Tópicos | Euclides da Cunha

Um homem de 22 anos foi preso preventivamente em Euclides da Cunha, Bahia, por ter arrancado parte da orelha da ex-mulher com uma mordida. Segundo a Polícia Civil, a agressão aconteceu no início do ano e teria sido motivada por ciúme.

O suspeito estava foragido. Depois de uma intensa investigação, os policiais descobriram que o homem estava há dois meses se escondendo dentro de uma caixa d'água, na zona rural da cidade.

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Ele foi apresentado na delegacia de Euclides da Cunha, onde ficará à disposição do Poder Judiciário.

O livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, publicado, pela primeira vez em 1902, é considerado um marco também para o jornalismo brasileiro (e não apenas para a literatura). Um dos méritos, além da inovação dos caminhos narrativos para história de não-ficção, foi se contrapor a notícias falsas que eram publicadas em jornais da Região Sudeste sobre a Guerra de Canudos. Havia uma ideia que corria pelos veículos e pela opinião pública que a revolta dos sertanejos, na verdade, era uma tentativa de restabelecer a monarquia na década seguinte da proclamação da República.

A professora Walnice Galvão, docente emérita da USP, investigou os discursos dos jornais da época no livro No Calor da Hora. Estas versões, inclusive, trouxeram uma ideia equivocada para o próprio Euclides da Cunha. “Eu percebi, com clareza, como a mídia jornal influenciou o país. Convenceram a opinião pública brasileira que Canudos era uma conspiração restauradora da monarquia, e todo mundo acreditou. Essas notícias falsas estavam nos editoriais, reportagens e até nas caricaturas”, diz, lembrando que os jornais, em tempos sem rádio ou TV, faziam o serviço principal de comunicação.

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O professor Leopoldo Bernucci, da Universidade da Califórnia, também chama a atenção sobre o avanço das fake news (notícias falsas) à época, mas reitera que Euclides da Cunha não conseguiria avançar nas pesquisas que lhe renderam o término de Os Sertões sem apoio dos jornais impressos. “Ele tinha também uma ligação muito forte com os jornais e lhe serviu de fontes de informação importantes. Percebi que há diferenças de datas e números em documentos. Uma nova pesquisa que pode ser feita é comparar os documentos para precisar dados sobre eventos históricos”.

Para o professor de direito Arnaldo Godoy, que também é pesquisador em literatura, os escritos de Euclides, bem como a própria trajetória trágica pessoal do escritor, são capazes de provocar estudos sobre notícias falsas. “Considero muito importante tentar compreender o papel da comunicação na construção ou na desconstrução de um criminoso”, afirmou.

Mistura de jornalismo e literatura

Para o professor de jornalismo Edvaldo Pereira Lima, um dos principais pesquisadores de jornalismo literário do país, a obra Os Sertões é marco inquestionável do gênero no país. Ele contextualiza que, em outras coberturas de conflitos bélicos de guerra civil nos Estados Unidos e na África (por parte de correspondentes europeus), existiam iniciativas pioneiras de se amadurecer essa escola narrativa que excedesse a ideia de uma notícia crua. “Isso tem relação com a dificuldade de transmitir a intensidade de um campo de batalha de uma forma fria ou preso apenas à informação”. 

No Brasil, o primeiro caso é na obra de Euclides. “Muito mais do que informar, Euclides procura trazer uma leitura completa de compreensão de realidade, trazendo as múltiplas causas e a atenção principal na figura humana. Os Sertões faz com que o leitor compreenda de forma integral aquele acontecimento, em suas diferentes dimensões”, afirma Pereira Lima.

O pesquisador explica que, no jornalismo literário,  as pessoas são tratadas em profundidade e que, na obra euclidiana, há uma leitura quase psicológica. “Jornalismo literário é literatura também. Entendo como literatura tanto a ficção como a não-ficção. Um estilo pautado pela literatura do real. O que caracteriza a literatura é a qualidade e a excelência do nível narrativo. E isso é marcante com Euclides por causa de sua sensibilidade ao trazer aspectos sutis da realidade”. 

Esses aspectos servem para denunciar, investigar e ser caminho inspirador para a transformação social e humana. “Ler a obra é uma experiência de sensibilização para 'ressignificar' a realidade. Uma grande experiência de transformação de consciência para os cidadãos brasileiros”, afirma.

A edição de 2016 da Festa Literária Internacional de Pernambuco – Fliporto foi cancelada. O motivo, de acordo com a nota oficial emitida por Antônio Campos, criador e Conselheiro Cultural da Fliporto, foi a falta de ajuda financeira do Governo do Estado de Pernambuco.

A festa seria realizada de 2 a 4 de dezembro de 2016 com o tema 'Literatura e Realidade', em homenagem aos 150 anos do nascimento do escritor pré-modernista Euclides da Cunha, autor da obra clássica 'Os Sertões'.

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Ainda de acordo com a nota oficial, a edição de 2015 aconteceu no Colégio São Bento, um lugar privado, devido a "dificuldades colocadas pela Prefeitura de Olinda, à época, na obtenção das licenças necessárias para a realização do evento na Praça do Carmo, o que onerou o evento".

Para o ano que vem, a expectativa é realizar o evento "ante um possível melhor ambiente econômico e tendo um prazo mais elástico para captação de recursos e viabilização de parcerias".

Leia a íntegra da nota oficial da Fliporto:

"Vimos, pela presente, comunicar que a Festa Literária Internacional de Pernambuco – Fliporto, que chegaria à sua 12ª edição neste ano, foi cancelada para 2016. O evento aconteceria de 2 a 4 de dezembro, em Olinda, o tema seria “Literatura e Realidade” e homenagearia os 150 anos de nascimento do escritor Euclides da Cunha, autor do clássico “Os Sertões”. Em época de seca prolongada que castiga o Estado, de fanatismos religiosos e extremismos no mundo, de distanciamento do Brasil real do Brasil oficial, o tema é mais do que atual.

Por outro lado, estimamos executar o já, internacionalmente, reconhecido projeto, em 2017, que chegou a contar com mais de 120 mil visitantes em uma única edição, o que reforça a sua importância para o Turismo e a Cultura do Estado e do Nordeste, cujos detalhes anunciaremos em março/2017.

Em um ano de muitas adversidades econômicas, tornou-se imprescindível o apoio do Governo do Estado para a execução do projeto, neste ano. Porém, não foi possível obter tais recursos, por não termos conseguido sequer protocolar o projeto, ante negativa de recebimento, o que inviabiliza, de forma decisiva, a realização da Festa Literária Internacional de Pernambuco – Fliporto, nesta edição.

A última edição da Fliporto foi realizada, em 2015, no Colégio São Bento, local privado, que foi locado, ante também dificuldades colocadas pela Prefeitura de Olinda, à época, na obtenção das licenças necessárias para a realização do evento na Praça do Carmo, o que onerou o evento.

A Fliporto espera, ante um possível melhor ambiente econômico e tendo um prazo mais elástico para captação de recursos e viabilização de parcerias, trazer, em 2017, uma Fliporto ainda mais vigorosa e renovada, em respeito ao seu público e aos seus admiradores.

Olinda,16 de novembro de 2016."

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