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Vinte anos de atraso e uma polêmica envolvendo desvio de verba cerca o filme Chatô: O Rei do Brasil. A obra dirigida pelo ator Guilherme Fontes começou a ser produzida na década de 90, mas seu primeiro trailer foi divulgado apenas no último domingo (17).

O escritor Fernando Morais, autor do livro que inspirou o longa, utilizou seu perfil no facebook para anunciar a novidade. “Tenho más notícias para os coleguinhas que urubuzaram o Guilherme Fontes nos últimos anos: o filme ‘Chatô: O Rei do Brasil’ está pronto. Quem viu disse que é o máximo. Para quem não viu, como eu, aqui vai, com exclusividade e em primeiríssima mão (com cacófato), o trailer ainda sem finalização”, postou o escritor.

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O filme narra a história do jornalista e empresário Assis Chateaubriand, que fundou o grupo de comunicação Diários Associados em 1920. No elenco, o ator Marco Ricca, dará vida a Chatô, ao lado de nomes como Eliane Giardini, Paulo Betti, Andréa Beltrão, Leandra Leal, Letícia Sabatella e Gabriel Braga Nunes. 

Investigação

O atraso no lançamento de Chatô: O Rei do Brasil é alvo de investigação. O diretor do longa-metragem foi acusado de desviar parte do recurso e sonegação fiscal. Em novembro de 2014, o Tribunal de Contas da União condenou Guilherme Fontes a pagar duas multas, somando um total de R$5 milhões, além de devolver a Ancine (Agência Nacional do Cinema) o montante de R$66.267.732,48 milhões. A decisão, no entanto, ainda pode ser revertida por recurso na Justiça comum.

Paralelamente, o Ministério Público Federal também impetrou uma ação de improbidade contra o ator, sob a acusação de que Guilherme Fontes teria recebido R$51 milhões, nos moldes de patrocínio por isenção fiscal para finalização do filme. Mas não teria concluído a produção, nem prestado conta da verba. No entanto, a Justiça Federal suspendeu a sessão que avaliou o processo no mês de abril e ainda não existe data para ser retomada. 

Em entrevista a imprensa, Fontes negou as acusações e considerou as condenações como piada. “Eu durmo tranquilo porque nunca desviei um real. Essas duas condenações são uma piada. O que captei de fato foram R$ 12 milhões. Recebi R$ 8,6 milhões, que investi integralmente no projeto. O Brasil é fake! É uma história complicada”, comentou.

Apesar da divulgação do trailer, o filme Chatô: O Rei do Brasil ainda não tem data prevista para estreia. 

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O escritor Fernando Morais se reuniu por cerca de duas horas e meia com a presidente Dilma Rousseff para ouvir dela um depoimento sobre o tempo em que conviveu com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para o livro que está escrevendo sobre o ex-metalúrgico. O livro abrangerá os anos de 1980 a 2010 e mais de 50 pessoas já foram ouvidas por ele.

"É um livro que não é uma biografia, é um livro que vai da prisão dele em 1980 até o fim do segundo governo. Estou ouvindo todo mundo que conviveu com ele nesse período, não só da área política, mas da área sindical, polícia, gente que prendeu ele", contou Morais, após sair do encontro, no Palácio da Alvorada. Fernando Morais disse que estava há algum tempo pedindo a audiência com a presidente e que a conversa "foi ótima".

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O escritor não informou quando o livro será lançado e nem o seu conteúdo, nem mesmo o que lhe disse a presidente. "O livro está prontinho, só falta escrever", brincou ele, sem adiantar nenhum detalhe do texto. Ele contou que está há dois anos e meio "grudado" no Lula recolhendo dados, "desde antes da doença", que o acometeu em 2011, só parando durante o período de tratamento. Depois, lembrou que viajou o mundo inteiro ao lado do ex-presidente ouvindo seu depoimento.

A aprovação pela Câmara dos Deputados, na terça-feira, da publicação de biografias não autorizadas foi classificada pelo historiador Paulo César Araújo como o primeiro passo para o estabelecimento da plena liberdade de expressão no Brasil. Araújo faz parte do time de pesquisadores e autores que viram o trabalho, no caso dele de 15 anos, na Justiça por iniciativa dos biografados ou, mais frequentemente, de seus herdeiros.

Ele é autor de "Roberto Carlos em Detalhes", obra lançada em dezembro de 2006 que vendeu 47 mil exemplares até que o retratado, descontente, fizesse um acordo com a Planeta cerca de seis meses depois do lançamento. Os livros foram recolhidos, a editora se comprometeu a não fazer uma nova edição e deu os 11 mil exemplares que restaram a Roberto Carlos. O autor, de mãos abanando, passou a frequentar festivais literários para falar sobre essa questão que já afligiu, aqui, Ruy Castro, João Máximo e Fernando Morais, entre outros.

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"O que estava em ameaça era a sobrevivência de um dos mais populares gêneros literários, que é também uma obra de história. Como historiador, sei que alguém pode contar a história de uma sociedade por meio de suas estruturas econômicas e sociais, das lutas de classe ou a partir de seus personagens. E não existe uma biografia sem que o autor tenha a liberdade de escrever sem precisar falar com o personagem e também se não puder falar sobre a vida pessoal dele. Terá só um ensaio."

Hoje, quatro exemplares estão à venda no Estante Virtual por valores entre R$ 190 e R$ 360, mas Paulo César Araújo não ganha nada com isso. Ele espera agora a decisão final - a proposta ainda tramitará no Senado - para tentar publicar seu livro por outra editora.

A notícia da aprovação do projeto e a expectativa de que os senadores compartilhem da mesma opinião não vai contribuir diretamente para que outra biografia importante, e proibida, volte às livrarias. No início de março, as herdeiras de Noel Rosa desistiram do processo que moviam contra João Máximo e Carlos Didier, que lançaram, em 1990, "Noel Rosa - Uma Biografia", pela UnB. Foram cerca de 20 anos de batalha judicial. Os autores, portanto, teriam tranquilidade para procurar nova editora.

"Mas isso tudo chegou muito tarde para nós. Hoje os parceiros não têm uma opinião muito afinada com relação à possibilidade de reedição do livro. Não digo que ele não será reeditado, só que será mais difícil porque não temos o mesmo convívio", conta João Máximo. "Não tenho projeto para esse livro do Noel Rosa, a não ser que alguma editora se interesse a ponto de tentar uma reaproximação dos dois autores."

Máximo não acredita que alguma editora vai querer relançar seu livro porque não seria um projeto barato - o volume traz muitas fotos. Mas os leitores esperam. Os exemplares remanescentes da edição original chegam a custar até R$ 700 também no site Estante Virtual.

Recentemente, João Máximo teve problema semelhante. Ele quis reeditar "Gigantes do Futebol Brasileiro", de 1965, com perfis de 22 jogadores e a editora Civilização Brasileira exigiu autorização de todos. "Tive que ir atrás das famílias, a viúva de Jair Rosa Pinto não autorizou. As editoras ficam com muito medo dessas coisas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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