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Uma cena fora do comum chamou a atenção dos vizinhos do Colégio Estadual Monteiro de Carvalho, localizado no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (14). Livros clássicos da literatura nacional e enciclopédias, por exemplo, estavam sendo arremessados pela janela até o chão da quadra da instituição de ensino, de uma altura de cerca de 16 metros. 

Os livros estavam em prateleiras da antiga biblioteca do colégio, em um prédio anexo interditado pela Defesa Civil desde o ano de 2016. Segundo a direção, a intenção foi aproveitar o período de férias para limpar a unidade. A ação foi filmada e publicada pelo jornal O Globo, que fez uma reportagem no local. 

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A diretora do colégio, Rosângela Cistaro, afirmou em entrevista gravada que o material foi doado e precisava ser descartado por estar estragado, sem condições de uso. “Os livros que estavam lá foram doados pelo Rotary Club. Eram livros velhos, mofados, com ácaros e fungos. Tiveram que ser descartados. Por que os livros foram jogados lá de cima? Porque é a forma mais rápida, fácil e barata. Do pátio colocamos na caçamba da camionete. A verba que nos chega é direcionada. Carimbada para comprar mobiliário para salas e cozinha, como geladeira e bebedouro. Eu tinha que limpar e não recebi para isso. A minha única opção foi chamar o pessoal da comunidade para ajudar”, afirmou ela. 

A diretora afirmou ainda que o material foi descartado em uma cooperativa de reciclagem no bairro de Santo Cristo. Em seguida, segundo o jornal O Globo, entrou em contradição ao colocar a culpa pela situação nos funcionários, dizendo que não autorizou que os livros fossem jogados pela janela, como havia dito antes, e que ficou surpresa com o barulho das caixas caindo enquanto estava atendendo pais de alunos. Mesmo após o flagra, os livros continuavam sendo arremessados. 

“ Talvez tenha ocorrido um erro. É um pessoal (os operários) desavisado que atirou os livros pela janela. Só isso. Quando eu vi, eu fui lá. Estes livros não foram comprados por dinheiro público. Eles nem chegaram a ser catalogados”, afirmou a diretora Rosângela Cistaro. Após o caso, ela afirmou não receber mais doações. “Não quero mais. Doam para gente livros velhos, cheios de ácaro. Alguns até cheiram mal, repletos de traças. Faz até mal à saúde. As pessoas acham que, por ser escola pública, tem que dar livro de pobre”, afirmou.  

O Secretário Estadual de Educação, Pedro Fernandes, chamou o caso de “lamentável” e abriu uma sindicância para apurar a conduta da diretora. Ele explicou que há um protocolo para o descarte de livros, que envolve a elaboração de relatórios contendo os títulos que já não servem antes de abrir um procedimento de descarte.

“É uma imagem chocante. Mesmo se for caracterizado se tratar de livros inservíveis. Se a investigação constatar falhas no procedimento de descarte, a diretora será afastada. Num primeiro momento, será feita uma gestão compartilhada e, caso a decisão seja por um afastamento definitivo da direção, a comunidade escolar escolherá uma nova diretora”, afirmou o secretário. 

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