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Em 1990, Kiefer Sutherland, Julia Roberts, Kevin Bacon, William Baldwin e Olliver Plat protagonizaram "Linha Mortal", filme dirigido por Joel Schumacher. No longa, os cinco são estudantes de medicina que se arriscam em Experiências de Quase Morte (EQM) voluntárias em busca de respostas existenciais e descobertas científicas. Mas não tarda para que o grupo descubra as consequências de haverem cruzado a tal linha do título. Vinte e sete anos se passaram e quis Hollywood que a mesma história tornasse a ser contada. A mesma, literalmente. O que mudou? O elenco. Ellen Page (Juno) assume o protagonismo ao lado de Diego Luna (Rogue One), Nina Dobrev (Terror nos Bastidores), James Norton (Rush: No Limite da Emoção) e Kiersey Clemons (Vizinhos 2). 

O roteiro de Peter Filardi não se interessa em desenvolver muita coisa. Logo depois da apressada cena inicial a narrativa já dá um salto de nove anos para unir os personagens e dar início à série de desventuras do grupo. Não há muitas explicações científicas para o que é sugerido por Courtney (Page) a seus amigos - que, lembrando, também são estudantes de medicina -, nem um porquê real para a experiência. Mas, com exceção de Ray (Luna) todos decidem embarcar na ideia, já que a experiência começa deslumbrante e, aparentemente, resulta em efeitos colaterais positivos como o desenvolvimento da capacidade cognitiva. Só que os "fantasmas do passado" de cada personagem parecem pegar carona de volta na aventura dos futuros médicos e é aí que o filme se transforma num grande jogo de gato e rato (humano / sobrenatural / humano) no qual o que menos importa é se há algo ou o que há além da morte. 

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Apesar desse strorytelling não ser nenhuma novidade para quem assistiu ao filme original - que já lá não é grande coisa - o que impressiona é como tudo soa descartável na nova produção. Em tela há muitas cenas festivas, com direito a folia na chuva de granizo, personagem quebrando parede de AP madrugada (???), romancesinhos pra descontrair (mais), melodramas mil, investigações óbvias sobre o que está acontecendo e jump scares. Principalmente jump scares. Parece que Niels Ardlen Oplev (A Garota com a Tauagem de Dragão) enxerga que o único meio possível de sustentar as quase duas horas do filme é enfileirando sustos baratos.

É difícil criar empatia com os personagens, já que o roteiro os torna razos e unilaterais, então as sequências que oferecem perigos são excassas de tensão - deméritos à insossa trilha sonora de Nathan Barr (a vidas de distância da competente banda sonora do original composta por James Newthon Howard). Mas nada é mais desastroso no  filme do que sua montagem. Na batuta de Tom Elkin, diversas sequências ganham um grau a mais de absurdo, como por exemplo na cena em que uma personagem lança propositalmente seu celular à certa distância e no próximo corte já está com ele praticamente em mãos. Em outro momento, um personagem tem a mão perfurada e a montagem esvazio o visto de qualquer gravidade, colando uma outra cena completamente inverossímil logo em sequência. A falta de ritmo se mistura às atuações irregulares, na maioria dos casos pela exata falsa de escopo dos personagens. Diego Luna talvez seja o que mais sofra com a completa a falta de sentido de suas ações ou existência, em tela. Page liga o modo automático e entrega mais do mesmo. Os demais se viram no caricato e deixam o filme seguir ladeira abaixo.  

No fim, difícil coisa é explicar esse remake. Se ao menos os efeitos especiais evoluíssem após as quase três décadas, se o texto se preocupasse em cumprir o prometido e de fato abordasse a complexidade das EQM's, se, se e se. Mas, nem o esforço da direção de arte em desenhar cenários minimamente críveis, nem a participação especial de Sutherland salvam o longa do tédio. Ou melhor: do além do tédio.

 

Nota: 1 / 5

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