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Milhares de mulheres vão às ruas nesta quarta-feira (8) para denunciar uma ofensiva global contra seus direitos e exigir o fim da discriminação e dos feminicídios, que aumentam em diversos países.

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, eventos e manifestações serão organizados em várias cidades ao redor do mundo.

As razões da mobilização são inúmeras: a discriminação imposta no Afeganistão desde a volta do Talibã ao poder, a repressão aos protestos no Irã pela morte de Mahsa Amini, o questionamento do direito ao aborto nos Estados Unidos ou as consequências da guerra da Ucrânia para as mulheres.

No Brasil, atos em São Paulo e no Rio de Janeiro denunciarão os "cortes nas políticas de proteção às mulheres" e o "crescimento vertiginoso do machismo e da misoginia" durante o mandato do direitista Jair Bolsonaro (2019-2022), afirmou Junéia Batista, da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

O atual presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, participará em Brasília do lançamento de programas para mulheres e da criação do Dia Nacional Marielle Franco contra a violência política, em homenagem à vereadora assassinada em 2018.

"Os avanços obtidos em décadas estão evaporando diante de nossos olhos", alertou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, na segunda-feira.

"No ritmo atual, a ONU Mulheres calcula que serão necessários 300 anos" para alcançar a igualdade entre homens e mulheres, acrescentou ele, depois de recordar a situação no Afeganistão, onde mulheres e meninas foram "apagadas da vida pública" desde o retorno do Talibã ao poder, em agosto de 2021.

As universidades afegãs reabriram na segunda-feira após as férias de inverno, mas apenas os homens foram autorizados a frequentar as aulas.

A União Europeia (UE) adotou na terça-feira sanções contra o ministro talibã do Ensino Superior, Neda Mohammed Nadeem, "responsável pela violação generalizada do direito das mulheres à educação".

Outros indivíduos ou entidades responsáveis por violações dos direitos das mulheres no Irã, Rússia, Sudão do Sul, Mianmar e Síria também foram alvos de sanções.

- Manifestações proibidas -

As manifestações de mulheres foram proibidas em vários lugares, como no Paquistão, onde as autoridades acusaram os "cartazes controversos" que as manifestantes costumam carregar, com reivindicações sobre o divórcio ou contra o assédio sexual.

As organizações feministas independentes de Cuba, que convocaram uma "marcha virtual" nas redes sociais para conscientizar sobre a violência de gênero e os feminicídios, também não receberam autorização para protestar.

Outro tema central dos protestos será a defesa do direito ao aborto, enfraquecido nos Estados Unidos pela decisão da Suprema Corte em junho de revogar a decisão de 1973 que o garantia o acesso a nível federal.

Na Europa, esse direito também foi enfraquecido na Hungria e na Polônia.

"Lutamos contra um patriarcado (...) que disputa até a morte esses nossos direitos - como o aborto - que conquistamos lutando", afirma o manifesto da marcha que acontecerá em Madri.

Na França, foram convocadas manifestações pela "igualdade no trabalho e na vida". O país está em crise por greves e protestos contra a reforma da Previdência promovida pelo governo liberal de Emmanuel Macron, que os críticos dizem ter efeitos nocivos sobre as mulheres.

Também há protestos marcados nas principais cidades do México, Colômbia e Venezuela.

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