018 com integrante do Juntas, a advogada de 27 anos lançou uma candidatura titular para 2022 com a missão de se tornar a primeira travesti a assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados. Suas propostas foram apoiadas por uma parcela considerável do eleitorado pernambucano, mas o tamanho do seu partido atrapalhou o ingresso em Brasília, como explicou o cientista político Caio Sousa. 

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"Ela representa sim uma votação expressiva e, mais uma vez, a gente se depara com o grande entrave que foi o quoeficiente eleitoral, que faz com que candidatos que manifeste, por vezes, grande parte do eleitorado, mesmo assim, em virtude do seu partido não conseguir uma quantidade expressiva de votos, esse candidato acaba não conseguindo entrar para ocupar uma das vagas. Afinal, não conseguiram votos suficientes", comentou Sousa. 

O analista destaca que a população não entende que vota no partido e não no candidato em si. Essa condição já se tornou uma pedra no sapato do próprio PSOL e acaba confundindo a cabeça do eleitor, que vê a vitória de candidatos com menos apoio das urnas. 

 "A população ao votar nela acaba também ignorando que o seu conjunto partidário não representa a sociedade compatível com esses 80 mil votos. Como o conjunto não conseguiu fazer uma quantidade de votos suficientes para preencher uma vaga, consequentemente, a candidata não conseguiu entrar", esclareceu. 

Pernambuco conservador

Embora tenha mostrado sua capacidade de aglutinar apoio e visibilidade, Robeyoncé não conseguiu dividir a força de apoio de quem defende suas pautas para agregar votos em outros candidatos do PSOL. Nesse contexto, a resposta do eleitor pernambucano também consolidou a tendência por candidatos que já estavam no poder ou pela eleição daqueles mais alinhados ao conservadorismo de Jair Bolsonaro. 

"Pernambuco, apesar de votar no PT, não tem um eleitorado que ainda abarque as pautas de Robeyoncé e seu grupo. É um eleitorado que fica restrito à Dani Portela, que substitui a Juntas, e Robeyoncé entra em uma fatia de eleitorado que era disputada com Túlio Gadêlha e que ainda é de uma minoria", observou o cientista. 

Acima do sentimento de frustração, a candidata conseguiu ser reconhecida e já projeta uma grande expectativa em torno do seu nome nas eleições de 2024. “Certamente é um nome forte para eleição de vereadora. No entanto, é um passo atrás para alguém que já ocupou uma vaga em um mandato colegiado junto à Alepe”, considerou Caio Sousa. 

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