Por conta do isolamento orientado em decorrência do coronavírus (Covid-19), questiona-se se o fato de as pessoas estarem em casa nos últimos meses contribuiu de forma positiva com o meio ambiente e se os hábitos sustentáveis foram mantidos.
Nesse período de restrições, houve uma redução do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, já que a maior parte da produção industrial foi paralisada e os veículos se locomovem menos. "Contudo, as pessoas não deixaram de consumir e gerar resíduos em suas atividades. Para atender esse consumo houve a necessidade de uso de certos produtos, materiais de baixa recuperação e aproveitamento no ciclo produtivo", explica o consultor ambiental Aguinaldo Leite.
##RECOMENDA##Por conta do aumento no consumo de produtos com embalagens plásticas, papel e EPS (isopor), vários desses materiais estão sendo enviados aos aterros sanitários sem nenhum tratamento. Isso acontece porque os profissionais responsáveis estão parados ou tem receio de se contaminar com a doença. "O plástico, que tem alto poder de reciclagem, está sendo descartado de forma 'segura' do ponto de vista da saúde, porém, muito mal para a sustentabilidade", alerta Leite.
Para diminuir os riscos de contaminação da Covid-19, as pessoas estão adotando hábitos que impactam de forma negativa no meio ambiente, entre eles o excesso no uso de embalagens nos serviços delivery e o consumo de enlatados. "Por medo de contaminação, os profissionais não se arriscam a separar e selecionar os materiais, que acabam parando nos lixões e aterros sanitários, que, além do impacto nos custos públicos, no custo ambiental é brutal", afirma o ambientalista.
A maneira como as pessoas estão vivendo na pandemia contribuiu com o meio ambiente em alguns aspectos, mas prejudicou outros. "Para uma balança ambiental podemos dizer que esse fenômeno mudou de maneira positiva, mas é temporário e não creio que será suficiente para alterar nossos hábitos", finaliza.