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O dia dos Santos Cosme e Damião, que é celebrado nesta sexta-feira, 27 de setembro, logo remete aos doces e pipocas que são oferecidos às crianças como pagamento de alguma promessa por parte dos adultos. Mas para a Igreja Católica, o ato de entregar as guloseimas não tem nenhum significado real. Baseia-se apenas em práticas* que não são próprias da igreja, mas adotadas por católicos e atribuídas aos santos. 

O que vale mesmo, de acordo com Abdon Santana, estudante de teologia e um dos coordenadores da 478ª edição da Festa de Cosme e Damião, é o exemplo de vida destes dois homens, irmãos gêmeos, que são provavelmente do século III, da Ásia Menor, atual território da Turquia. Cosme e Damião são conhecidos popularmente como padroeiros das crianças – por isso a entrega dos doces – além dos farmacêuticos, médicos e da cidade de Igarassu, no Grande Recife, onde fica instalada a igreja mais antiga em funcionamento do Brasil, que é dedicada aos santos.

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Os santos viveram com a mãe e os outros três irmãos. O pai morreu assim que eles nasceram. Eles cresceram na prática cristã e formaram-se médicos, não cobrando nada para exercer a profissão. De acordo com a história, que não está narrada em nenhum livro bíblico, os santos médicos conseguiram curar doenças que nenhum outro profissional achou solução. Além de usar os remédios da época e eles faziam sempre o sinal da cruz. “Eram pessoas simples e colocaram seus conhecimentos à disposição de todos, sem cobrar nada”, relatou o coordenador.

A professora Heloísa Pimentel é um exemplo de católicos que oferece guloseimas às crianças. Ela herdou da mãe a prática, que fez isso em pagamento a uma promessa pela saúde das duas filhas mais velhas. “Neste dia, fazemos quebra-panela, distribuição de bombons, doces e presentes. Não há um ritual específico, apenas muita alegria e o desejo de proporcionar um dia melhor para as crianças”, relatou.

De acordo com Abdon Santana, as graças que podem ser atribuídas por intercessão dos santos variam desde um emprego alcançado à cura de uma doença. A história conta que os santos protegeram a cidade de Igarassu, inclusive da contaminação de doenças que atingiram cidades vizinhas. “Num período em que povoados como Recife, Olinda e Goiana eram aterrorizadas pela febre amarela, Igarassu era protegida por meio de Cosme e Damião. Isso é motivo de comemoração. Celebrar essa festa é lembrar a importância que eles tiveram e têm na história dessa cidade”, disse.

SANTIDADE – Embora antigamente não existisse o processo de canonização, os homens eram considerados santos por ‘Vox Populi’, ou seja, por eleição do povo. Cosme e Damião nunca chegaram a pisar no Brasil, mas acredita-se que as imagens dos santos chegaram à Igarassu através dos portugueses em 1535. As originais encontram-se atualmente no altar principal da capela.

RELIGIÃO AFROBRASILEIRA* – Na Umbanda, no Dia de São Cosme e São Damião, também tem celebração. O santo faz referência a Ibeji, dois orixás ligados às crianças e gestantes, são eles: Oxum e Erê. Isso se dá porque, na época da escravidão, em que os escravos eram obrigados a cultuar os santos católicos, eles o faziam ligando a sua crença. O Oxum, diz respeito a fertilidade da mulher, já o Erê, pede proteção às crianças. Nessa época, também há oferenda de doces para as crianças, isso explica o sincretismo entre as religiões católica e afrobrasileira.

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