Tópicos | Flávio Gadelha

O LeiaJá publica, nesta terça-feira (23), a quarta reportagem sobre lideranças políticas de grupos de minorias que buscam protagonismo nas eleições municipais em Pernambuco neste ano. Desta vez, entrevistamos Vinícius Soares (PT-PE), um ativista nascido no bairro do Alto São Miguel, na periferia da cidade de Abreu e Lima, que busca ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores do município de quase 100 mil habitantes.

Trajetória

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O jovem de 24 anos, pertencente a comunidade de ruas estreitas e que ainda não conta com serviço de transporte público, sempre se mostrou interessado em mudar a realidade do seu bairro, que assim como outras áreas de Abreu e Lima, sofre com as desigualdades sociais que afetam as periferias da Região Metropolitana do Recife.

“Eu sou nascido e criado no Alto São Miguel. Moro aqui desde que nasci e continuo morando na mesma casa, com os mesmos vizinhos. Foi nesse bairro que aprendi a compartilhar o muito e o pouco. Esse local me deu princípios na vida que eu levo não só para discutir a política, mas para me colocar enquanto ser humano e enquanto cidadão”, conta Vinícius.

Através dos seus primeiros passos na vida pública, o jovem já vem alcançando visibilidade no cenário político do litoral norte pernambucano. Com as suas passagens em coordenações de projetos sociais e na direção de assistência estudantil da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), Vinícius ganhou experiências que o fizeram, nas eleições municipais de 2020, a querer ser candidato a vereador pela sua antiga sigla, o PSB. Na época, ele não conseguiu uma vaga na Câmara, mas terminou as eleições como um dos jovens mais votados na história de Abreu e Lima.

A derrota, acompanhada por 726 votos de confiança, não fez Vinícius colocar de lado o seu antigo desejo em participar das decisões da sua cidade. Se, atualmente, os moradores do Alto São Miguel precisam, diariamente, descer as ladeiras de acesso da localidade para conseguirem alguns serviços básicos, Vinícius desce pelas ruas e vielas do bairro para conversar com outros cidadãos abreu-limenses que se identificam com a sua visão de cidade. É através desse contato com a população que ele se lançou, novamente, como pré-candidato a Câmara de Vereadores do município nas eleições deste ano.

“Eu quero discutir a cidade pois entendo, de perto, quais as suas necessidades. Sei os seus problemas, pois os enfrento diariamente. E, as pessoas desejam escolher nomes que as representem para tentar resolvê-los”, diz.

Foto: Arquivo Pessoal

Conhecido entre os moradores, principalmente, por um discurso que o revela como um jovem que deseja honrar a luta dos seus pais, uma merendeira de escola pública e um trabalhador de fábrica, o ativista enxerga que Abreu e Lima ainda sofre pela "falta de políticos que escutem o povo, que façam um projeto coletivo e que discutam a política na ponta”.

“Precisamos escutar as pessoas. Eu tenho dito que mesmo com pouca idade, eu entrei na política e lidero um projeto político sem sobrenomes. Eu não sou herdeiro político. Meu pai é um pião de chão de fábrica, minha mãe é uma merendeira de escola e cabeleireira. Por que eu estou dizendo isso? Porque isso pesa nas decisões políticas que eu tomo, isso também faz parte de quem eu sou. Representarei comigo toda a resistência de um povo trabalhador”, pontua.

Desafios

Se, nacionalmente, o Partido dos Trabalhadores ainda está criando estratégias para colher bons resultados na eleição municipal de outubro deste ano, em Abreu e Lima não é diferente. A direção do PT na cidade ainda não definiu qual os rumos da sigla na disputa, mas nos bastidores políticos não é descartado o apoio do partido do presidente Lula (PT) para o atual prefeito do município, Flávio Gadelha (União Brasil-PE).

Mesmo defendendo uma candidatura própria em Abreu e Lima, Vinícius revela que os diretórios da sigla estão se reunindo para decidirem como se comportará o PT na disputa deste ano. Ele, que se diz inspirado por políticos como o senador Humberto Costa (PT-PE) e os vereadores Vinícius Castello (PT-PE) e Flávia Hellen (PT-PE), destaca que respeitará as decisões do seu partido, pois acredita que o PT "já mostrou inúmeras vezes como é necessário criar pontes para trazer melhorias para a população".

Questionado sobre como lida com a possibilidade de uma reeleição de Flávio Gadelha, liderança política que já demostrou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o pré-candidato, afirma que devido os posicionamentos do PT pedirem a “união de forças para resolver problemas crônicos que afetam a população”, o atual momento da política nacional precisa “se livrar da polarização” e se utilizar das estratégias do presidente Lula para o crescimento dos estados e municípios.

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O promotor de Justiça da 119ª Zona Eleitoral de Pernambuco, Roberto Brayner, ingressou com ação cautelar pedindo o afastamento de Flávio Vieira Gadelha de Albuquerque do cargo de prefeito de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife. O representante do Ministério Público Eleitoral (MPE) investiga o uso de recursos públicos para captação ilícita de votos na eleição 2012. Segundo a denúncia, dentre outras ilegalidades, a prefeitura teria patrocinado material gráfico de propaganda eleitoral e distribuído cheques entre pessoas físicas, durante a campanha eleitoral, visando beneficiar o candidato apoiado por Flávio Gadelha (PMDB), e que terminou eleito para a Prefeitura.

O pedido de afastamento foi motivado pelo fato de o prefeito se negar a fornecer documentos da contabilidade da Prefeitura, os quais foram regularmente requisitados pelo promotor de Justiça e que são indispensáveis para o esclarecimento dos fatos. Respondendo ao requisitório do Ministério Público, o prefeito de Abreu e Lima remeteu o ofício nº 018/2012 no qual afirma que somente fornecerá documentos em cumprimento de ordem judicial.

Segundo o promotor, “é a segunda vez nesta investigação que por ordem direta do prefeito documentos das contas do Município são negados ao Ministério Público Eleitoral. Para além do desrespeito à instituição que represento, a atitude configura manobra de obstrução do trabalho de investigação e pode causar dano irreparável, pois há prazos fatais para ajuizamento das ações eleitorais cabíveis, a exemplo do recurso contra a diplomação”.

A ação foi encaminhada ao Juiz da 119º Zona Eleitoral, Dr. Luiz Mário Miranda, que deverá se pronunciar sobre o pedido.

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