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O procurador regional da República do Distrito Federal, Guilherme Shelb, está na Granja do Torto para uma reunião com o presidente eleito, Jair Bolsonaro. Mais cedo, Bolsonaro admitiu que ele é cotado para o comando do Ministério da Educação e antecipou o encontro.

Evangélico, Shelb é abertamente favorável ao projeto Escola Sem Partido e contra a "ideologia de gênero nas escolas". Ele também agrada a deputados da bancada evangélica, que reclamaram ontem da possível indicação do educador Mozart Neves, diretor do Instituto Ayrton Senna, visto com um nome mais moderado.

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Bolsonaro está desde ontem hospedado na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República, que foi oferecida pelo presidente Michel Temer. Embora aliados afirmem que ele deve ficar na residência até a posse presidencial, Bolsonaro disse que ainda não há definição sobre o assunto.

Defendendo a tese de que a educação no Brasil não é regida pelos princípios definidos na Constituição Federal, o procurador da República, Guilherme Schelb, criticou, nesta terça-feira (17), as cartilhas distribuídas pelo Ministério de Educação (MEC) que tratam sobre diversidade sexual.  

Durante uma audiência pública na Câmara dos Vereadores do Recife para debater questões sobre pedofilia e erotização infantil, Schelb disparou contra o ensino adotado pelas escolas sobre o assunto e pontuou que os documentos adotados como princípios básicos do MEC “não contemplam as leis que regulam as famílias e a educação”.

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“Na fundamentação da cartilha, a estudiosa diz que ela quer quebrar tabus. Que tabus ela quer quebrar cara pálida? A lei? Para um jurista é [um documento] hilário. Isso é enviado às escolas como se isso fosse legal, mas não é”, argumentou. 

“O direito das crianças ao prazer sexual é um dos princípios que está nos documentos do MEC. Ele é fundamental ao movimento de pedófilos no mundo, que defende a autonomia sexual das crianças e as estimulam a esconder qualquer ação do tipo da família”, completou.

Segundo ele, a teoria de que os temas abordados pela cartilha combatem o preconceito e a descriminação contra gays, negros e mulheres é “totalmente contestável”. “Existiu um professor que queria combater os preconceitos e passou um filme de conteúdo pornográfico para crianças de 11 e 12 anos, com cenas de sexo entre dois homens. É correto mostrar isso para crianças? A Organização Mundial da Saúde fez estudos que mostram uma enorme influência de imagens no caráter e ações das crianças e dos adolescentes que possuem vulnerabilidade psicológica” salientou. 

“Isso também é prostituição. Não é moralismo, o que digo aqui, isso é proibido por lei”, acrescentou Guilherme Schelb.  A postura exposta nas cartilhas de “combater a homofobia”, de acordo com o procurador também é defendida por ele, mas “não com a prática de ilegalidades”. 

Para Schelb, a construção da moral nas crianças deve ser feita pela família. "A constituição é dura, diz que é dever dos pais criar e educar os filhos e o Pacto de San José da Costa Rica, que tem força de lei no Brasil, diz que a educação moral dos filhos é direito dos pais. Isso é lei, não é conceito”, salientou. 

Alertando que o Brasil é conhecido como a pátria da prostituição das crianças, o procurador também apontou a necessidade das mães e pais investigarem o comportamento dos filhos e condenou a vinculação de princípios da fé diante do assunto que gera polêmicas entre movimentos sociais, políticos, religiosos e estudiosos. 

“Nenhum professor ou legislador acompanham as mães na hora que ela vai à maternidade. Quem gera os filhos é a mãe e o pai. Não é o professor ou o político que fica preocupado com a criança e sim a família. Seria bom, sim, se as escolas adotassem um esquema de cooperação, mas sem esquecer que os princípios fundamentais de moralidade e sexuais devem ser repassados pela família”, cravou.  

Educação sexual estimula omissão das crianças

Guilherme Schelb veio ao Recife a convite da vereadora Michele Collins (PP), antes de o procurador discursar, a parlamentar defendeu que a educação sexual nas instituições de ensino podem estimular as crianças a não denunciarem possíveis atos de pedofilia e a erotização infantil e pontuou que a conversa sobre o assunto com os menores deve ser feita pelos pais e não pelas escolas. 

Para Collins, as cartilhas distribuídos pelo MEC “falam de assuntos que vão de encontro aos direitos das famílias”. “É algo que tenta incutir valores e passa a fomentar o caráter erótico das crianças. Sabemos que os pais conhecem os seus filhos e sabem o momento certo de falar sobre o assunto. Cabe a eles decidirem, de acordo com o perfil de criação do seu filho, quando e como abordar sobre o sexo. As escolas devem ensinar os filhos a respeitar qualquer condição ou escolha humana, mas estão invadindo os direitos das famílias”, cravou. 

Protesto 

Na galeria do Plenário da Câmara dos Vereadores, membros dos movimentos Levante Popular e Zoada expuseram cartazes com frases que diziam: "Homofóbicos não passarão!", "Quem pagará por nossos mortos?" e "Discurso mata, pastor". O grupo, de oito pessoas, participou da reunião. Não houve tumulto. 

A Câmara Municipal do Recife discute, na próxima terça-feira (17), a partir das 9h, questões sobre pedofilia e erotização infantil. O evento, encabeçado pela vereadora Michele Collins (PP), deve contar com a presença do procurador da República, Guilherme Schelb, de juízes, professores, conselheiros tutelares, promotores, psicólogos, entre outros componentes da sociedade civil.

Contrária a abordagem da ideologia de gênero nas escolas, a discussão é baseada na tese defendida pela parlamentar de que “a educação sexual nas escolas é facultativa e cabe à família decidir se os filhos devem ou não ter esse aprendizado”. Para a parlamentar, a educação sexual nas instituições de ensino podem estimular as crianças a não denunciarem possíveis atos de pedofilia e a erotização infantil.

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“Muitas crianças estão sendo submetidas ao ensino e doutrinação da sexualidade mesmo sem ter idade para decidir ou se posicionar sobre temas sérios como este. Diversos materiais, como livros paradidáticos, cartilhas, músicas e filmes, tentam passar para elas que é normal se tocar, conhecer o próprio corpo ainda pequenas. E se um  pedófilo for bulinar uma criança, ela internalizou que aquilo é normal”, pontua.

De acordo com Michele Collins, muitos pais estão denunciando o que ela chama de “doutrinação de sexo nas escolas”. “A família se preocupa também porque ações assim acabam estimulando a gravidez na adolescência. Para auxiliar os pais a defenderem seus direitos, o procurador Guilherme Schelb desenvolveu um modelo de ‘notificação extrajudicial’. Com este documento, escolas e professores serão notificados pelas famílias, que pode processá-los caso eles ensinem a sexualidade aos seus filhos sem que haja consentimento da família”, informou.

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